Entrevista

Novo diretor técnico do Incaper fala sobre plano para fortalecer Ater

Com apenas um mês à frente do Incaper, Antônio Elias, o novo diretor do Incaper, já tem um plano para a gestão da entidade no Espírito Santo

Foto: divulgação Seag

Com apenas um mês à frente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o seu novo diretor técnico, Antônio Elias, já tem um plano traçado para a gestão da entidade que é referência nacional na sua área de atuação.

Em entrevista exclusiva para a “Conexão Safra”, ele, que é formado em Agronomia pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e mestre em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG), pretende potencializar as ações de assistência técnica e extensão rural com investimentos alinhados com a pauta da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag). Um dos projetos é a Ater digital. Confira!

 

Conexão Safra- Qual será o foco da sua gestão no Incaper?

Antônio- O convite que me foi feito é simplesmente para potencializar as ações, levando nossos dois serviços, assistência técnica e extensão rural (Ater), para mais perto do agricultor e reestabelecer o protagonismo que o Incaper sempre teve no setor rural. Não somente potencializando essas ações, como também fortalecendo as parcerias de Atehr (Senar/ES, OCB/ES, técnicos dando assistência técnica, Mapa e iniciativa privada) e com os agricultores a serem beneficiados para ampliar a quantidade de atendimentos e melhorar a sua qualidade. A ideia é colocar o Incaper de novo como grande protagonista do desenvolvimento rural capixaba. E para isto, o Ifes cedeu um profissional de carreira (Antônio é professor do Ifes campus Santa Teresa) para reeditar as décadas de sucesso do Instituto.

 

CS- O senhor acredita que a sua formação acadêmica e a experiência na área vão contribuir para a gestão do Instituto?

Antônio- A formação técnica ajuda muito a compreender e fortalecer articulações com parcerias. Trago essa experiência desde que fui pesquisador técnico do Incaper (1987 a 2016), principalmente no período da fusão Emcapa e Emater (1999). Destaco as parcerias com ex-presidentes do Incaper, como Ênio Bergoli (atual secretário de Estado da Agricultura), Pedro Burnier, Gilmar Dadalto, Evair de Melo, entre outros.

 

CS- O Incaper tem passado por um período conturbado. Muitos extensionistas reclamam que não podem estar próximos dos produtores por falta de veículos ou contenção de combustível. Como o senhor vai trabalhar esse aspecto?

Antônio- Nós vamos cair em campo. Embora dedicado à área administrativa, meu perfil é de campo. A ideia é contactar todos os prefeitos e avaliar os convênios desenvolvidos junto às prefeituras. Alguns convênios não estavam afinados, percebi quando cheguei aqui, outros, estão frágeis. Em alinhamento com a Seag, a proposta é ampliar um pouco nosso custeio para o técnico ter combustível suficiente e material adequado para atuar no campo. Veículo em condições e combustível para cumprir as agendas no campo. Estamos fazendo alinhamentos com a Seag para ampliar esse custeio e conversando com os prefeitos para os convênios serem os melhores possíveis para desenvolver as ações planejadas.

 

CS- Há algum projeto para alavancar os trabalhos com tecnologia no Incaper?

Antônio- Na vertente da extensão rural, vamos trabalhar novos métodos de Ater. Muitas atividades poderão ser feitas a distância a partir do modelo de extensão digital. Nosso objetivo é implantar modelos contemporâneos de extensão rural. Os segmentos agrícolas lidam bem com a questão digital, por exemplo, na identificação de pragas e doenças com fotografia. Não são todas as atividades que se encaixam, mas conseguimos dar resposta ao agricultor com a Ater digital. É uma questão nacional. Nos próximos dias 14, 15 e 16 de março, o assunto estará em discussão em Brasília e estaremos representados.

Paralelamente ao modelo de extensão digital, vamos iniciar um trabalho de fortalecimento das estruturas físicas do Incaper. Isto inclui a recuperação de fazendas experimentais, laboratórios, criando condições melhores para extensionistas, além da construção de escritórios locais e regionais integrando Incaper e Idaf, a exemplo do trabalho iniciado em Guarapari. Trata-se de um projeto do governador Renato Casagrande.

 

CS- E quais são os projetos para alavancar a qualidade do café?

Antônio- Sempre prioridade. Não é nem uma questão de comércio e, sim, de mercado. Os tomadores de café, os que gostam da bebida, estão mais exigentes. Vamos apoiar toda e qualquer atividade e evento que primem pela qualidade de café, seguindo os dez mandamentos da cartilha que divulgamos. Não só aferir preço melhor, mas atender o consumidor exigente. É prioridade do governo e uma das políticas públicas que estamos alinhando junto à Seag. A chegada de cem servidores do concurso público em andamento vai contribuir para esse plano. O Incaper já estudou onde colocar cada profissional para potencializar a qualidade de café nas cadeias produtivas em todas as regiões do Estado.

 

CS- E como o Incaper e o cooperativismo capixaba se relacionam, inclusive nessa questão da qualidade do café?

Antônio- As cooperativas contam com técnicos renomados, daí vamos estreitar as parcerias porque o café estava longe deste tipo de parceria.  Cooabriel, Cafesul e Nater Coop, por exemplo, têm técnicos trabalhando a qualidade de café no interior. O Incaper também tem especialistas nesta área, mas falta aproximação. Por isto, o secretário de Estado da Agricultura recebeu todas as entidades ligadas ao café nos primeiros dias do governo. Será um programa robusto.

 

CS- Nós deixamos espaço aqui para as suas considerações finais.

Antônio- Resumindo, todas as nossas ações são alinhadas com a Seag através das políticas emanadas por ela. A ideia é evitar o distanciamento entre o governo, Seag e Incaper. Fizemos diagnóstico de estruturas físicas e um plano de investimento nas questões de reestruturação do Incaper, colocando mais de perto pesquisa, assistência técnica e extensão rural, porque o público é o mesmo. Tem o concurso público em andamento, lançado antes ainda de eu assumir. O objetivo é a gente poder inovar com métodos contemporâneos de extensão para não somente ampliar o atendimento, mas também qualificar assistência técnica e extensão rural. E sigo esperando urgentemente a nomeação do presidente para a gente cair em campo!

Sobre o autor Leandro Fidelis Formado em Comunicação Social desde 2004, Leandro Fidelis é um jornalista com forte especialização no agronegócio, no cooperativismo e na cobertura aprofundada do interior capixaba. Sua trajetória é marcada pela excelência e reconhecimento, acumulando mais de 25 prêmios de jornalismo, incluindo a conquista inédita do IFAJ Star Prize 2025 para um jornalista agro brasileiro. Com experiência versátil, ele construiu sua carreira atuando em diferentes plataformas, como redações tradicionais, rádio, além de desempenhar funções estratégicas em assessoria de imprensa e projetos de comunicação pública e institucional. Ver mais conteúdos