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Entrevista

Diálogo é a palavra de ordem para enfrentar os desafios do agro capixaba, na visão do vice-governador

por Rosimeri Ronquetti

em 17/01/2023 às 10h54

6 min de leitura

Diálogo é a palavra de ordem para enfrentar os desafios do agro capixaba, na visão do vice-governador

Foto Wademir de Barros Agência Senado

O vice- governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, foi eleito pela primeira vez em 1982 para o cargo de vereador pelo seu município, Cachoeiro de Itapemirim. Também foi deputado estadual por duas vezes, depois deputado federal, senador e vice-governador em 2010 na chapa com Paulo Hartung. Além disso, assumiu como secretário de Estado da Agricultura e de Infraestrutura. 

De volta à vice-governança, Ferraço, que tem um perfil articulador e boa interlocução com empresários, tem a missão de comandar a Secretaria de Estado de Desenvolvimento e ajudará nas áreas de agricultura e meio ambiente. 

 

Conexão Safra: Você será responsável diretamente, segundo o governador Renato Casagrande,  pelas áreas de desenvolvimento econômico, agricultura e meio ambiente. Qual sua visão do agro do Estado?

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Ricardo Ferraço: Minha visão é uma visão de quem tem a compreensão de que o agro capixaba continua sendo uma estratégia fundamental para nossa economia e para os nossos avanços sociais, haja vista a grande importância estratégica que tem para os capixabas a agricultura de base familiar, por tudo que ela representa para a ascensão profissional de centenas de milhares de famílias e de capixabas em nosso Estado. Nossa agricultura de base familiar evoluiu muito, está sofisticada, disputando mercado com cada vez mais competitividade e qualidade em seus produtos, evoluindo, inclusive, na agenda da sustentabilidade, que é uma coisa muito importante. Quando olho para o agro capixaba, olho sempre com muita atenção, com muito carinho para agricultura de base familiar e com o mesmo carinho para nossa agricultura de base empresarial, que é uma agricultura que faz, em combinação com a familiar, um equilíbrio muito importante, o que dá ao nosso Estado um vigor muito grande. Ela está presente na cafeicultura de base empresarial, na fruticultura, no arranjo de florestas plantadas… Então, assim, nossa agricultura está merecendo ser revisitada para que possamos lançar um olhar de modo a refazer o caminho que o Espírito Santo fez no passado quando colocou de pé um planejamento ouvindo, conversando e dialogando com todos os nosso arranjos econômicos, com a fruticultura, a cafeicultura e o arranjo leiteiro. Quero chamar atenção para os desafios do arranjo leiteiro no Espírito Santo. Nós evoluímos muito no desenvolvimento das plantas industriais que processam leite e estamos precisando olhar com bastante atenção para o que está acontecendo na produção de leite do nosso Estado. Precisamos olhar para infraestrutura, para um desafio que temos que é a necessidade de ampliar a capacidade de reserva de água.

Você precisa ter irrigação para produzir continuamente. Então você concilia os conceitos de sustentabilidade e o ambiental e trabalha também no viés de preservação dos nossos ativos de matas naturais, a manutenção da conservação das nascentes. A questão da reserva de água, da ampliação da nossa capacidade de represas, é fundamental em regiões onde temos déficits hídricos. Tem um desafio grande no agro que é fazer uma revisitação nas condições de vida das pessoas que fazem agricultura, na infraestrutura. Então, é com esse viés que a gente acha que deve trabalhar. 

 

CS: O que foi feito quando atuou como secretário de Agricultura que pode ser realizado novamente neste mandato?

Ricardo Ferraço: O mais importante que fizemos no passado foi a forma democrática, o processo, de forma horizontal. Juntar todos os elos de todas as cadeias, conversar, fazer um  diagnóstico, ter compreensão do que está acontecendo no mundo e no Brasil e avaliando nossa realidade local. O processo precisa ser mantido. O planejamento, qualquer que seja ele, não pode ser imposto, não pode ser de cima para baixo. Tem que ser ouvindo quem está na ponta, vivenciando as dificuldades. Daquele período ficou esse ensinamento, aquilo que produziu, com muito trabalho, todos os níveis e sofisticação que ganhou o nosso agro. 

 

CS: Como crescer no agro e ser sustentável?

Ricardo Ferraço: Esses conceitos são, antes de tudo, um ato civilizatório. É preciso ter compreensão de que os recursos naturais são finitos, de fundamental importância para manutenção do processo de produção, para preservação da nossa existência. Não adianta pensar que os recursos naturais disponíveis no nosso planeta são infinitos. Precisamos, a partir do local, ter essa compreensão e esse compromisso com as futuras gerações. Entender que isso também é fundamental para o processo de produção. Este se faz com qualidade de terra, de solo, com disponibilidade de água, com todo esse conjunto. Tem que andar de mão dadas. O agro é o maior aliado da preservação dos recursos naturais porque cada vez mais quem produz, pode produzir isso ou aquilo, mas também pode produzir água, produzir consciência, produzir cultura. Estamos vendo isso crescer cada dia mais à medida que as novas gerações vão assumindo a liderança das propriedades. Então, os conceitos de ESG, juntar governança com ambiental com social, são cada vez mais importantes. 

CS: O que o senhor projeta para os próximos quatro anos do agro no ES?

Ricardo Ferraço: Não sou eu que vou projetar. É o produto desse grande debate que queremos fazer do agro que vai projetar. No passado, uma pessoa só fazia e projetava, isso ficou para trás. Agora, ou você constrói coletivamente, para que as pessoas possam ser sócias dos desafios, ou não vai ter compartilhamento. Então não é o Ricardo que vai fazer, é o processo que vai indicar os caminhos que precisamos percorrer coletivamente.

CS: Como avalia os próximos quatro anos do agro no ES?

Ricardo Ferraço: Avaliando toda trajetória histórica de evolução do agro, o vejo mantendo cada vez mais sua importância econômica e social no nosso Estado. Vejo o nosso agro caminhando em uma direção de ser competitivo, de produzir cada vez mais alimentos saudáveis em acordo com os conceitos de produção e sustentabilidade. Porque essa união de valores ela não é competitiva, ela se complementa, sobretudo em um Estado como o nosso que, comparado com outros, não é territorialmente grande.

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