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Cooperativismo

Em Muniz Freire, tilápia é criada em clima mais desafiador do Brasil

por Leandro Fidelis

em 13/11/2023 às 0h18

4 min de leitura

Em Muniz Freire, tilápia é criada em clima mais desafiador do Brasil

*Fotos: Leandro Fidelis/(*Imagens com direito autoral. Proibida reprodução sem autorização)

Com o apoio do “Mais Peixe” e a presença materializada da Cooperativa dos Empreendedores Rurais de Domingos Martins (Coopram) em Muniz Freire, muitos produtores rurais estão colhendo os frutos de dedicadas horas de trabalho, trazendo diversificação de renda para as propriedades e contribuindo para o crescimento da piscicultura local.

Na localidade de Alto Norte, próximo à BR-262 e à filetadora da cooperativa, o casal Sidenir Souza e Lucimar Araújo empreende em um cenário desafiador. A temperatura na propriedade já chegou a registrar 2°C no inverno (o local sempre mede a temperatura mínima do município durante a estação). No entanto, com a introdução de tilápias com genética adequada e o suporte da Coopram, eles têm feito história na criação de peixes em condições climáticas únicas. A Coopram garante a compra de toda a produção, proporcionando segurança financeira aos produtores e eliminando a necessidade de vendas individuais.

Em uma região onde a temperatura mínima no verão é de 12 graus, o casal se dedica, a 1.152 metros de altitude, a uma das criações de tilápia mais altas do Brasil. Sidenir diz estar acostumado com o clima porque morou na França por dois anos e meio em uma cidade que só via o sol quatro meses por ano.

O casal recebeu 12 tanques-rede e 6.000 alevinos através do programa “Mais Peixe”. A propriedade utiliza 1,5 hectare de lâmina d’água para piscicultura, onde a meta é chegar a 12 mil quilos de tilápia por ano. O açude foi povoado em fevereiro e, em setembro, ocorreu a primeira despesca tendo como destino a cooperativa.

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O produtor enfatiza a importância do cooperativismo na agilização do processo de vendas e na garantia de renda estável para os produtores. “O cooperativismo é tudo, porque se eu produzisse 10 mil quilos de peixe e tivesse que vender de quilo em quilo demoraria muito. Daí a cooperativa já leva tudo e ainda tem a ração para vender para a gente”, afirma.

Diversificação

Na Fazenda Guararema, no Córrego Guarani, distrito de Piaçu, o cafeicultor Gilcimar Lopes, mais conhecido como “Panela” (na foto acima), investiu em um tanque-escavado com sistema de aeração para criar tilápias. Com 25 mil alevinos provenientes de Alfenas (MG) e adquiridos via “Mais Peixe”, ele planeja expandir a área de cultivo com mais dois açudes e chegar a 100 mil alevinos neste ano.

A propriedade fica localizada próximo à rodovia ES-181 e a 16 km da sede de Muniz Freire, onde 5% dos 5 alqueires são dedicados à piscicultura. Panela destaca o valor da cooperativa ao facilitar a comercialização e proporcionar um ambiente favorável aos pequenos produtores.

“A chegada da Coopram é um grande feito e pretendo produzir bastante. Só com um tanque com 25 mil peixes calculo uma margem de lucro de R$ 10 mil por mês. É uma renda extra que não atrapalha em nada a rotina da fazenda. Com mais gente na atividade e se associando à cooperativa, teremos condições de adquirir alevinos e ração a preços melhores”, declara.

Leandro Pinheiro (na foto abaixo), piscicultor e médico veterinário, está envolvido na produção de tilápias na propriedade do cunhado, Paulo Eduardo Frinhani, com quem mantém sociedade nos negócios, na Fazenda Benfica, a apenas 2 km do centro de Muniz Freire. Eles aderiram ao programa “Mais Peixe” em 2019 e viram a produção prosperar.

A propriedade, a 600m de altitude, é um exemplo de sustentabilidade e bem-estar animal. Com sistemas de tanque-rede e escavado em quase 1 hectare de lâmina d’água, Leandro e Paulo Eduardo priorizam a qualidade do produto e a segurança alimentar desde o alevino até o abate. Só para se ter ideia, a água do açude passa por decantação antes de voltar ao leito do rio.

Com o ingresso no “Mais Peixe”, a dupla ampliou ainda mais a produção com assistência técnica, estrutura de tanques-rede, retroescavadeira mais de uma semana no preparo do terreno, o que segundo ele, sem participar do programa ficaria “muito caro”.

A primeira despesca para a Coopram ocorreu em julho no poço escavado e rendeu pouco mais de 6 toneladas de tilápia, enquanto a segunda, em agosto, passou de 7t do pescado. Segundo o piscicultor, na propriedade é possível realizar um ciclo e meio por ano, com 15t por ciclo e fechar entre 22 e 25 t por ano.

Para Leandro, a Coopram trouxe segurança e estabilidade à comercialização do peixe, permitindo aos produtores se concentrarem na produção de peixes saudáveis e de alta qualidade. “A cooperativa dá mais segurança por conta da compra garantida do peixe. Desde o início, sempre buscamos atuar dentro das normas de boas práticas, com total segurança, para chegar ao consumidor um produto com qualidade e garantir a segurança alimentar na merenda escolar”.

*LEIA A REPORTAGEM COMPLETA NA EDIÇÃO 56!

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