Relatório

Produção de café em Brejetuba continua viável, mas tem lucro modesto

É o que revela relatório sobre os custos de produção de café no município maior produtor de arábica do Espírito Santo

Tristão: "o que salva o agricultor neste momento é a mão de obra familiar”. (*Foto: Divulgação Incaper)

O relatório “Campo Futuro Café” oferece uma visão detalhada dos custos de produção do café em Brejetuba, na região Serrana do Espírito Santo. O levantamento foi conduzido em 28 de agosto como parte do Projeto Campo Futuro, iniciativa conjunta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Centro de Inteligência em Mercados (CIM) da Universidade Federal de Lavras (Ufla).

A análise econômica revela que o Custo Operacional Efetivo (COE) da cafeicultura em Brejetuba é de R$ 549,82 por saca. Este custo é composto por diversos elementos, com os insumos representando 22,98% do COE, incluindo 19,21% relacionados a fertilizantes. Os custos com mão de obra na condução da lavoura correspondem a aproximadamente 11,5% do COE, e a colheita manual representa 53,51%. Outros itens de custos incluem despesas gerais, manutenção de máquinas, benfeitorias e juros de custeio.

O Custo Operacional Total (COT), que considera o COE, depreciações e pró-labore, foi de R$ 686,44 por saca. Além disso, o Custo Total (CT), que inclui o custo de oportunidade do uso da terra e a remuneração dos bens de capital, foi de R$ 767,41 por saca.

Em relação à receita, a média de preço de venda da saca de café no município foi de R$ 778,35. Isso resulta em uma Margem Bruta positiva de R$ 228,53 por saca, uma Margem Líquida de R$ 91,91 por saca e um lucro de R$ 10,94 por saca.

As cotações do café arábica vêm registrando baixas no mercado brasileiro, de acordo com dados do Cepea. A média da parcial de setembro, de R$ 815/saca de 60 kg, é a menor desde abril de 2021, em termos reais. Apesar da baixa bienalidade, houve uma recuperação da colheita de arábica, fator que influenciou na queda das cotações.

Em comparação com o ano anterior, houve uma redução na produtividade média de café em Brejetuba, devido a fatores climáticos. Isso impactou diretamente nos custos de produção, resultando em uma diminuição significativa do COE em relação ao ano anterior.

Considerando o cenário atual, o gerente de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) do Incaper, Fabiano Tristão, colaborador do relatório “Campo Futuro Café”, analisa que a lucratividade em Brejetuba está baixa. “O que salva o agricultor neste momento é a mão de obra familiar”, diz.

*Foto: Leandro Fidelis/Arquivo Conexão Safra 2021

Líder

O sistema de produção predominante em Brejetuba, líder no ranking da produção de café arábica no Estado (11,57%), segundo o Anuário do Agronegócio Capixaba– ano base 2021- é caracterizado como não irrigado, com manejo manual da cultura. As cultivares Catucaí 785/15 e Catuaí comum prevalecem. A área produtiva média é de 10 hectares, com uma produtividade de aproximadamente 35 sacas por hectare e um espaçamento de 2,5 x 0,9 metros.

O financiamento da produção é uma parte significativa dos recursos necessários, com cerca de 31,77% dos desembolsos provenientes do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A comercialização, por sua vez, é realizada principalmente por intermediários.

Sobre o autor Leandro Fidelis Formado em Comunicação Social desde 2004, Leandro Fidelis é um jornalista com forte especialização no agronegócio, no cooperativismo e na cobertura aprofundada do interior capixaba. Sua trajetória é marcada pela excelência e reconhecimento, acumulando mais de 25 prêmios de jornalismo, incluindo a conquista inédita do IFAJ Star Prize 2025 para um jornalista agro brasileiro. Com experiência versátil, ele construiu sua carreira atuando em diferentes plataformas, como redações tradicionais, rádio, além de desempenhar funções estratégicas em assessoria de imprensa e projetos de comunicação pública e institucional. Ver mais conteúdos