pube
Biodiversidade

Espírito Santo registra espécie rara de barbeiro potencial transmissor da Doença de Chagas

por Assessoria de Comunicação do Incaper

em 07/07/2021 às 13h14

5 min de leitura

Espírito Santo registra espécie rara de barbeiro potencial transmissor da Doença de Chagas

Uma espécie rara de barbeiro, potencial transmissor da Doença de Chagas, foi encontrada no município de Aracruz, no litoral norte capixaba. A novidade é fruto de um projeto de pesquisa sobre a biodiversidade de insetos no Estado, desenvolvido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) há mais de 20 anos.

Segundo o pesquisador voluntário do Instituto e coordenador do projeto, o entomologista David Martins, o barbeiro é da subfamília Triatominae, da família Reduviidae e Hemiptera. Ele contou que, atualmente, existem 156 espécies desse inseto no mundo e dessas, ocorrem 66 no Brasil, sendo oito espécies no Espírito Santo e mais essa, a 9º espécie identificada recentemente no Estado.

De acordo com o pesquisador, todas as espécies de percevejos, incluídas nessa subfamília, são hematófagas, ou seja, sugadoras de sangue e vetores comprovados ou potenciais da Doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, um dos principais problemas de saúde pública na América Latina.

pube

No mês de junho, o artigo intitulado "First report of Microtriatoma borbai Lent & Wygodzinsky, 1979 (Hemiptera, Reduviidae, Triatominae) in the state of Espírito Santo, Brazil: would M. borbai be living in eucalyptus crops?”, publicado na conceituada Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e divulgado na Biblioteca Rui Tendinha do Incaper, relata a nova descoberta.  

Segundo David Martins, a espécie rara de barbeiro foi coletada no Espírito Santo, no município de Aracruz, ainda em 1997, porém encontrava-se sem identificação na coleção de insetos da época. Foi por meio do projeto desenvolvido pelo Incaper que esse triatomíneo enfim foi localizado e identificado no Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.

Ainda de acordo com Martins, todos esses anos de estudos também constataram espécies novas de insetos até então desconhecidas para a ciência e que foram descritas. São novos registros de espécies para o Estado, com a catalogação de mais de seis mil espécies, já com registros de ocorrência no Estado.

“É um número ainda muito pequeno e que deve aumentar significativamente, assim que mais estudos forem desenvolvidos. O Espírito Santo, devido a sua heterogeneidade de ambientes e vegetações de Mata Atlântica e suas condições edafoclimáticas, tem uma diversidade de insetos muito grande”, destacou.

“Em breve vamos gerar um catálogo com as informações das espécies já registradas da entomofauna do Estado, com as suas respectivas distribuições geográficas, que hoje encontram-se dispersas em diversas publicações nacionais e internacionais, para torná-las disponíveis e de fácil acesso aos segmentos da pesquisa, extensão, ensino, defesa agropecuária, entre outros”, disse o pesquisador.

Espécime de Microtriatoma borbai Lent & Wygodzinsky, coletado em Aracruz, no Espírito Santo. (*Divulgação Incaper)

Barbeiros: espécies coletadas há mais de 20 anos

As oito espécies de Triatominae relatadas no Estado do Espírito Santo, até o momento, são: Cavernicola pilosa Barber, Panstrongylus diasi Pinto & Lent, Panstrongylus geniculatus (Latreille), Panstrongylus megistus (Burmeister), Rhodnius domesticus Neiva & Pinto, Triatoma infestans (Klug), Triatoma tibiamaculata (Pinto) e Triatoma vitticeps (Stal). Dessas, as espécies Panstrongylus geniculatus e Triatoma vitticeps são as que se encontram mais dispersas no Estado e as espécies Triatoma infestans e Panstrongylus megistus estão entre as setes espécies vetores mais importantes na transmissão da Doenças de Chagas no Brasil.

Poucos exemplares dessa espécie até então só tinham sido encontrados apenas em alguns Estados brasileiros: Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo entomologista David Martins, considerando a importância da preservação do espécime em acervo científico público, o espécime foi depositado na Coleção de Triatomíneos do Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos, do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

Clique aqui e receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro do que acontece no agronegócio!

Artigos relacionados