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Felipe Masid

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O que são Arranjos Produtivos Locais – APLs?

Utilizados como política pública, impulsionam a economia dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro.

por Felipe Masid

em 15/06/2024 às 5h00

6 min de leitura

O que são Arranjos Produtivos Locais – APLs?

Foto: Destilaria da Cachaça Werneck

Os Arranjos Produtivos Locais (APLs) são uma importante estratégia de desenvolvimento econômico que vem ganhando destaque em diversos Estados brasileiros, incluindo o Rio de Janeiro. Esses arranjos são concentrações de empresas, geralmente de pequeno e médio porte, que atuam em um mesmo setor ou cadeia produtiva, localizadas em uma mesma região. No contexto fluminense, os APLs têm se mostrado particularmente eficazes no fortalecimento do agronegócio, envolvendo agroindústrias, turismo rural, poder público e a organização da sociedade civil, promovendo benefícios significativos para a economia dos municípios e comerciantes locais.

Tecnicamente, de acordo com Cassiolato e Lastres (2003), nos APLs há vários atores que se destacam, entre os quais: i) atores econômicos (clientes, parceiros e competidores; fornecedores de insumos, componentes, ou equipamentos; fornecedores de serviços técnicos); ii) atores do conhecimento (consultores, universidades e institutos de pesquisa); iii) atores de regulação (órgão gestor do APL, governos em seus vários níveis); e iv) atores sociais (sindicatos, associações empresariais, organizações de suporte e organizações do chamado terceiro setor, entre outros). A formação de arranjos e sistemas produtivos locais encontra-se geralmente associada à trajetória histórica de construção de identidades e de formação de vínculos territoriais (regionais e locais), a partir de uma base social, cultural, política e econômica comum.

 

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Na esteira desse movimento como política pública, para que haja o crescimento e o desenvolvimento desses arranjos produtivos, é necessário existir uma sinergia do conhecimento, da regulação nas relações criadas pelos atores econômicos e sociais, amparados por sistemas institucionais voltados aos interesses e às necessidades das atividades desenvolvidas na região. Aqui podemos destacar a importância do poder público apoiando essa articulação entre as empresas e agroindústrias e destas com o ambiente no qual estão inseridas, por meio de estruturas de apoio, eventos, coordenação com os grupos de estudo nas Universidades e Institutos.

Em nosso Estado percebemos vários movimentos de iniciativa do poder público municipal integrado com o estadual, normalmente multidisciplinar através das Secretarias de Turismo, Cultura e Agricultura. Como exemplo prático deste tema, trago as ações da região do Vale do Café, cujo engajamento da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, juntamento com a Secretaria Estadual de Turismo, produziu as Rotas da Cachaça, do Queijo e do Café, que se complementam e se autofomentam. A região do Vale do Café contempla os municípios de Vassouras, Rio das Flores, Valença e seu distrito Conservatória, Miguel Pereira, Paty de Alferes, Paraíba do Sul, Três Rios, Volta Redonda, Barra do Piraí e seu distrito Ipiabas.

Para exemplificar melhor o papel da iniciativa privada e do poder público no sucesso dos APLs, como “case” trago a “Rota da Cachaça” da região do Vale do Café, ressaltando a importância desta bebida originalmente brasileira, sendo a terceira bebida destilada mais vendida no mundo, como já falamos aqui em uma edição especial sobre cachaças. Para me guiar neste tour pela “Rota da Cachaça”, contei com as dicas do meu amigo e entrevistado Diego Marques (@diegandoembares), representante no Rio de Janeiro, do Bliss Hotel (@blisshotelvassouras) e das Cachaçarias Werneck (@cachacawerneck) e Karam (@cervejariakaram). Diego comenta com entusiasmo que o Bliss Hotel, criador da Rota da Cachaça, possui o maior acervo e a melhor Butique de Cachaças da região, tendo um papel fundamental pela sua posição estratégica em Vassouras, com suas instalações de elevado nível e bom gosto, em um prédio de arquitetura horizontal contemporânea, que se estende de forma linear e se desdobra em espaços flexíveis luminosos e ventilados. O Hotel oferece pacotes de preços bastante acessíveis, que contemplam hospedagem,  e experiência de visitação em três alambiques com guia e transporte. O hóspede pode escolher entre as Cachaçarias da região que abrem suas portas e mostram seus alambiques com o melhor de sua produção, sendo elas a Cachaçaria Werneck (@cachacawerneck), a mais premiada da região, as Cachaçarias, Karam (@cervejariakaram), Magnífica (@magnificadefaria), Pindorama (@drinkpindorama), Santa Rosa (@cachacasantarosa), Carvalheira (cachacauniaocarvalheira), Vilarejo e Ribeirão.

Além da Rota da Cachaça do Vale do Café, o hóspede pode contar com passeios nos museus e fazendas históricas da região, tornando o fim de semana inesquecível para toda a família.

Destilaria da Cachaça Werneck. Foto: Divulgação

Felipe Masid e Diego Marques. Foto: Divulgação

Felipe Masid e Eli Werneck. Foto: Divulgação

 

Em algumas linhas neste artigo sobre Arranjo Produtivo Local, percebe-se que no Rio de Janeiro, essa iniciativa nasce no agronegócio, conectando produtores, cooperativas, agroindústrias, universidades e órgãos públicos em uma teia de colaboração. Nessa diversidade também ganham os restaurantes, bares, hotéis, profissionais do turismo, empresas de transporte, lojas e o comércio local, de uma forma geral. Para um Estado onde a maioria dos produtos são cultivados pela agricultura familiar, com agroindústrias de pequeno e médio porte também de origem familiar, todos percebem os benefícios. Para os municípios participantes, os APLs representam um impulso significativo com a geração de emprego e renda, a diversificação da matriz econômica e o fortalecimento da identidade territorial, conquistas que elevam a qualidade de vida da população.

O futuro do agronegócio fluminense com os APLs  são fortalecidos com a busca por práticas cada vez mais sustentáveis, a expansão da infraestrutura logística e a capacitação profissional dos envolvidos, construindo um futuro promissor para o interior, onde a prosperidade e a sustentabilidade caminham lado a lado.

Por:

Felipe Marinho Masid, Especialista em Gestão de Agronegócios pela UFRRJ
Administrador de Empresas, Gestor de Projetos, Gestor Público – Diretor Geral de Administração e Finanças da SEPLAG. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão.

 

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