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Felipe Masid

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Cachaças do Rio de Janeiro, as melhores do Brasil!

por Felipe Masid

em 27/12/2023 às 16h43

6 min de leitura

Cachaças do Rio de Janeiro, as melhores do Brasil!

A cachaça surgiu em engenhos do litoral brasileiro a partir da primeira década dos anos 1.500, sendo um produto histórico e cultural do Brasil, protegida pelo Decreto n° 4.062 de 21 de dezembro de 2001, que define a Indicação Geográfica – IG, o termo legal que protege a cachaça e assegura que só pode ser produzida em território brasileiro. Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 48% em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de açúcar, com características sensoriais peculiares, podendo ter de zero até seis gramas de açúcar, conforme a Instrução Normativa nº 13 de 20 de junho de 2005.

De acordo com a Apacerj  e o Sindrio, o Rio de Janeiro é o 3° Estado em número de marcas de cachaça registradas no Ministério da Agricultura e possui mais de 60 destilarias, distribuídas do norte ao sul do Estado, predominantemente em áreas rurais, contribuindo para o desenvolvimento e fixação do homem no campo, além da manutenção da cultura da produção de cachaça.

Após a cachaça ter sido estabelecida por lei como Identidade Geográfica do Brasil, Paraty tornou-se o primeiro município a requerer e receber a IG local. Para conseguir o registro de Identidade Geográfica no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, faz-se necessário a combinação de diversos fatores:

  1. Clima e solo: as características do solo e o clima da região influenciam diretamente as características dos canaviais e, consequentemente, o sabor da cachaça produzida.
  2. Tradição e conhecimento local: a produção de cachaça em Paraty tem uma longa história, passando de geração em geração. Isso contribui para a preservação de métodos tradicionais e o desenvolvimento de técnicas específicas.
  3. Variedades de cana-de-açúcar: a utilização de variedades específicas de cana-de-açúcar encontradas na região também contribui para o sabor único das cachaças do município.
  4. Métodos de produção tradicionais: a maneira local como a cachaça é produzida, desde a colheita da cana até o processo de destilação e envelhecimento, é fundamental para sua identidade.
  5. Associação com a história local: a cachaça de Paraty está intimamente ligada à história da cidade e da região, sendo parte integrante das tradições culturais. Além da cachaça, a IG de Paraty pode abranger produtos relacionados, como licores e outros derivados da cana-de-açúcar, desde que sigam as mesmas diretrizes de produção e estejam enquadrados nos critérios de qualidade e autenticidade da região.

Em resumo, a Identificação Geográfica das cachaças de Paraty no Rio de Janeiro é uma garantia de autenticidade, tradição e qualidade associada a um produto que tem raízes profundas na cultura e na história da região. É uma forma de proteger e promover essa tradição, bem como valorizar o trabalho dos produtores locais.

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O Estado do Rio de Janeiro possui diversos municípios com tradição na produção de cachaça. Embora Paraty seja um dos mais conhecidos, outros municípios também têm destilarias e produzem cachaça de altíssima qualidade, como Angra dos Reis, Vassouras, Rio das Flores, Valença, Paty do Alferes, Barra do Piraí e Campos dos Goytacazes. É importante ressaltar que a produção de cachaça no Estado não se limita a esses municípios. Cada região possui particularidades em termos de métodos de produção, sabores e estilos de cachaça, com rica cultura de produção artesanal, onde algumas delas são conhecidas internacionalmente.

Para demonstrar a força da cachaça de outras regiões, cito como um case de sucesso, a Destilaria Werneck, situada em Rio das Flores, já reconhecida no mercado das bebidas por seus produtos de alta qualidade, orgânicos e premiados nacional e internacionalmente, é uma grande exportadora de sua linha de Cachaças Especiais. Recentemente lançou uma Cachaça Extra Premium denominada “Werneck Âmbar”, uma edição especial de lote limitado com apenas 880 garrafas numeradas, com 10 anos de envelhecimento em barris de carvalho francês e americano, que apresenta junto com suas garrafas um Certificado de Propriedade assinado pelo Mestre Alambiqueiro responsável pela produção deste “Nectar dos Deuses”. Por conta dos 10 anos de envelhecimento em barris de carvalho a Werneck Âmbar apresenta uma composição aromática bastante intensa e com elevada complexidade sensorial, atestado no laudo de avaliação sensorial profissional emitido pela Inovbev.

Outro case de sucesso é a Cachaça Tellura, produzida em Campos dos Goytacazes, na Fazenda Abadia. Possuidora de prêmios internacionais conquistados no Concurso Mundial de Bruxelas, San Francisco Spirits, iTQi e Expocachaça, a Cachaça Tellura apresenta-se com alta qualidade desde a forma mais comum, armazenada em aço inox, até uma variedade de sabores conferidos pelo processo de envelhecimento em barris de diferentes madeiras como o carvalho, a amburana, o jequitibá, e através de “blends” especiais, armazenados por, no mínimo, dois anos. A preocupação com a qualidade vem desde a colheita até a moagem, realizada no mesmo dia, garantindo importante posição no mercado desde a sua fundação em 2015, possuindo quatro alambiques de cobre com capacidade de produção de 600 mil litros por ano.

As cachaças do Rio de Janeiro se destacam nas exportações, fazendo-se presentes em mercados exigentes como Estados Unidos, Inglaterra, França e Japão,  mantendo-se, por mais de uma década, em 2º lugar em valores de exportação. Em 2017, marcas de cachaça fluminenses exportaram U$ 2,01 milhões, o que correspondeu a 12,7% do total das exportações brasileiras de cachaça. Em termos de volume de exportação, o Brasil exporta cerca de 1% da sua produção, e o Estado do Rio de Janeiro exporta cerca de 10% por cento da cachaça que produz.

Em concursos e rankings, as cachaças do Rio têm obtido projeção de relevo, somando mais de uma centena de medalhas nas mais importantes premiações de destilados, nacionais e internacionais, garantindo a notoriedade entre especialistas e apreciadores cada vez mais exigentes, verdadeiros entusiastas da cachaça artesanal fluminense como experiência sensorial.

Felipe Marinho Masid, Especialista em Gestão de Agronegócios pela UFRRJ
Administrador de Empresas, Gestor de Projetos, Gestor Público – Diretor Geral de Administração e Finanças da SEPLAG. Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão.

 

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