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O Cafeicultor do Ano no caminho da sustentabilidade

Depois de duas vitórias consecutivas na SIC, Luiz Claudio de Souza, de Muqui, fechou 2020 com cinco novos títulos e aguarda sonhada certificação orgânica

por Leandro Fidelis

em 18/04/2024 às 0h04

7 min de leitura

O Cafeicultor do Ano no caminho da sustentabilidade

*Fotos: Wander Polati/Safra ES

Matéria publicada originalmente 25/01/2021

Desde o reconhecimento da qualidade do conilon, o nome de Luiz Claudio de Souza, de Muqui, na região sul do Espírito Santo, passou a figurar como exemplo de produção de excelência da espécie no Espírito Santo e no Brasil. O cafeicultor venceu por dois anos consecutivos (2018 e 2019) o “Coffee of the Year ” (Melhor Café do Ano), na Semana Internacional do Café (SIC), e fechou2020 com cinco novos títulos dentre estaduais (2) e nacionais (3). Sem sombra de dúvida, o capixaba Luiz Claudio foi o “Cafeicultor do Ano ”.

O último trimestre de 2020 foi uma avalanche de conquistas para o proprietário do Sítio Grãos de Ouro e sócio-fundador da Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul). Em outubro, ele venceu o 6º Torneio do Melhor Café Fairtrade do Brasil &ndash, “Taza Dorada Brasil, na categoria para microlotes de conilon.

Realizado pela Coordenadora Latino-Americana e do Caribe de Pequenos Produtores e Trabalhadores do Comércio Justo (Clac), em parceria com a Associação das Organizações de Produtores Fairtrade do Brasil (BRFair), o torneio contou com o apoio das organizações BSCA, Minasul e ITC. O objetivo principal é contribuir para a promoção dos cafés de Comércio Justo Fairtrade nos níveis nacional e internacional, incentivando a abertura de mercados para o produto (Café Fairtrade) e favorecendo a agregação de valor e distribuição de renda por meio da produção e comercialização de cafés de qualidade, oriundos de processos sustentáveis de produção.

Em novembro não teve para ninguém. Mais uma vez Luiz Claudio de Souza ficou entre os cinco melhores cafés conilon do país com o vice-campeonato na SIC 2020. Trinta amostras de todo o país disputaram a final. Outros dois capixabas subiram ao pódio, mas este ano quem ganhou foi uma amostra da Bahia.

O mês foi de vitória também no 16º Concurso Nacional Abic de Qualidade do Café- Origens do Brasil (Safra 2019), promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café. Luiz Claudio venceu com 7,7 pontos, maior nota atingida na origem “Conilon Capixaba ”. Na ocasião, 15 origens brasileiras foram premiadas.

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E dezembro confirmou 2020 como o ano do cafeicultor muquiense. Luiz Claudio faturou dois primeiros lugares do Prêmio Cafés Especiais do Espírito Santo: na categoria Conilon Qualidade, com café de pontuação 86,54, e na categoria Conilon Sustentabilidade, com 93,06 pontos. O total da premiação em dinheiro foi de R$ 30 mil na edição do concurso promovido pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e Secretaria da Agricultura (Seag). O objetivo é reconhecer e premiar a produção de cafés especiais produzidos de forma sustentável no Espírito Santo.

Luiz Claudio entre os filhos Tassio e Talles: o café se tornou uma paixão para o trio.

Tradição, tecnologia e cooperativismo andam lado a lado

E qual é o segredo desse sucesso? A cafeicultura baseada no tripé tradição x tecnologia x cooperativismo é o diferencial da produção de conilon especial no Sítio Grãos de Ouro. Nas palavras do campeão, é um trabalho movido a “amor e paixão, aliado à dedicação, perseverança, observação ” com um objetivo: produzir café de qualidade superior para promover o café conilon e conquistar novos consumidores.

A tradição na cafeicultura vem de gerações na família Souza. “Nós gostamos do café, se tornou uma paixão ”, diz Luiz Claudio. Com o apoio dos filhos, Talles (gerente Operacional e degustador da Cafesul) e Tassio (extensionista do escritório do Incaper em Muqui), a propriedade, na localidade de Morgado e com acesso pela rodovia ES-289, se abriu às novas tecnologias.

“A tradição associada às novas tecnologias disponíveis pelos órgãos de pesquisa, principalmente o Incaper, vem contribuindo muito para a evolução da produção, principalmente da qualidade ”, afirma o cafeicultor.

Segundo Luiz Claudio, os dois filhos também são apaixonados por café, o que faz grande diferença. “Eles gostam do que fazem e estão aprimorando os conhecimentos acadêmicos, se especializando em qualidade de café. Com isso, acabam contribuindo com toda a região ”, diz.

Apesar de a tradição sustentar os negócios da família, o “Cafeicultor do Ano ” garante não ter criado resistência para novidades. “Nunca resisti às novas tecnologias, pois acredito no novo. Existe a pesquisa a nosso favor. E se quisermos evolução, temos que colocá-la em prática. É por isto que nosso café está sendo cada vez mais procurado e valorizado ”, ressalta Luiz Claudio de Souza.

 

Para o filho do meio, Talles, a propriedade da família é um laboratório a céu aberto.

“Nós conseguimos colocar em prática nosso conhecimento. Nosso pai sempre permitiu e acreditou nas práticas de produção e pós-colheita que levamos para o sítio. O segredo da vitória é acreditar na pesquisa, colocá-la em prática e fazer tudo com amor e carinho ”, diz o degustador.

O irmão caçula, Tassio, contribui por meio das avaliações sensoriais que permitem encontrar lotes superiores e moldar o sistema de trabalho para melhorar os perfis dos cafés, pontos de colheita, manejo de secagem e implantação de variedades melhoradas.

“Foram as inserções feitas na propriedade que proporcionaram evoluir aspectos sensoriais dos lotes. A resistência inicial foi a dúvida se era ou não possível obter cafés superiores. À medida que inserimos técnicas e os resultados foram aparecendo na xícara, veio a confiança e a quebra da resistência. Mas partiu do papai o interesse em fazer café especial ”, diz o extensionista do Incaper.

Ainda na avaliação de Tassio, a tradição traz a persistência e a determinação na cafeicultura, enquanto a tecnologia aplicada facilita obter os resultados almejados. “A colheita, o pós-colheita e a secagem nos possibilitam alcançar incríveis sabores e aromas. São fatores que, juntamente com as variedades melhoradas, são determinantes para a construção de um café especial ”.

A família credita à Cafesul a abertura de mercados para os cafés especiais do Sítio Grãos de Ouro. “A cooperativa é um importante canal de comercialização, pois garante excelentes preços, traduzidos em ganhos econômicos e satisfação para toda a família ”, declara o patriarca.

“O cooperativismo contribui para os pequenos produtores terem acesso a todas as inovações tecnológicas, tanto de mercado quanto na orientação técnica para a produção ”, sustenta Talles. Tassio completa: “O cooperativismo abre portas para acessar mercados que valorizam este trabalho e que agregam valor aos cafés com aromas e sabores especiais ”, diz.

Luiz Claudio com o neto Pedro Souza (filho do Tassio) e a mulher, Neusa Maria da Silva de Souza.

 

Comércio de café 100% orgânico a partir de 2022

Além de continuar o trabalho de qualidade superior, o trio vai converter toda a produção de conilon para orgânico neste ano. Os processos começaram em 2018 com suporte do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-ES) e da Cafesul. A expectativa é a conquista da certificação IBD, a maior para orgânicos da América Latina, em 2021, para comercializar a produção como 100% orgânica a partir do próximo ano.

De acordo com Luiz Claudio de Souza, mais uma vez a Cafesul mostra sua import&acirc,ncia ao firmar parceria com o Senar para prestar consultoria em cafeicultura orgânica aos produtores. O selo do IBD vem confirmar a primazia da família com a sustentabilidade, quesito já reconhecido com a vitória na categoria específica do Prêmio Cafés Especiais do Espírito Santo e no Torneio Fairtrade.

A transformação do sistema de produção atual em orgânico, afirma Tassio, vem por conta da busca por qualidade de vida da família. “Existe uma grande procura por cafés conilon orgânicos no mercado externo e isso motiva as adequações, sempre fazendo um link entre sistema de produção e qualidade da bebida. Nossa meta é alcançar a certificação orgânica para acessar esses mercados, para que o conilon possa romper fronteiras, carregando aromas e sabores da nossa terra”.

 

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