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Nesta quarta-feira (6), entraram em vigor as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre 35,9% das exportações brasileiras destinadas ao mercado norte-americano. A medida, assinada na semana passada pelo presidente Donald Trump, afeta diretamente 4% do total das exportações do Brasil, gerando preocupação em setores-chave da economia nacional.
Entre os produtos atingidos pela sobretaxa estão café, gengibre, pimenta-do-reino, mamão e pescado, itens de grande relevância para o agronegócio capixaba, além de outras frutas e carnes, que fazem parte do portfólio de exportação nacional.
Por outro lado, cerca de 700 produtos brasileiros foram isentos da nova tarifa. Entre os itens que escaparam do “tarifaço” estão suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves civis (incluindo motores, peças e componentes), polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos.
Café: busca por alternativas
O café, carro-chefe do agronegócio capixaba, está entre os mais afetados, especialmente o café solúvel, cuja matéria-prima é o conilon, principal atividade agrícola do estado. Cerca de 40% das exportações de café solúvel têm os EUA como destino, mercado que consome um terço do café brasileiro e é o maior consumidor mundial. “O tarifaço não é só um problema nosso, é deles também, já que 2,2 milhões de empregos nos EUA dependem do café brasileiro”, destaca Enio Bergoli, secretário de Agricultura do Espírito Santo.
As empresas, tradicionais e consolidadas, confiam na capacidade de adaptação, promovendo negociações diretas com parceiros norte-americanos para dividir os custos da tarifa. A longo prazo, o setor planeja sentar à mesa para negociar, cadeia por cadeia. Redirecionar o café para outros mercados é desafiador, devido ao terroir único e aos blends específicos demandados pelas indústrias americanas, mas a solidez das relações comerciais históricas alimenta esperanças de equilíbrio.
Pesca: setor parado
O setor pesqueiro capixaba enfrenta uma situação crítica, com 98% das exportações de atum, meca e outros peixes oceânicos destinadas aos EUA. Sem alternativas viáveis, já que a Europa está bloqueada por questões sanitárias e a Ásia é pouco competitiva, a pesca oceânica está praticamente paralisada. As embarcações, que custam entre R$ 120 mil e R$ 140 mil por saída de 15 a 20 dias, não estão saindo para pescar. A única esperança é a abertura do mercado inglês, que, após o Brexit, poderia absorver parte da produção. O setor pressiona o governo brasileiro para articular essa possibilidade.
Pimenta-do-reino: investimentos em xeque
A pimenta-do-reino, com 25% das exportações capixabas redirecionadas aos EUA via Vietnã e Índia, sofre com a tarifa de 50% aplicada à origem brasileira. Oficialmente, apenas 1% vai diretamente aos EUA, mas o impacto indireto é significativo. Recentemente, o setor investiu em esterilizadores, como o já operacional em Linhares, para retomar exportações diretas, superando problemas com salmonella. A tarifa, porém, frustra esses planos. Como alternativa, produtores propõem reduzir a tarifa de 30% para a China, equiparando-a à do Vietnã, para ganhar competitividade.
Gengibre: agricultura familiar em risco
O gengibre, essencial para a agricultura familiar capixaba, exportou 58% de sua produção para os EUA no primeiro semestre, caindo para 33-34% no ano. A China, maior produtora mundial, não é uma alternativa viável. “Sem acesso a novos mercados, corremos o risco de inviabilizar esse cultivo”, alerta Bergoli. O setor confia em negociações diplomáticas para reduzir o impacto, mas, enquanto isso, ajusta estratégias para sobreviver à crise.
Mamão: risco para o mercado interno
O Espírito Santo, maior exportador de mamão do Brasil, com 45% das exportações nacionais, envia 10 a 14% de sua produção aos EUA, sendo o único estado brasileiro a acessar esse mercado. A tarifa ameaça desestabilizar o mercado interno, pois a produção não exportada pode saturar o mercado doméstico, derrubando preços e afetando até pequenos produtores que não exportam. Para mitigar o impacto, o setor propõe flexibilizar a instrução normativa do Ministério da Agricultura, que eleva os custos de exportação, e dividir os custos da tarifa com compradores americanos durante a transição.





