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Agroindústria

Mudanças na merenda escolar abrem portas para agroindústrias capixabas

por Rosimeri Ronquetti

em 28/12/2023 às 6h06

3 min de leitura

Mudanças na merenda escolar abrem portas para agroindústrias capixabas

Foto: reprodução instagram

A partir da Resolução nº 6/2020 do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que dispõe sobre a necessidade de adequar os cardápios escolares de todo o país para refeições mais naturais, com menos açúcar e, no caso das crianças até três anos, zero açúcar, uma nova janela de oportunidade se abriu para pequenas agroindústrias capixabas.

Em 2023, em atendimento a resolução estabelecida em 2020, ano da pandemia, a prefeitura de Nova Venécia, no Norte do Estado, foi a primeira do Espírito Santo a implementar o cacau em pó na alimentação escolar, em substituição aos achocolatados. Contempladas no edital de aquisição do produto estão a Cocau, de Pancas, e Chocolates Faccinio, de São Gabriel da Palha.

Produzindo chocolate em pó 100% cacau há dois anos, Marcieli Ramos do Espírito Santo, gestora da Cocau ao lado do esposo, Genques Borcarte Strelhow, disse que vender para prefeitura foi muito importante para eles e também para alguns produtores de cacau da região. Sem matéria prima suficiente, foi preciso comprar amêndoas de terceiros.

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“Foi um bom negócio para nós e para os produtores de quem compramos parte do cacau. Para o processamento na agroindústria foi necessário a contratação de algumas mulheres da comunidade, ou seja, geramos trabalho, fizemos a roda da economia local girar, e no final todo mundo saiu ganhando”, comenta Marcieli.

Para a agricultura familiar Adelma Grigoleto Bissoli da chocolates Faccinio, ser contemplada pelo edital do município vizinho significou a oportunidade de promover melhorias em sua agroindústria.

Foi um grande desafio produzir e entregar os 500 quilos de cacau em pó, mas o retorno financeiro nos ajudou bastante. Com os recursos desse contrato foi possível comprar maquinários novos. Foi uma ajuda e tanto em nossa fábrica”, conta.

 

Iniciativa

O pontapé inicial para utilização do cacau em pó produzido na região foi da economista doméstica e agente de Extensão em Desenvolvimento Rural do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Jozyellen Nunes da Costa. A partir da resolução do FNDE ela viu a necessidade de criar soluções saudáveis, saborosas e a oportunidade de valorizar a agricultura familiar.

“Estamos acostumados a ver cacau em pó de grandes indústrias, mas hoje temos essas duas agroindústrias, da agricultura familiar que oferecem esse produto para merenda escolar. Fizemos todo um trabalho com esses produtores e o resultado foi bem positivo”, conta Josy.

Devido a questões relacionadas a intolerância a lactose, a expectativa segundo a economista, é introduzir a manteiga de cacau em substituição a margarina na produção de biscoitos.

“Fizemos treinamento com várias agroindústrias para fornecer os biscoitos feitos com a manteiga de cacau também para alimentação escolar, já em 2024”.

Em 2023 o Incaper capacitou cerca de 120 mulheres produtoras de cacau para a fabricação de chocolate e outros derivados do fruto, passando por todos os processos.  Com o objetivo de passar uma visão ampla da cadeia do cacau, desde a árvore até a comercialização, os participantes aprenderam formas para melhor aproveitar os frutos na produção de derivados, qualidade das amêndoas, questões sanitárias, rotulagem de alimentos e legalização das agroindústrias

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