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Agricultura de Precisão

Estudo pioneiro avalia eficiência do drone pulverizador no mamoeiro

por Leandro Fidelis

em 19/04/2023 às 12h01

5 min de leitura

Estudo pioneiro avalia eficiência do drone pulverizador no mamoeiro

*Fotos: Divulgação

Um estudo pioneiro realizado pelo Laboratório de Mecanização e Defensivos Agrícolas da Ufes/Ceunes (São Mateus) revelou a eficiência, desafios e potencialidades do drone pulverizador na cultura do mamão. O artigo, publicado na última segunda-feira (17) na revista suíça “Agronomy”, edição especial sobre pomares de frutas, é o primeiro estudo científico publicado nacional e internacionalmente utilizando drone pulverizador na cultura do mamoeiro. O primeiro autor é Luís Felipe Oliveira Ribeiro, aluno de graduação do curso de agronomia e bolsista de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes).

Intitulado “Impacto de parâmetros operacionais na distribuição de gotículas usando um veículo aéreo não tripulado em um pomar de mamão“, o estudo contou com a contribuição do professor e pesquisador da Ceunes, Edney Leandro da Vitória, doutor em Engenharia Agrícola, especialista em tecnologia de aplicação de defensivos e fertilizantes agrícolas, e do estudante de mestrado Gilson Soprani Júnior, além dos renomados pesquisadores chineses, os doutores Pengchao Chen e Yubin Lan, do Centro Nacional de Colaboração Internacional de Investigação sobre Tecnologia de Pulverização de Pesticidas da Aviação Agrícola de Precisão, da Faculdade de Engenharia Eletrônica e Inteligência Artificial da Universidade Agrícola do Sul da China, em Guangzhou.

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De acordo com o professor Edney, a tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas com drones no Espírito Santo tem aproximadamente cinco anos e começou na cultura do café, “expandindo-se de maneira absurda ao ponto de nos preocuparmos, porque demanda pesquisa para saber se realmente funciona, se dá respaldo técnico para dar retorno à sociedade para diminuir custo, impacto social e ambiental”, destaca. O estudo com mamoeiro começou em 2018, no campus São Mateus, devido à necessidade de se estudar a cultura do mamão, já que o Espírito Santo é o maior produtor brasileiro e a fruta, a mais exportada pelo Estado.

A expectativa do uso do drone pulverizador é reduzir consideravelmente a contaminação e a presença de resíduo no mamão, além de diminuir a exposição do operador do drone ao produto. Com um ciclo produtivo que varia de mais ou menos 210 a 270 dias, dependendo da variedade, são muitas aplicações, o que torna o uso do drone muito útil, segundo o professor Edney da Vitória.

“O mamão é uma cultura sensível. Muitas pragas, doenças, fungos, vírus atingem o mamoeiro com muita intensidade. E por isso, é necessária, com a mesma intensidade, a aplicação de defensivos agrícolas, o que é feito muitas vezes de maneira desregrada, em excesso. O resíduo pode ficar no mamão, podendo contaminar o trabalhador rural, o meio ambiente… Isso quando não há nenhuma regulagem ou calibração. Ou seja, a pulverização do mamão não é feita de forma técnica”, avalia o pesquisador.

O objetivo da pesquisa experimental foi levantar parâmetros técnicos sobre a deposição de gotas, como a cobertura, tamanho e como elas chegam ao alvo, que é a doença ou praga alojada no mamoeiro e que prejudica sua produtividade. Para isso, foram usadas água e corante alimentício, sem toxidade, apenas para saber se a gota chega à planta. Etiquetas amarelas sensíveis à água foram usadas no experimento, que teve duração de um mês e duas aplicações em uma propriedade particular em Sooretama, cujos mamões estavam finalizando a fase produtiva. O próximo passo é fazer o teste com produto químico e fazer acompanhamento para testar a eficácia do controle das pragas e doenças do mamoeiro.

Os resultados mais relevantes indicam que é possível reduzir a taxa de aplicação de defensivos agrícolas no mamoeiro em mais de 60%, passando de 600 litros de calda por hectare para 10 a 15 litros de calda por hectare, sem mudar a dose de aplicação. A aplicação com drone também pode ser sustentável, gerando empregos para pulverizadores, operadoras de pulverização e possibilitando que o trabalhador que usava aplicador costal possa fazer outras atividades na propriedade. Além disso, a sustentabilidade econômica é garantida.

Ainda segundo Edney da Vitória, a revista científica “Agronomy” é de altíssimo fator de impacto internacional. “Para você ter uma ideia, o fator de impacto das revistas científicas brasileiras gira em torno de 1. Na ‘Agronomy’, esse fator é 4. Então, ela é muito acessada internacionalmente, o que é muito relevante para a comunidade científica”, conclui.

Etiquetas sensíveis à água instaladas nas plantas ajudaram os pesquisadores a levantar parâmetros técnicos sobre a deposição de gotas.

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