Tecnologia

Estudo pioneiro avalia eficiência do drone pulverizador no mamoeiro

*Fotos: Divulgação

Um estudo pioneiro realizado pelo Laboratório de Mecanização e Defensivos Agrícolas da Ufes/Ceunes (São Mateus) revelou a eficiência, desafios e potencialidades do drone pulverizador na cultura do mamão. O artigo, publicado na última segunda-feira (17) na revista suíça “Agronomy”, edição especial sobre pomares de frutas, é o primeiro estudo científico publicado nacional e internacionalmente utilizando drone pulverizador na cultura do mamoeiro. O primeiro autor é Luís Felipe Oliveira Ribeiro, aluno de graduação do curso de agronomia e bolsista de Iniciação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes).

Intitulado “Impacto de parâmetros operacionais na distribuição de gotículas usando um veículo aéreo não tripulado em um pomar de mamão“, o estudo contou com a contribuição do professor e pesquisador da Ceunes, Edney Leandro da Vitória, doutor em Engenharia Agrícola, especialista em tecnologia de aplicação de defensivos e fertilizantes agrícolas, e do estudante de mestrado Gilson Soprani Júnior, além dos renomados pesquisadores chineses, os doutores Pengchao Chen e Yubin Lan, do Centro Nacional de Colaboração Internacional de Investigação sobre Tecnologia de Pulverização de Pesticidas da Aviação Agrícola de Precisão, da Faculdade de Engenharia Eletrônica e Inteligência Artificial da Universidade Agrícola do Sul da China, em Guangzhou.

De acordo com o professor Edney, a tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas com drones no Espírito Santo tem aproximadamente cinco anos e começou na cultura do café, “expandindo-se de maneira absurda ao ponto de nos preocuparmos, porque demanda pesquisa para saber se realmente funciona, se dá respaldo técnico para dar retorno à sociedade para diminuir custo, impacto social e ambiental”, destaca. O estudo com mamoeiro começou em 2018, no campus São Mateus, devido à necessidade de se estudar a cultura do mamão, já que o Espírito Santo é o maior produtor brasileiro e a fruta, a mais exportada pelo Estado.

A expectativa do uso do drone pulverizador é reduzir consideravelmente a contaminação e a presença de resíduo no mamão, além de diminuir a exposição do operador do drone ao produto. Com um ciclo produtivo que varia de mais ou menos 210 a 270 dias, dependendo da variedade, são muitas aplicações, o que torna o uso do drone muito útil, segundo o professor Edney da Vitória.

“O mamão é uma cultura sensível. Muitas pragas, doenças, fungos, vírus atingem o mamoeiro com muita intensidade. E por isso, é necessária, com a mesma intensidade, a aplicação de defensivos agrícolas, o que é feito muitas vezes de maneira desregrada, em excesso. O resíduo pode ficar no mamão, podendo contaminar o trabalhador rural, o meio ambiente… Isso quando não há nenhuma regulagem ou calibração. Ou seja, a pulverização do mamão não é feita de forma técnica”, avalia o pesquisador.

O objetivo da pesquisa experimental foi levantar parâmetros técnicos sobre a deposição de gotas, como a cobertura, tamanho e como elas chegam ao alvo, que é a doença ou praga alojada no mamoeiro e que prejudica sua produtividade. Para isso, foram usadas água e corante alimentício, sem toxidade, apenas para saber se a gota chega à planta. Etiquetas amarelas sensíveis à água foram usadas no experimento, que teve duração de um mês e duas aplicações em uma propriedade particular em Sooretama, cujos mamões estavam finalizando a fase produtiva. O próximo passo é fazer o teste com produto químico e fazer acompanhamento para testar a eficácia do controle das pragas e doenças do mamoeiro.

Os resultados mais relevantes indicam que é possível reduzir a taxa de aplicação de defensivos agrícolas no mamoeiro em mais de 60%, passando de 600 litros de calda por hectare para 10 a 15 litros de calda por hectare, sem mudar a dose de aplicação. A aplicação com drone também pode ser sustentável, gerando empregos para pulverizadores, operadoras de pulverização e possibilitando que o trabalhador que usava aplicador costal possa fazer outras atividades na propriedade. Além disso, a sustentabilidade econômica é garantida.

Ainda segundo Edney da Vitória, a revista científica “Agronomy” é de altíssimo fator de impacto internacional. “Para você ter uma ideia, o fator de impacto das revistas científicas brasileiras gira em torno de 1. Na ‘Agronomy’, esse fator é 4. Então, ela é muito acessada internacionalmente, o que é muito relevante para a comunidade científica”, conclui.

Etiquetas sensíveis à água instaladas nas plantas ajudaram os pesquisadores a levantar parâmetros técnicos sobre a deposição de gotas.

Sobre o autor Leandro Fidelis Formado em Comunicação Social desde 2004, Leandro Fidelis é um jornalista com forte especialização no agronegócio, no cooperativismo e na cobertura aprofundada do interior capixaba. Sua trajetória é marcada pela excelência e reconhecimento, acumulando mais de 25 prêmios de jornalismo, incluindo a conquista inédita do IFAJ Star Prize 2025 para um jornalista agro brasileiro. Com experiência versátil, ele construiu sua carreira atuando em diferentes plataformas, como redações tradicionais, rádio, além de desempenhar funções estratégicas em assessoria de imprensa e projetos de comunicação pública e institucional. Ver mais conteúdos