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O painel “Agro 360°: atualidades, inovação e perspectivas de mercado”, realizado, na terça-feira (7), no Auditório Inovação BRB, dentro da programação da 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), reuniu especialistas para discutir os avanços tecnológicos, os desafios e as oportunidades do agronegócio brasileiro. Mediado pelo engenheiro agrônomo e presidente do Crea-ES, Jorge Silva, o debate contou com a participação do coordenador do Ramo Agropecuário da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), eng. agr. João José Prieto Flávio, e do ex-diretor do Instituto Pensar Agro (IPA) Gustavo Carneiro.
Ao longo do encontro, os palestrantes destacaram o papel do Brasil como potência de produção de alimentos e exportação mundial. De acordo com o presidente do Crea-ES, Jorge Silva, há 40 anos, o país era importador de alimentos e, hoje, é um dos maiores exportadores, graças a avanços em pesquisa, mecanização e desenvolvimento de variedades adaptadas a diferentes biomas. “Investimos em muita pesquisa, desenvolvendo variedades de plantas resistentes a pragas, desbravamos e aumentamos a nossa produção principalmente no cerrado, no norte e nordeste, regiões também que não eram tidas como aptas à produção de grãos, carne, leite, ovos e hoje cresce e se desenvolve.”
Após a introdução do presidente, o representante da OCB, João José Prieto Flávio, apresentou um panorama sobre o perfil do Brasil e as características do agronegócio no país. “O agro brasileiro dá aula no agro mundial, então incomodamos muito nossos concorrentes e o mundo vê a gente como um grande produtor de alimentos. O potencial climático, natural e de produção que essa diversidade nos dá. Há também o mérito do produtor em colocar seu produto de uma forma atrativa no mercado”, disse.
De acordo com o engenheiro agrônomo, a diversidade do agronegócio brasileiro ajuda na diluição de riscos produtivos, com o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias que atendem essas características. “Além da tecnologia, uma peça fundamental é o engenheiro agrônomo. Temos profissionais cada vez mais desafiados a fazer a diferença. Somos desafiados também com os riscos sanitários, como a gripe aviária e outras doenças como a ferrugem que ataca a soja, a febre aftosa e isso exige muita competência e profissionalismo”, disse.
O agro brasileiro bate recordes todos os anos. Para o palestrante, o país ainda tem grande potencial de crescimento, especialmente com melhorias na armazenagem e no escoamento por rodovias, ferrovias e portos. Para trazer mais solução ao produtor, João José Prieto Flávio reservou um espaço da palestra para citar o cooperativismo, que tem papel fundamental na inclusão de pequenos produtores e na difusão de inovação. Atualmente no Brasil há 1,2 mil cooperativas, com aproximadamente 1 milhão de cooperados. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 53% da produção de grãos é originada de produtores cooperados. “As cooperativas conseguem levar assistência técnica e ganhos de produtividade. Enquanto apenas 20% dos produtores no geral têm acesso a assistência qualificada, entre cooperados esse número chega a 63,8%”, destacou.
Finalizando a palestra, o engenheiro citou o mercado de trabalho e deixou um conselho aos profissionais. “Precisamos que o profissional seja multidisciplinar, entenda de ponta a ponta. Além da habilidade técnica e boa formação, é preciso saber se comunicar com o produtor rural e, principalmente, com a sociedade, nós temos um papel fundamental nesse contexto, temos que enxergar um cenário mais amplo para que a gente consiga sair da linguagem interna, que não é a mesma da sociedade. Então é preciso fazer essa comunicação de uma forma correta”, finalizou.
Dando sequência no painel, Gustavo Carneiro lembrou que o Brasil não apenas absorve, mas também exporta tecnologia. Um exemplo é o plantio direto, desenvolvido pela Embrapa e reconhecido mundialmente. Segundo ele, o país é o único em clima tropical com produção agrícola em escala, o que gera vantagens competitivas, mas também desafios, como maior incidência de pragas. Carneiro também defendeu maior envolvimento do setor e da sociedade civil na formulação de políticas públicas. O palestrante citou as decisões políticas e normativas que influenciam a todo momento o agro brasileiro. “Não é preciso gostar de política, mas é essencial acompanhar e participar. Se ficarmos de fora, corremos o risco de ver medidas que comprometem emprego, renda e competitividade”, alertou. O ex-diretor do IPA explicou que o modelo político brasileiro ampliou a influência do Legislativo nas decisões e que hoje cerca de 70% das leis aprovadas têm origem parlamentar. “O agro percebeu que não pode depender apenas do governo, mas precisa se organizar e ocupar espaço nas discussões”, disse.
O mediador Jorge Silva reforçou a importância da organização e da visão de mercado para os produtores. Ele lembrou que a falta de planejamento pode gerar crises de excesso de produção e prejuízos. “Ainda precisamos avançar muito na leitura de cenários globais e em estratégias de comercialização”, afirmou. Os especialistas foram unânimes em apontar que o futuro do agronegócio depende de profissionais qualificados, inovação constante e participação ativa da sociedade civil na elaboração de políticas públicas.




