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Com a tramitação da Política Nacional de Arborização Urbana no Senado Federal (PL 3113/23) — proposta que institui o Sistema Nacional de Informações sobre Arborização Urbana (SINAU) e busca integrar dados, diretrizes e boas práticas de gestão ambiental — o tema ganhou destaque na terça-feira (07) durante a 80ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea). No Espaço Torta Capixaba, especialistas, gestores públicos e profissionais do Sistema Confea/Crea se reuniram para debater Políticas Públicas de Arborização Urbana e os desafios de alinhar a pauta ambiental à agenda política e de planejamento urbano das cidades brasileiras.
Em sua apresentação, o eng. agr. Marcelo Machado Leão apresentou os recursos da plataforma Arbolink, projeto que busca determinar e quantificar, com rapidez, segurança e eficiência, os riscos de queda de árvores. A ferramenta reduz a subjetividade nas decisões sobre o futuro das espécies, seja para o manejo adequado ou para a erradicação quando necessária. “As cidades precisam adotar o controle operacional do manejo arbóreo. As cidades precisam cada vez mais de arvores, que é uma tarefa complexa por conta dos requisitos técnicos e legais. Precisamos entender as árvores como um ativo”, defendeu Leão.
Já a pesquisadora no Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), eng. agr. Giuliana Velasco, destacou a importância de transformar o conhecimento gerado nas universidades e institutos em políticas públicas efetivas. Ela ressaltou também a necessidade de compreender a árvore como parte da infraestrutura urbana, fundamental para a equidade verde – conceito que busca garantir que todas as comunidades, especialmente as mais vulneráveis, tenham acesso igualitário aos benefícios ambientais, como ar puro, água limpa e espaços verdes.
A pesquisadora apresentou ainda o Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC), voltado à prevenção de quedas de árvores no município de Santos (SP). O projeto tem como objetivo desenvolver uma ferramenta de gestão da arborização urbana que aumente a resiliência da cidade e contribua para a proteção da população e da floresta urbana. “Os planos são contínuos, não podem ser estáticos. Eles precisam resultar em planos de ação e comunicação permanentes”, enfatizou.
Na sequência, a eng. ftal. Flávia Brun abordou o tema “Arborização urbana em pequenos municípios: gestão de risco e resiliência”, destacando os desafios estruturais e climáticos enfrentados por cidades de menor porte. “O Brasil é o sétimo país mais populoso do mundo, com 87% da população vivendo em áreas urbanas. Desses, 30,9% residem em municípios com menos de 500 mil habitantes e 7% em cidades com até 50 mil habitantes, muitas vezes sem quadro técnico suficiente para a gestão da arborização”, observou. Flávia alertou para a intensificação dos eventos climáticos extremos, observando que o país registra, em média, entre 3 e 11 ondas de calor por ano, o que impacta diretamente o conforto térmico e a saúde da população urbana. “Esse dado ainda é subestimado e precisa ser considerado na infraestrutura verde das cidades”, reforçou. A especialista também destacou a carência de engenheiros e técnicos ambientais nas prefeituras menores e a ausência de indicadores padronizados para mensurar a cobertura vegetal. Citou, ainda, a importância do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) capacitar recenseadores para avaliar o sombreamento urbano e métricas de arborização, fundamentais para o planejamento territorial.
Um exemplo concreto de como a gestão técnica pode gerar resultados sustentáveis foi apresentado pelo diretor da Agência Reguladora e de Desenvolvimento de Porto Velho (ARDPV), eng. amb. Renato Muzzolon Jr. Em sua apresentação, Muzzolon mostrou o caso da capital Porto Velho (RO), onde a prefeitura recuperou um triturador de resíduos de poda que estava inutilizado. “Com um investimento mínimo e a colaboração de vários engenheiros, conseguimos recolocar o equipamento em operação e, a partir disso, mudar completamente a destinação dos resíduos da arborização urbana”, relatou. Segundo ele, o material que antes era descartado passou a ser triturado, reaproveitado e transformado em composto orgânico, utilizado na manutenção de praças, canteiros e parques. “Criamos um ciclo sustentável, técnico e de baixo custo, que devolve à cidade o benefício do próprio manejo arbóreo”, completou.
Encerrando o painel, o coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Florestal (CCEEF), eng. ftal. Eleandro Brun, apresentou o Manual de Boas Práticas na Arborização Urbana nos Municípios Brasileiros, publicação que reúne princípios e diretrizes técnicas voltadas à arborização de praças, parques e vias públicas. O documento visa melhorar a qualidade de vida nas cidades e fortalecer a resiliência frente às mudanças climáticas. “Essas informações podem servir de norte para muitos municípios na elaboração de seus planos de arborização”, destacou Eleandro.
As apresentações evidenciaram que o fortalecimento das políticas municipais de arborização depende da capacitação técnica, do uso de dados atualizados e da cooperação entre instituições de pesquisa, órgãos públicos e o Sistema Confea/Crea.




