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Quais peixes podem causar a Síndrome de Haff, ou doença da urina preta, que matou veterinária pernambucana?

O falecimento de Cynthia Priscyla Andrade de Souza, de 31 anos, vítima da Síndrome de Haff, ou doença da urina preta, acendeu a discussão sobre quais peixes poderiam transmitir a doença

por Fernanda Zandonadi

em 25/01/2024 às 0h03

3 min de leitura

Quais peixes podem causar a Síndrome de Haff, ou doença da urina preta, que matou veterinária pernambucana?

*Matéria publicada originalmente em 04/03/2021

A morte da veterinária Cynthia Priscyla Andrade de Souza, de 31 anos, vítima da Síndrome de Haff, ou doença da urina preta, no dia 3 de março, em Pernambuco, acendeu a discussão sobre quais peixes poderiam transmitir a doença. Nas redes sociais circulam informações de que a tilápia, um peixe de água doce, poderia transmitir a síndrome, o que é falso.

A Associação Brasileira da Piscicultura emitiu uma nota afirmando que a “tilápia não pode ser responsabilizada nem ter sua imagem associada a eventuais casos da Síndrome de Haff (doença da urina negra) em seres humanos. Divulgações nesse sentido decorrem de desconhecimento e desinformação de alguns veículos de comunicação ”.

Segundo a entidade, que reúne vários elos da cadeia produtiva de peixes de cultivo, a ciência comprova que a Síndrome de Haff pode ser causada pela ingestão de peixes marinhos, de água salgada, contaminados, mas que isso não se aplica à tilápia, que é um peixe de água doce.

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“O Brasil é o 4º maior produtor mundial de tilápia. A cadeia de produção dessa espécie é industrial e verticalizada. A tilápia é criada em água doce, com total rastreabilidade. As empresas produtoras utilizam rígidos protocolos sanitários e de bem-estar animal, conferindo à tilápia status de alta segurança alimentar ”, informou, em nota, a associação.

Jovem veterinária morreu em março, após comer um peixe contaminado (Foto: reprodução/redes sociais)

Pesquisa da Fiocruz

Uma pesquisa da Fiocruz intitulada Clinical and laboratory evidence of Haff disease &ndash, case series from an outbreak in Salvador, Brazil, December 2016 to April 2017, que estudou 15 casos ocorridos durante um surto da doença em Salvador, na Bahia, apontou que 14 pacientes tinham ingerido peixe cozido das espécies ‘Olho de Boi’ (Seriola spp), também conhecido como Arabaiana,ou ‘Badejo’ (Mycteroperca spp).

“Apenas uma pessoa não teria comido peixe, mas consumiu um prato de comida baiana com possíveis subprodutos de peixe. Oito pacientes relataram urina escura compatível com mioglobinúria e uma erupção cutânea leve foi observada em quatro. Onze casos faziam parte de quatro grupos familiares, enquanto que quatro casos isolados também foram identificados. Treze pacientes foram hospitalizados, metade deles por menos de 3 dias. A idade dos enfermos variou entre 14 e 75 anos ”.

Entenda o caso da veterinária

A veterinária morreu após 13 dias de internação em um hospital de Pernambuco. Segundo a família, a jovem teria ingerido o peixe arabaiana no dia 18 de fevereiro, na casa de uma de suas irmãs, a empresária Flávia Andrade. Logo após a refeição ela teria sentido muitas dores musculares.

O que é Síndrome de Haff?

A doença é causada pela ingestão de pescado contaminado por uma toxina que degrada os músculos e causa necrose. A síndrome está associada ao consumo de peixes como arabaiana, conhecido como olho de boi, e badejo.

Não há consenso sobre como o peixe é contaminado. Alguns especialistas afirmam que é por causa do mau acondicionamento do pescado. Outros, que a toxina vem de algas contaminadas consumidas pelo animal.

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