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Pesquisa

Ufes e IF Goiano desenvolvem primeira cultivar de café adaptada para temperaturas mais baixas

por Redação Conexão Safra

em 20/12/2018 às 0h00

5 min de leitura

Ufes e IF Goiano desenvolvem primeira cultivar de café adaptada para temperaturas mais baixas

A Ufes e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano &ndash, campus de Morrinhos, obtiveram o primeiro registro de uma cultivar de
Coffea canephora
adaptada a altitudes elevadas e temperaturas mais baixas. O registro foi realizado junto ao Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) pelo Instituto de Inovação Tecnológica da Ufes (Init/Ufes) e a cultivar recebeu o nome de Andina.


Participaram do registro como melhoristas e coordenadores do trabalho os engenheiros agrônomos e professores Fábio Luiz Partelli (da Ufes) e Adelmo Golynski (do IF Goiano). Também participaram como profissionais/melhoristas Adésio Ferreira e Madlles Queiros Martins (Ufes), Aldo Luiz Mauri (consultor), José Cochicho Ramalho (Universidade de Lisboa) e Henrique Duarte Vieira (Universidade Estadual do Norte Fluminense).


“É uma contribuição para a cafeicultura, desta vez, para maiores altitudes e menores temperaturas. É uma cultivar de
Coffea canephora
Pierre ex A. Froehner (Conilon ou Robusta), composta por cinco genótipos/clones (na foto, o genótipo A1), tendo produtividade superior nestas condições de altitude mais elevada ”, destaca o professor Partelli.


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(*Foto: Professor
Fábio Luiz Partelli)


Técnica

Ele explica que, inicialmente, os materiais foram selecionados e propagados vegetativamente por estaquia, e plantados em uma mesma lavoura, num “ensaio de competição ”. O plantio foi composto por 28 genótipos (25 propagados por estacas e três por sementes), no município de Morrinhos, Goiás, a aproximadamente 850 metros de altitude. A região é caracterizada por apresentar um défice hídrico a partir do mês de abril e até o mês de outubro, tem uma topografia plana e relevo ondulado, a temperatura média anual de 20°C, sendo que a temperatura mínima do ar varia de 10ºC a 20°C.


Em todos os anos experimentais foram realizadas uma capina manual (trilhar no local de adubação), uma capina mecanizada e uma capina química. Não foram aplicados micronutrientes, inseticidas e fungicidas, durante os anos de estudo. A área experimental foi irrigada durante os anos referentes às colheitas de 2013 e 2014, porém nas colheitas de 2015 e 2016 a lavoura experimental não foi irrigada. O espaçamento utilizado para o plantio foi de 3,5m x 1m, de maneira que cada planta ocupou 3,5 m².


“Dentre todos os materiais avaliados no ensaio, considerando características como produtividade, vigor e resistência a pragas e a doenças, foram selecionados cinco genótipos julgados superiores, para constituir a nova cultivar. A média das quatro colheitas dos desses genótipos foi de 51,3 sacas por hectare por ano. Na primeira colheita, as plantas ainda estavam novas. Assim, ao considerar a média das três colheitas dos cinco genótipos, a produtividade alcança 59,29 sacas por hectare por ano. A média da produtividade da cultivar pode ser considerada baixa, contudo, deve se considerar a ausência de irrigação por dois anos e a não utilização de controle fitossanitário. Além disso, a média da cultivar alcançou o dobro da Cultivar Vitória, nas mesmas condições de cultivo ”, afirma Fábio Partelli.


O professor destaca que a nova cultivar apresenta características desejáveis, sobretudo alta produtividade, inclusive quando comparado a genótipos registrados e de grande aceitação entre os cafeicultores, podendo ser plantada em condições climáticas similares às que foram cultivadas (aproximadamente 850 metros de altitude). Assim, a Andina é recomendada para os estados com Latitude inferior a 22° Sul e altitude inferior a 900 metros e que não tenham temperatura mínima do ar inferior a 8ºC por mais de 10 dias no ano.


“Queremos agradecer aos primeiros melhoristas, os agricultores que fazem a seleção inicial da grande maioria dos genótipos disponíveis e superiores. Coube a nós, da Ufes e do IF Goiano, realizar as avaliações no campo, comparando diversos genótipois em altitude. Nós não desenvolvemos os genótipos estudados, mas efetuamos uma contribuição científica na caracterização e definição de quais são os melhores clones, entre os estudados, quando cultivados à 850 metros de altitude, acarretando o registro da primeira cultivar para regiões de altitude do Brasil ”, ressalta.


Conheça outros trabalhos de pesquisa conduzidos pelo Laboratório de Pesquisas Cafeeiras da Ufes:

– Ensaio de competição com 42 genótipos promissores em Nova Venécia/ES e Itabela/BA,

– Avaliação inicial de 20 genótipos tolerantes ao défice hídrico em Vila Valério/ES,

– Continuidade de avaliações de genótipos de Conilon em altitude em Morrinhos/GO,

– Atuação efetiva em parcerias internacionais na área de fisiologia, bioquímica e molecular em
Coffea
sp em condições de alta concentração de CO2, alta temperatura e défice hídrico, e

– Introdução, orientação técnica e pesquisa em
Coffea
em Moçambique, numa cooperação trilateral entre Brasil (Ufes e Ministério das Relações Exteriores), Portugal (ULisboa e Camões) e Moçambique (Parque Nacional da Gorongosa e Ministério da Terra).


As ações e projetos estão ligados aos Programas de Pós-Graduação em Agricultura Tropical (PPGAT) e Genética e Melhoramento (PPGGM), ambos da Ufes, com a participação de agricultores e outras instituições, como Universidade de Lisboa, Instituto Federal Goi&acirc,no, Instituto Federal do Espírito Santo, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Estadual do Norte Fluminense. Os projetos contam ainda com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (Fapes), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e Fundação para a Ciência e a Tecnologia de Portugal (FCT). (*Fonte: AssCom Ufes)

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