Resíduos da produção de vinho e café são alvos de pesquisas para gerar mais produtividade no campo
Estudos do Ifes Campus Santa Teresa também visam à sustentabilidade e à diminuição dos custos para o produtor
por Assessoria de Imprensa Ifes
em 06/06/2019 às 12h10
4 min de leitura
Duas bebidas bastante apreciadas em todo o mundo por seu sabor têm recebido um olhar diferente no Campus Santa Teresa, do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Projetos coordenados pela professora Paola Lo Monaco investigam o aproveitamento dos resíduos da produção de vinho e de café como componentes de substratos para produção de mudas, em um processo que aumenta a produtividade e a sustentabilidade no campo.
Segundo Paola, o aproveitamento da matéria orgânica residual da produção de vinhos (vitivinicultura) ainda é pouco pesquisado no Brasil. Junto com a sua orientanda, a estudante Paola Honorato Salla, do curso de Agronomia, ela vem estudando o tema de forma pioneira. Elas já fizeram os testes com pepino e quiabo e os resultados foram promissores. “Estamos fazendo a análise estatística ainda. Porém, na análise visual das mudas, já vimos que é um excelente resultado em comparação com o uso isolado do substrato comercial ”, adiantou a professora.
Quanto ao café, foi pesquisada a moinha, um resíduo oriundo da secagem do grão. O trabalho já está em fase mais avançada: foram feitos testes na própria muda de café, tanto conilon quanto arábica, e em mudas de eucalipto, de pepino, tomate, beterraba e jiló. Com a eficiência comprovada, a Professora e seu grupo de pesquisa &ndash, o Grupo de Pesquisa em Manejo Ambiental (GPMA) &ndash, já publicaram as proporções ideais de moinha para cada tipo de cultura, em revistas científicas da área.
A fase de produção de mudas é essencial para o sucesso das lavouras. “Mudas de boa qualidade são de suma importância para o sucesso da cultura, uma vez que a formação inicial da planta se reflete por toda a sua fase produtiva. Dentre os fatores que influenciam na qualidade de mudas, destaca-se o substrato utilizado. Se o substrato não contiver as características físicas, químicas e biológicas ideais para o desenvolvimento da muda, não serão plantas vigorosas no futuro e não produzirão o potencial que poderiam. Além disso, as mudas podem permanecer por mais tempo no viveiro, o que implica em prejuízos ”, detalhou Paola.
Essa é uma etapa que gera despesas para o produtor, já que, em linhas gerais, ele precisa adquirir substrato comercial, fazer a irrigação e realizar o controle climático em viveiro. Assim, as pesquisas com substratos alternativos podem gerar tanto benefícios ambientais quanto econômicos.
Mais Conexão Safra
“O uso de fontes alternativas de resíduos agrícolas na composição de substratos é uma solução para tornar ambas as atividades mais sustentáveis e ecologicamente corretas, pois visa à eliminação de um problema ambiental da agroindústria, ou de qualquer tipo de propriedade que gere resíduos, pelo fato de serem aproveitados e dispostos de forma harmônica no meio ambiente. Ao mesmo tempo, promove a redução nos custos de produção, beneficiando toda a cadeia, do produtor ao consumidor ”, apontou. Para ela, esse tipo de trabalho também está alinhado à proposta do Ifes. “Precisamos fazer pesquisas que efetivamente tragam soluções para a comunidade ”, avaliou.
Filtro de flores
Pesquisa anterior coordenada pela professora Paola Lo Monaco, com a participação da estudante Débora Moro Soela, propôs a utilização de duas espécies de flores para fazer o tratamento de água residuária de suinocultura em “sistemas alagados construídos ” (SACs). Os SACs são reservatórios preenchidos com materiais porosos, geralmente constituídos por brita, que servem de suporte para o cultivo de plantas aquáticas e que recebem a água a ser tratada.
Nesse meio, entre as plantas, desenvolvem-se bactérias que proporcionam a degradação de parte da matéria orgânica da água residuária, além da remoção, por meio de processos físicos, de sólidos suspensos. “Assim, no sistema que envolve meio poroso, planta e microrganismos, ocorre o tratamento. Ao final do percurso do meio poroso, a água sai mais limpa ”, contou a professora.
Além do aspecto ambiental, o sistema também promove um efeito estético, por utilizar plantas ornamentais: lírio-do-brejo e helicônia papagaio. O trabalho venceu o Prêmio Ecologia 2017, na categoria graduação.
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