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A notícia não é das melhores para aqueles que são amantes de um bom churrasco, uma vez que os cortes bovinos de qualidade superior poderão se tornar escassos em steakhouses, foodservices e até mesmo em boutiques especializadas.
Isso porque os pecuaristas alegam que as bonificações oferecidas pelos frigoríficos não são suficientes para cobrir os custos de produção. Já a indústria, sinaliza impossibilidade em aplicar reajustes, em uma realidade em que o markup (índice utilizado na formação do preço de venda de um produto ou serviço) do varejo varia entre 70% e 80%.
Na avaliação do sócio da BBQ Secrets, consultor de pecuária de corte e de marcas de carnes prime, Roberto Barcellos, se confirmada essa ruptura, as importações de cortes uruguaios e argentinos voltarão com força, ocupando o espaço do produto nacional. “Seria triste, mas isso faz parte do amadurecimento de todos como cadeia produtiva. Somente o equilíbrio de rentabilidade deve estimular a retomada da produção”, acredita.
Cenário
O especialista credita esse desânimo às bonificações de 5% a 10% sobre o valor da arroba de boi gordo, levando em conta que o bovino ideal para produzir cortes especiais não pode ter menos de 28% de gordura corporal, por isso sua produção exige alto investimento, principalmente no confinamento.
“O boi commodity atende com eficiência às demandas internas e às exportações, consumindo ao redor de 145 quilos de matéria seca por arroba produzida. Já esse boi especial, que resulta em uma verdadeira experiência gastronômica, necessita ingerir 190 quilos por arroba. E esse é apenas um dos custos envolvidos”, explica Barcellos.
Outra diferença, segundo o especialista, é que a carne bovina commodity, oriunda de um macho Nelore inteiro, criado a pasto, não necessita de acabamento de carcaça (gordura). Já nos programas de qualidade de carne bovina, os pecuaristas priorizam o abate de fêmeas, que, por sua vez, perdem em eficiência biológica, pelo porte menor e conversão alimentar inferior, exigindo comida extra no cocho. Ou seja, produzir carne de qualidade com novilhas de cruzamento industrial é caro.
Consequências
O consultor explica que a preferência por fêmeas se dá pela isenção de gastos com castração, como ocorreria com os machos, que perdem eficiência biológica após o procedimento, também exigindo reforço nutricional para que alcancem os parâmetros estipulados pela indústria, o que, por vez, esbarra em margens estreitas.
Na estrutura atual, segundo ele, os frigoríficos realmente não possuem condições de promover maiores repasses. Somente 30% dos cortes têm perfil para churrasco e os preços praticados para o restante da “carcaça premium” são os mesmos do boi comum. “Por enquanto, não conseguimos aumentar o mix de cortes na proporção que gostaríamos, para termos maior aproveitamento desse boi que é caro para ser produzido”, justifica.
Para ele, num efeito cascata, margens de lucro em alguns poucos cortes limitam as bonificações por qualidade, desanimando investimentos dentro da porteira. O especialista acredita que, talvez, seja esse o motivo que leva a uma queda nas vendas de sêmen Angus, raça protagonista em programas de qualidade de carne.
Agentes desse mercado projetam retração de 20% no balanço de 2023. “Com isso, diria que teremos 400 mil fêmeas aptas aos programas em breve. Isso será suficiente para atender a demanda das 52 semanas do ano para todas as marcas de carne do país?”, questiona
Para Barcellos, grandes movimentações serão observadas nos próximos anos, como o surgimento de novas marcas atendendo diretamente os consumidores, indústrias ampliando as estruturas de confinamento visando autossuficiência e ainda criando lojas para tomar margens do varejo, além do foodservice com relacionamento mais próximo dos produtores.
“O que parece ser uma notícia extremamente negativa à cadeia da carne bovina de qualidade deve ser encarada como uma grande oportunidade aos que fazem uma boa leitura do mercado, buscando as melhores articulações”, finaliza o especialista.




