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Uso de efluente de suinocultura garante alta produtividade de banana da terra

Pesquisa inédita mostra que utilização do dejeto líquido dos chiqueiros na adubação aumenta produtividade com baixo custo para produtor

por Leandro Fidelis

em 16/11/2023 às 0h10

4 min de leitura

Uso de efluente de suinocultura garante alta produtividade de banana da terra

Comparação entre banana do experimento (acima) com uma comprada em supermercado. A fruta do experimento chegou a pesar 300g. (*Fotos: Divulgação)

*Matéria publicada originalmente em 11/08/2020

Produtividade com baixo custo de produção e sustentabilidade. Que agricultor familiar capixaba em tempos atuais não gostaria de reunir esses fatores para alavancar os negócios no campo?

A boa notícia: isso já é possível para quem cultiva banana da terra. Uma pesquisa que titulou a doutora em Produção Vegetal Marjorie Spadeto, pelo Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal do Centro de Ciências Agrárias e Engenharias da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), comprovouo aumento da produtividade da bananeira da terra com o uso do efluente da suinocultura. A tese da engenheira agrônoma e pesquisadora foi defendida em junho e será publicada em breve numa revista científica.

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Segundo Marjorie, dentre os diversos fatores que influenciam na produção da bananeira, a nutrição é decisiva para obtenção de alta produtividade, uma vez que as plantas apresentam crescimento rápido e acumulam quantidades elevadas de nutrientes, a exemplo do nitrogênio e do potássio, este último importante para o incremento da biomassa.

A média de produtividade da banana da terra chegou a 62 toneladas por hectare, superior à relatada em pesquisas na área. Além disso, o peso do cacho aumentou em torno de 64% comparando a menor dose de potássio no efluente (200 kg) com a maior dose (600 kg), aplicada 15 vezes por hectare/ano.

“A aplicação do potássio influencia positivamente no número de frutos por cacho e no peso da penca e, por consequência, na produtividade. Na menor dose do efluente de suinocultura, atingimos uma produtividade média superior a encontradas em pesquisas e relatadas em literatura sobre banana da terra ”, afirma a doutora.

A doutora em Produção Vegetal Marjorie Spadeto afirma que a metodologia da pesquisa pode ser testada com outras cultivares de banana.(*Foto: Leandro Fidelis/Safra ES)

O diferencial dos resultados consolidados pela pesquisa acadêmica está no parcelamento da aplicação do dejeto líquido suíno no solo e no manejo respeitando a curva de absorção de cada nutriente necessário para o desenvolvimento da bananeira da terra. Ou seja, a planta só recebeu nutrientes na quantidade certa e quando necessitou deles.

Ao citar a curva de absorção, a pesquisadora explica que a aplicação do material orgânico na bananeira da terra tomou por base o seu estágio fenológico. Em linhas gerais, é a observação das diferentes fases do crescimento e desenvolvimento das plantas, não se atentando somente à análise do solo.

Baixo custo e sustentabilidade

A doutora em Produção Vegetal Marjorie Spadeto ressalta a importância da bananicultura para a agricultura familiar do Espírito Santo e a necessidade de os produtores rurais baratearem os custos na propriedade a partir do uso do efluente da suinocultura como fertilizante.

“O que encarece os cultivos são os insumos agrícolas, por isso o uso do efluente se apresenta como opção viável, principalmente em pequenas propriedades com criação de porcos em chiqueiro. A ideia é tornar solução aquilo que era problema no quintal, promovendo uma gestão ambiental mais correta na propriedade ”, salienta a doutora.

Antes de ser aplicado na plantação, o dejeto líquido do chiqueiro passou por um sistema de tratamento com três etapas. A primeira foi o gradeamento (para retenção dos sólidos mais grosseiros), a segunda foi o decantador e, por fim, a lagoa de estabilização. O processo é importante para tornar os nutrientes disponíveis, ou seja, mineralizados, para absorção pelas plantas.

Outra boa notícia é que a utilização do efluente de suinocultura na bananeira da terra é uma prática ambientalmente correta. A pesquisa revelou que o uso do dejeto líquido não causou malefícios ao solo, tampouco ao lençol freático, num período de dois anos.

Foto mostra comparativo do tamanho da fruta conforme os diferentes tratamentos durante a realização do estudo.

 

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