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Indicação Geográfica

Café do Caparaó conquista Indicação Geográfica

A oficialização da marca foi publicada hoje, na revista do instituto, dois anos após o depósito do pedido

por Redação Conexão Safra

em 02/02/2021 às 10h15

5 min de leitura

Café do Caparaó conquista Indicação Geográfica

*Foto: Leandro Fidelis/Arquivo Safra ES

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu o registro de Indicação Geográfica (IG) de Denominação de Origem (DO) para o Café do Caparaó. A oficialização da marca foi publicada hoje, na revista do instituto, dois anos após o depósito do pedido.
Esta é a primeira IG do Espírito Santo na modalidade Denominação de Origem.

O sonhado selo abrange café Coffea arábica em grãos verdes (grão cru), industrializado na condição de torrado e/ou torrado e moído, produzido na região do entorno do Pico da Bandeira, entre Espírito Santo e Minas Gerais.

A área geográfica da Denominação de Origem do Café do Caparaó envolve dez municípios capixabas e seis mineiros. Do lado do Espírito Santo temos Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço, Guaçuí, Alegre, Muniz Freire, Ibitirama, Iúna, Irupi, Ibatiba e São José do Calçado. Atravessando a fronteira mineira, temos: Espera Feliz, Caparaó, Alto Caparaó, Manhumirim, Alto Jequitibá, e Martins Soares.
Os trabalhos tiveram início em 2014, capitaneados pelo Sebrae, Ifes (Campus Alegre), Incaper, Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Caparaó (Apec) e prefeituras, com consultoria do Instituto Inovates.

O processo de estruturação de uma DO demanda vários documentos técnicos/científicos, projetos e estudos para comprovar a vinculação do produto daquele território específico ao meio geográfico, ao chamado “terroir ”, bem como a influência que os saberes, a cultura da região exerce sobre o produto final.

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“A Indicação Geográfica demonstra todo o reconhecimento que o café do Caparaó merece. A região possui aspectos naturais e humanos que a diferenciam de outras e, assim, produz um café único e especial. Esse reconhecimento vai trazer diversos benefícios, não só para os produtores, da IG, como também para o desenvolvimento do território como um todo, seja por meio do turismo de negócios, de experiência, do agroturismo, seja por meio de outros serviços vinculados a ele, à região ”, afirma o superintendente do Sebrae/ES, Pedro Rigo.

*Foto: Divulgação/Sebrae/ES

Entre os diversos benefícios da formalização do registro, além da valorização do produto e da região, há a promoção junto ao mercado internacional. O acordo Mercosul União Europeia, por exemplo, uma vez firmado, possibilitará o reconhecimento mútuo das IG das partes envolvidas, trazendo ganhos para as IG nacionais.

Para o produtor e presidente da Apec, Jorge Araújo Santos, esse reconhecimento é um marco na cafeicultura da região e também para os produtores.

“Nós temos um produto de qualidade, com ‘terroir’ diferente, que vai conquistar ainda mais o Brasil e o mundo, como já vem conquistando seu espaço e seu lugar. Esse é um ganho para todos nós, e vai contribuir para o crescimento da região. Desde 2014 trabalhamos para conquistar esse reconhecimento e chegou esse dia tão esperado. Estamos muitos felizes com essa conquista ”, afirmou Jorge Araújo. A APEC é a representante dos produtores locais junto ao INPI e responsável pela gestão desta Identidade Geográfica.

Cafeicultor José Alexandre Lacerda, de Dores do Rio Preto, uma das lideranças da solicitação da Indicação Geográfica. (*Foto:
André Berlinck)

O extensionista do Escritório Local de Desenvolvimento Rural (ELDR) do Incaper de Guaçuí, Maxwell Assis, participou do processo de solicitação da IG para o café do Caparaó. O Incaper trabalha para a melhoria da qualidade do café arábica na Região do Caparaó há mais de 15 anos. O engenheiro agrícola explicou que “o reconhecimento da IG é uma conquista do trabalho construído por diversas mãos ”, como a dos cafeicultores que compõem a APEC e outros parceiros institucionais e privados. A demanda pelo selo da IG, segundo o extensionista, nasceu pelos cafeicultores da Apec em 2014.

“Os cafés especiais produzidos no Caparaó têm qualidade diferenciada. São produzidos pela agricultura familiar, com respeito ao meio ambiente e diversos requisitos técnicos e selo abraça todas essas questões. Essa conquista é muito relevante e tem um caráter de diferenciação. Ressalto a importância de uma ação coletiva que nasceu na base dos cafeicultores”, disse.

Um dos objetivos do registro é referendar os requisitos técnicos da produção do café arábica. As instituições como o Incaper fazem parte do conselho regulador, que irá atuar no pedido do selo, nos processos técnicos e em vistorias e auditorias nas propriedades para definir se os critérios técnicos de produção são atendidos.

“A conquista da IG para os cafés arábica produzidos na Região do Caparaó é um marco para o Espírito Santo e para a cafeicultura capixaba. É mais um reconhecimento da qualidade dos nossos cafés e do trabalho árduo dos cafeicultores para a produção de cafés especiais. Esse registro é ainda uma confirmação do trabalho exemplar do Incaper desempenhado há anos para o melhoramento do café no sul do Estado ”, destacou o diretor-presidente do Incaper, Antônio Machado.

*Foto: Reprodução YouTube

O secretário de Estado da Agricultura (Seag), Paulo Foletto falou sobre o importante momento para a cafeicultura capixaba. “O café do Caparaó mostra sua força e se diferencia de outras regiões do Brasil e do mundo. Prova disso é o reconhecimento através das premiações ao longo dos anos. É também a valorização do produtor rural que trabalha para melhorar cada vez mais a qualidade dos grãos ”, pontuou o secretário.

“O reconhecimento é uma conquista para os produtores e uma possibilidade de agregar valor para o produto e a região, promovendo o desenvolvimento rural e a sustentabilidade ”, ressalta a coordenadora de Indicação Geográfica de Produtos Agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Débora Gomide Santiago.

O projeto para a Denominação de Origem do Café do Caparaó não é o único envolvendo os cafés capixabas. O Conilon ES e as Montanhas Capixabas também reivindicam o selo da Indicação Geográfica e avançam nas etapas exigidas para obter a certificação.

*Com informações adicionais do Sebrae/ES/Incaper e Mapa

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