Verão de 2025 teve recordes de calor e temporais severos
por Instituto Climatempo
em 21/03/2025 às 4h35
6 min de leitura

Foto: Fernanda Zandonadi/Conexão Safra
O verão de 2025 ficou marcado por uma combinação de eventos climáticos extremos que impactaram diferentes regiões do Brasil. Chuvas volumosas no início da estação, seguidas por ondas de calor sucessivas e períodos prolongados de seca, moldaram um cenário de contrastes acentuados. A atuação do fenômeno La Niña, somada a padrões atmosféricos persistentes, foi determinante para o comportamento das chuvas e das temperaturas ao longo dos meses, resultando em uma estação de extremos que afetou desde a agricultura até a mobilidade urbana.
Chuvas abundantes no início do verão
O início da estação foi marcado por chuvas intensas, especialmente em dezembro e parte de janeiro, graças à atuação de duas Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Esse sistema meteorológico trouxe acumulados expressivos para o Centro-Oeste, Sudeste e parte do Nordeste. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Goiás registraram volumes elevados. No entanto, essa bonança não duraria muito.
Figura 1- Mapa de chuva registrado no Brasil entre 21 de dezembro de 2024 e 31 de janeiro de 2025. Fonte: Climatempo.
Transição para um padrão mais seco em janeiro
Conforme o verão avançou, o cenário começou a mudar. Em janeiro, a ZCAS perdeu força, e bloqueios atmosféricos impediram a chegada de frentes frias ao interior do país. Enquanto o Norte e o litoral do Nordeste registraram volumes expressivos de chuva, o Centro-Oeste, Sudeste e interior do Nordeste enfrentaram precipitação abaixo da média. A primeira onda de calor, ocorrida entre os dias 14 e 19 de janeiro, estabeleceu um padrão de temperaturas elevadas que influenciaria os meses seguintes. O calor começava a se intensificar, especialmente no Centro-Sul.
Fevereiro: calor extremo e chuva irregular
Fevereiro foi o mês mais quente do verão, com ondas de calor sucessivas atingindo o Centro-Sul. O calor intenso impactou diretamente a distribuição das chuvas, resultando em um forte déficit hídrico em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e grande parte do Nordeste. Enquanto isso, o Norte do Brasil e o litoral do Nordeste registraram acumulados elevados devido à atuação intensa da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), com estados como Maranhão, Piauí e Ceará acumulando mais de 300 mm de chuva. Enquanto algumas regiões sofriam com a seca, outras enfrentavam chuvas torrenciais.
Figura 2- Mapa de chuva registrado no Brasil entre 01 de fevereiro de 2025 e 28 de fevereiro de 2025. Fonte: Climatempo.
Março: contrastes regionais e chuva volumosa no Norte e Nordeste
Em março, os contrastes na distribuição da precipitação foram ainda mais marcantes. O Norte e o litoral do Nordeste continuaram a receber chuvas intensas, graças à ZCIT, enquanto o Centro-Sul enfrentou precipitação irregular. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná registraram volumes reduzidos, e o Centro-Oeste manteve a tendência de seca, especialmente em Mato Grosso e Goiás. A atuação de frentes frias mais fracas no Sul e Sudeste contribuiu para o padrão de pouca chuva e temperaturas acima da média. Enquanto isso, no Norte e Nordeste, a nebulosidade elevada ajudou a amenizar as temperaturas, criando um alívio térmico em meio ao calor intenso que dominava o restante do país.
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Figura 3- Mapa de chuva registrado no Brasil entre 01 de março de 2025 e 19 de março de 2025. Fonte: Climatempo.
Eventos de chuva extrema
Apesar da irregularidade das chuvas no Centro-Sul, episódios de chuva extrema causaram transtornos e impactos severos. Em São Paulo, mais de 140 mm de chuva em apenas 3 horas no dia 24 de janeiro resultaram em alagamentos e problemas de mobilidade urbana. Curitiba também enfrentou chuvas intensas, com mais de 80 mm acumulados em 4 horas. Na Grande Florianópolis, entre os dias 15 e 17 de janeiro, o acumulado de chuva ultrapassou 350 mm, provocando inundações, deslizamentos de terra e desabamentos, levando a prefeitura a decretar situação de emergência. Esses eventos extremos destacaram a imprevisibilidade e a força dos fenômenos climáticos durante o verão de 2025.
Influência do La Niña e das ondas de calor
O fenômeno La Niña teve um papel crucial no comportamento climático do verão de 2025. Sua atuação intensificou a seca no Sul do Brasil e favoreceu chuvas abaixo da média no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina. Além disso, as cinco ondas de calor registradas ao longo da estação dificultaram a formação de nuvens de chuva no Centro-Sul, resultando em períodos prolongados de estiagem e temperaturas recordes. No Norte e Nordeste, o calor e a umidade favoreceram chuvas persistentes e volumosas, como esperado para a época. A migração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) no final do verão ajudou a manter a nebulosidade elevada, reduzindo um pouco as temperaturas na faixa norte do Brasil.
Temperaturas verão de 2025
O verão de 2025 foi uma estação de extremos. O início foi marcado por chuvas volumosas, mas o avanço das ondas de calor trouxe períodos prolongados de seca e temperaturas muito elevadas. O Centro-Oeste, Sudeste e Sul enfrentaram chuvas irregulares, enquanto o Norte e o Nordeste tiveram acumulados elevados devido à influência da ZCIT. O La Niña e os bloqueios atmosféricos foram determinantes para o cenário climático, com eventos de chuva extrema causando impactos significativos em diversas regiões.
No Centro-Sul, as temperaturas ficaram consistentemente acima da média, impulsionadas por cinco ondas de calor consecutivas. Essas ondas de calor mantiveram o calor persistente e elevaram os recordes térmicos em diversas cidades, com destaque para fevereiro, que foi o mês mais quente do verão. A atuação de massas de ar quente e secas, combinadas com bloqueios atmosféricos, impediu a chegada de frentes frias por longos períodos, favorecendo o calor extremo e reduzindo a frequência de chuvas nessas regiões.
Por outro lado, no Norte e Nordeste, as temperaturas ficaram ligeiramente abaixo da média, graças à presença persistente de chuvas. O calor e a alta umidade característicos da estação favoreceram a formação frequente de nuvens de chuva, o que contribuiu para amenizar as temperaturas. Além disso, no final do verão, a migração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) intensificou a nebulosidade na costa norte do Nordeste e em parte da Amazônia, reduzindo ainda mais o aquecimento diurno nessas áreas.
Figura 4- Mapa de anomalia de temperatura (diferença da média) entre 21 de dezembro de 2024 e 19 de março de 2025. Fonte: Climatempo.
Com a chegada do outono, a expectativa é de uma redistribuição mais equilibrada das chuvas e uma redução gradual do calor intenso, mas o monitoramento contínuo será essencial para lidar com os impactos dos extremos climáticos. O verão de 2025 serviu como um alerta para os desafios que as mudanças climáticas podem trazer, exigindo preparação e adaptação para enfrentar cenários cada vez mais imprevisíveis.
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