Capacidade profissional feminina no agro é reconhecida pelo mercado
por Sociedade Nacional de Agricultura
em 23/03/2025 às 5h21
5 min de leitura

Foto: freepik.com
A participação feminina no agronegócio brasileiro tem aumentado a largos passos, seja como veterinárias, engenheiras agrônomas e agrimensoras ou donas de propriedades rurais, ressaltando um salto no âmbito da tecnologia, por meio da liderança em startups.
Dados
Segundo dados do último Censo Agropecuário do IBGE (2017), do total de mulheres atuantes neste ramo, 59,2% são proprietárias ou sócias de grandes grupos, 30,5% estão na gerência ou administração e 10,3% são funcionárias ou colaboradoras do setor agropecuário.
Em 2024, do número integral de pessoas empregadas no campo, 62,6% eram homens e 37,4%, mulheres. Ou seja, de uma soma aproximada de 28 milhões de vagas no agro, quase 11 milhões eram do sexo feminino, de acordo com informações do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Já como donas de propriedades rurais, 50% estão no ramo da pecuária, 43% comandam lavouras, 4% estão no setor de florestas e o restante de 3% exercem outras atividades, a exemplo da aqüicultura, como aponta o IBGE 2017.
Suinocultura
Membro da quarta geração de italianos no Brasil, Flávia Brunelli, fundou há oito anos a Del Veneto, uma empresa precursora em cortes especiais de carne suína e criadora de uma linha diferenciada com novos usos para a carne de porco.
A empresa fundada por Flávia atende ao segmento gourmet com produtos elaborados a partir de leitões de leite, oferecendo opções como Carré, Short Rack, T-bone, Ancho, American Steak, Boston Butt, Prime Rib e Stinco.

Flávia Brunelli é um dos nomes mais promissores da suinocultura brasileira – Foto: Moztarda Comunicação
“Herdei o legado de meu avô, Umberto Brunelli, nascido em 1930, em Velo Veronese, na Itália. Ele criava suínos e produzia embutidos antes de se mudar para o Brasil, aos 20 anos. Aqui, consolidou a tradição familiar, que permanece viva na Del Veneto e na Fazenda Malga Vazzo, na Itália”, afirmou Flávia Brunelli.
No Brasil, a produção de carne suína atingiu 5,3 milhões de toneladas ano passado, impulsionada pelo abate de 57,6 milhões de animais, conforme Pesquisa Trimestral de Abate do IBGE. “O manejo segue critérios que garantem bem-estar animal e sustentabilidade, incluindo o reaproveitamento de resíduos para produção de adubo orgânico e energia elétrica. A modernização da criação e a gestão ambiental são fundamentais para garantir qualidade e eficiência na produção”, enfatizou Flávia.
Mais Conexão Safra
Em 2023, Flávia Brunelli foi eleita como destaque neste setor pela Forbes Under 30, consolidando-se como um dos nomes mais promissores do agro brasileiro.
Tecnologia e inovação
O setor de tecnologia e inovação também tem representação presença feminina no Brasil. Formada em Zootecnia e Doutora em Produção Vegetal pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Mariá Moraes Amorim é CEO e founder da Seed4Seed, uma startup que desenvolveu o I4Seed, primeiro aplicativo de análise automatizada de sementes capaz de analisar com rapidez e precisão lotes de sementes utilizando inteligência artificial (IA).
A Seed4Seed faz parte do SNASH, ecossistema de inovação apoiado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) e foca na fenotipagem de alto desempenho, na identificação e quantificação de danos visíveis. Todas as análises de qualidade física, fisiológica e sanitária são realizadas a partir de imagens digitais capturadas pelo celular.

Mariá Amorim, CEO e founder da Seed4Seed
“Todo o processo é realizado pelo software utilizando redes neurais artificiais, que é um método de IA inspirado no funcionamento do cérebro humano. Nós conseguimos reduzir o erro humano a quase zero e eliminamos a subjetividade da análise. O software pode beneficiar tanto a indústria de sementes, quanto os consumidores. É a certeza de ter um produto de grande confiabilidade, além de ser uma maneira de reduzir prejuízos em tempos de maior necessidade de produtividade por área e de mudanças climáticas”, afirmou Mariá Amorim.
A CEO da Seed4Seed comentou sobre atuar em um ambiente predominantemente masculino e, ressaltou que, atualmente, existem muito mais mulheres atuando no agronegócio.
“E falo tanto enquanto prestadoras de serviço, quanto mulheres à frente das propriedades e indústrias deste setor. Há 15 anos era bem mais difícil. Eu vim me acostumando a estar nesse campo durante todo o meu tempo de formação e, agora, empreendendo, é realmente desafiador, mas vamos desenvolvendo algumas habilidades. Acho que a mulher também tem essa capacidade de se adaptar. Hoje, vejo que enfrento bem menos resistência, em relação há tempos atrás. Atualmente, conseguimos conversar de igual pra igual e percebo que nossa capacidade está sendo levada em conta no mercado. Espero que muito mais mulheres atuem neste setor”, finalizou Mariá Moraes Amorim.
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