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Arno Wieringa: Abelha faz bem a saúde

por Redação Conexão Safra

em 07/10/2013 às 0h00

6 min de leitura

Arno Wieringa:  Abelha faz bem a saúde


A apicultura, além da extração do mel, possibilita que o agricultor familiar confeccione produtos da agroindústria à base de mel ou da cera de abelha para aumentar o valor agregado da sua produção e com isso complementando a renda familiar através da atividade. A matéria prima após benefi ciada pode se transformar em sabonetes, velas, própolis e pão de mel.


Esse é o trabalho desenvolvido pelo engenheiro agrônomo Arno Wieringa e sua esposa Neuza Vicente dos Santos, no Apiário Florin, em Pedra Azul, no município de Domingos Martins. Nascido Bergambacht, uma pequena cidade perto Rotterdã, na Holanda, Arno veio para o Brasil há 10 anos e desde então, se dedica a apicultura.


Ele contou que o conhecimento nas áreas de meio ambiente, manejo sustentável e gestão empresarial foram muito úteis. “Meus pais sempre trabalharam com apicultura e isso me impulsionou a montar aqui no Brasil meu próprio negócio. Fiz cursos em São Paulo e me capacitei para a produção ”, comentou Arno, que trabalha com a abelha africanizada, que é a mistura da africana com a européia. “A apicultura é um vício, que começa na atividade não larga mais. A missão do apicultor é falar bem da abelha e ela faz bem a saúde ”, ressaltou Wieringa.


Agora o período de inverno, como a região é muito fria, não tem produção de mel. “O enxame se mantém, mas não produz em grande escala. Descobrimos aqui na região um grande potencial de turismo e fomos os pioneiros da atividade no estado. Antes vendíamos os produtos no atacado e hoje já temos nossa própria loja ”, contou.


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No inverno, as abelhas são alimentadas com mel e uma ração rica em proteína, que substitui o pólen nesse período. “No ano passado perdemos 35 colméias, pois as abelhas migram por falta de alimentação e nesse ano, nos preparamos para não perder muitas ”, explicou Arno.


A esposa do apicultor contou que no início o produto não tinha tanta saída e a demanda foi aumentando aos poucos. “Hoje, a situação inverteu. Agora no período da entressafra temos um fornecedor, mas não damos conta de atender todas as pessoas que procuram ”, explicou Neuza, que no início também trabalha com o marido no campo, mas agora trabalha com a produção e o atendimento na loja dos produtos, anexa à residência do casal.


Além da produção e da loja de agroturismo, as colméias estão abertas á visitação. “As pessoas podem vir conhecer o processo de produção do mel e pólen. Constantemente recebemos visitas aqui de turistas interessados em ver de perto como funciona a criação e a produção do mel ”, frisou Neuza.


Produção


A produção média do casal é de 3 a 5 toneladas, de acordo com a fl orada. “Estamos nos adequando a algumas exigências estaduais para atender um mercado maior e fornecer o produto para os supermercados do Espírito Santo. Hoje, o nosso forte são as vendas pela internet, que é uma ferramenta importante na divulgação de nosso trabalho ”, explicou Wieringa.


Arno contou que são produzidos 10 tipos diferentes de mel: Camará, Eucalipto, Macadâmia, Café, Assa-Peixe, Mamoninha, Seringueira, Capuxinho, Silvestre e composto. “Participo sempre que posso de cursos e recentemente, estive em um Congresso Internacional realizado em Gramado e trouxe muita coisa para fazer aqui. O trabalho de apicultura te coloca em contato direto, próximo a natureza e abelhas. O que funciona como uma terapia, tanto para nós apicultores, como para os turistas que são levados até as abelhas para conhecer o manejo e produção. Isso gera um reconhecimento de nosso trabalho e nos dá uma grande satisfação pessoal ”, contou o engenheiro agrônomo.


A opinião da esposa não é diferente. “No início não tínhamos experiência e levávamos muitas picadas, mas hoje já estamos acostumados e aprendemos muita coisa e as picadas diminuíram bastante. Trabalhar com a produção de mel é uma coisa muito gostosa ”, disse Neuza.


Arno contou que a produção de mel pode ser sim a principal fonte de renda do produtor, mas também pode ser um péssimo negócio. “Dependemos da natureza para produzir, que exige muita fl exibilidade e dedicação do apicultor. Se estiver chovendo, por exemplo, não temos como coletar o mel. Mas, a produção do tem é uma renda interessante ”, continuou.


Agroturismo


Pioneiro no Espírito Santo na produção de Cachaça e vinhos, feitos a base de mel, o Apiário Florin conta com a parceria de universidades, para desenvolver estudos avançados sobre a melhoria da qualidade e da produção do hidromel. Além disso, é oferecida uma grande variedade de produtos de abelha.


Na lojinha de agroturismo eles vendem produtos como: pomada de própolis, gel de própolis, geléia real, hidratantes, uma grande variedade de mel, hidromel (vinho de mel), licor, cachaça, vinagre, pólen, entre outros, além da apitoxina (veneno da abelha), usado como antiinfl amatório e está sendo muito usado para o trabalhando antirugas, sendo chamado de ‘botox natural’. A pomada de apitoxina é manipulada em São Paulo.


“A procura maior em nossa loja é pelo mel e em nossa loja virtual a campeã de vendas é a apitoxina. Nosso objetivo é agregar valor na produção apícola com venda em casa da nossa produção rural ”, explicou Arno.


“Com a agregação de valor ao nosso produto (loja de agroturismo e vendas online) conseguimos uma rentabilidade em torno de 30 a 35%. Se fóssemos trabalhar no mercado atacado, essa renda seria bem menor, 10 a 15%. Mas somos realizados por trabalhar com o que gostamos. Encontrei o que procurava trabalhando com a criação de abelhas e a produção de mel. Participamos do projeto APES do Sebrae em parceria com o Senar junto com outros 400 produtores do estado, e isso também é um grande incentivo ”, completou Wieringa.


Apes


O projeto rede apes, implantado em 2007, é coordenado pelo Sebrae e conta com a parceria do incaper, instituto de defesa agroflorestal (idaf), Secretaria de agricultura, abastecimento, aquicultura e pesca (Seag), Serviço nacional de aprendizagem rural (Senar), petrobras, Fíbria e Samarco. O trabalho atende diretamente a 408 apicultores e envolve no total cerca de 1.700 pessoas.


A rede apes é constituída por 24 municípios, sendo eles: Aracruz, Fundão, Viana, Santa Maria Jetibá, Domingos Martins, Marechal Floriano, Afonso Cláudio, Cachoeiro de Itapemirim, Iúna, Ibatiba, Dores do Rio Preto, Guaçuí, &Aacute,gua Doce do Norte, &Aacute,guia Branca, Jaguaré, Alto Rio Novo, Mantenópolis, Pancas, São Gabriel da Palha, São Domingos do Norte, São Mateus e Guarapari. a partir desse ano, os municípios de conceição da Barra, Barra de São Francisco, nova venécia, Baixo Guandu, Laranja da Terra, Santa Teresa, Muniz Freire e Castelo, começaram a fazer parte do programa, totalizando 32 municípios beneficiados. Os municípios que possuem as maiores produções de mel são Aracruz e Fundão, cada um produzindo 35 toneladas ao ano, logo abaixo vem Colatina com uma produção de 30 toneladas. São mateus, Domingos Martins e Marechal Floriano fecham a lista dos cinco maiores produtores do estado com cerca de 20 toneladas ao ano, cada.

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