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Fruticultura

Doenças causam prejuízo para produtores de mamão no Norte do ES

por Rosimeri Ronquetti

em 23/01/2024 às 7h00

5 min de leitura

Doenças causam prejuízo para produtores de mamão no Norte do ES

Foto: divulgação

Os municípios produtores de mamão no Espírito Santo enfrentam sérios problemas com o avanço da meleira e o mosaico do mamoeiro, viroses que afetam a planta e se alastram rapidamente de uma lavoura para outra. A única forma de controle dessas doenças é o chamado roguing (corte das plantas contaminadas), uma vez que não existe tratamento.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex), José Roberto Macedo Fontes, explica que o problema se agrava gradativamente. O principal motivo é a resistência de alguns produtores em realizar o manejo correto de controle das doenças.

“São viroses que se expandem muito rápido e para sanar é preciso o manejo adequado por parte de todos os produtores. Não adianta um produtor fazer se o vizinho não faz. Chegamos a esse aumento das doenças justamente por causa da resistência de muitos produtores em erradicar as plantas contaminadas”, disse Fontes.

Fontes ressalta ainda que essa é uma situação preocupante. “Precisamos aumentar a produtividade e isso não tem ocorrido. Com as viroses têm caído a produtividade”, explica.

O produtor Juraci Avancini, de Córrego do Índio, Aracruz, tem cerca de 16 mil pés da fruta em três áreas diferentes. Em uma lavoura com três mil mamoeiros, Juraci já precisou cortar cerca de mil, devido ao avanço das doenças. “Precisamos ficar de olho 24 horas por dia para tentar controlar o mosaico e a meleira. Mesmo assim, não damos conta. A gente cuida, mas os vizinhos não cuidam, aí não tem jeito. Não sei mais o que fazer”, relata Juraci.

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O produtor se queixa da ausência de vistoria por parte do Instituto de Defesa Agropecuária e do Espírito Santo (Idaf), órgão responsável pela fiscalização, nas lavouras de mamão.

“Nós precisamos de apoio para controlar o problema. Queremos que o Idaf fiscalize e faça uma varredura nas lavouras infestadas. Já denunciamos mais de uma vez”, salienta.

Vizinho de Juraci, Valdemir Schwenck Scopel, já erradicou cerca de 60% de sua lavoura, um prejuízo que passa de um milhão de reais. “A roça tinha 70 mil pés de mamão, mas precisei cortar mais de 60% devido à meleira e ao mosaico. É um prejuízo muito grande. Aqui na região eu não tenho mais coragem de investir no plantio de mamão”, finaliza.

A reportagem buscou o Idaf, que respondeu aos questionamentos. Confira:

O Idaf é o fiscalizador junto aos produtores?
Compete ao proprietário eliminar, às suas expensas, as plantas infectadas – técnica chamada roguing. Cabe ao Idaf, como órgão estadual de defesa sanitária vegetal (OEDSV), a verificação do roguing e as ações de inspeção fitossanitária.

Existe alguma lei, federal ou mesmo estadual, sobre o assunto?
São duas instruções normativas que estabelecem os procedimentos para a inspeção fitossanitária nas lavouras de mamão nos Estados que possuem programas de exportação de mamão para o mercado americano, caso do Espírito Santo. No âmbito federal, é a Instrução Normativa nº 17, de 27 de maio de 2010, e no âmbito estadual a Instrução Normativa nº 002, de 24 de abril de 2019.

O que acontece com os produtores que desobedecem a essa orientação de erradicar as plantas doentes?
Se, nas inspeções realizadas pelo Idaf, forem detectadas plantas com sintomas de meleira ou mosaico, o proprietário tem prazo máximo de sete dias para realizar as vistorias e erradicar, rente ao solo, todas as plantas sintomáticas. Findo o prazo, nova inspeção no local deve ser realizada pelo Idaf. Caso não tenha sido cumprida a determinação da fiscalização, o agente deve proceder a coleta das amostras para diagnóstico fitopatológico em laboratório oficial ou credenciado, pertencente à Rede Nacional de Laboratório Agropecuário do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Vegetal, para a emissão de laudo conclusivo. Confirmada a presença da praga meleira ou mosaico do mamoeiro na amostra, o agente do Idaf deve proceder uma nova fiscalização na lavoura para entrega do laudo fitopatológico e verificação do controle realizado. Na lavoura com permanência de plantas sintomáticas, pela inexistência ou ineficiência do roguing, o Idaf deve providenciar ações necessárias para a erradicação compulsória de todas as plantas com sintomas típicos da(s) virose(s), além da possibilidade de aplicação de multa.

Qual o número de ações, multas ou punições feitas em 2023?
Em 2023 foram realizadas inspeções fitossanitárias em 427 propriedades, totalizando 629 lavouras e 6.756,37 hectares.

O que foi feito em 2023 quanto a conscientização dos produtores? 
As ações de educação sanitária são realizadas rotineiramente junto às ações de inspeção sanitária, em que são feitas abordagens educativas individualizadas para orientação dos produtores. Além disso, recentemente ocorreu um simpósio no município de Pinheiros com a participação de várias entidades ligadas ao setor produtivo do mamão e órgãos de defesa vegetal de outros Estados produtores.

Tem alguma ação prevista para os próximos meses?
As ações são realizadas rotineiramente pelo Idaf. A informação de ausência de vistorias por dois anos não se confirma. Nos últimos dois anos, somente no município de Aracruz, foram alcançados os seguintes números:
2023
68 propriedades
100 lavouras
800 hectares
2022
12 propriedades
14 lavouras
82,5 hectares

Quando foi a última ação do Idaf em Aracruz, distrito de Jacupemba?
Não temos registros especificados por distritos. A classificação é feita por município.

Como é o procedimento quando um produtor faz uma denúncia como essa?
São aplicados os procedimentos de inspeção fitossanitária conforme instruções normativas citadas anteriormente.

 

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