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Educação

Uma escola que forma produtores de café

Projeto “Educação dos Futuros Produtores de Café”, mantido pela Coocafé em parceria com o Instituto Louis Dreyfus, é um dos dois ligados à cafeicultura no mundo que contam com apoio da multinacional

por Leandro Fidelis

em 28/08/2019 às 14h34

5 min de leitura

Uma escola que forma produtores de café

*Fotos: Leandro Fidelis

A manutenção dos jovens no campo está na cartilha do agronegócio, tendo em vista o crescimento da demanda mundial de alimentos. Afinal, se todos forem para os grandes centros em busca de oportunidades, quem vai ficar na zona rural e produzir para alimentar uma população que deve chegar a 8,6 milhões de pessoas em 2030, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU)?

Em Chalé, nas Matas de Minas Gerais, um projeto inédito mantido pela Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé), com atuação naquele Estado e também no Espírito Santo, e em parceria com o Instituto Louis Deyfus, multinacional com sede na Suíça, dá sua contribuição para reverter o êxodo rural e promover uma vida mais digna no campo.

É o projeto “Educação dos Futuros Produtores de Café ”, que envolve 130 alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Manoel Felisberto Pereira Alvim. Trata-se de um dos dois projetos ligados à cafeicultura no mundo, sendo o único do Brasil, apoiados pela Louis Deyfus. O outro é desenvolvido na Colômbia.

O ‘Educação’ teve início em 2019 e a duração prevista é de três anos. Segundo a professora interdisciplinar Kelly Brasil, o objetivo é transformar os estudantes em consultores de café para trazer alternativas e soluções para os cafeicultores da região, em especial na diminuição dos custos de produção, situação verificada na atual safra.

O programa conta com aulas práticas e teóricas que abordam desde o preparo do solo, as questões ambientais e o pós-colheita ministradas pelo técnico da Coocafé, Marcos Eduardo Poubel.

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“O grupo é diverso, em sua maioria filhos de produtores e trabalhadores da panha de café que estudam à noite. A união dos alunos está sendo surpreendente ”, destaca Kelly.


O café está presente em toda a grade curricular de ensino. Tem café na matemática, na física, na química…

“A ideia é formar futuros produtores de café e garantir o futuro da cooperativa, com profissionais na área de cafeicultura que trabalhem para a Coocafé ou sejam cafeicultores associados ”, ressalta a professora de física, Elaine Hubner.

Exposição

A escola teve oportunidade de apresentar as ações do “Educação dos Futuros Produtores de Café ” durante a 8ª Feira de Negócios Coocafé, de 1º a 3 de agosto, no Armazém de Aerado, zona rural de Lajinha (MG). No estande do projeto, alunos e professores mostraram ao público os primeiros resultados disseminados entre os produtores de Chalé.

A aluna Sabrina Oliveira, de 17 anos, afirma a importância do trabalho em equipe. “O nosso trabalho só vai para frente se for desempenhado em equipe. Levo este aprendizado para dentro de casa e passo para meus pais ”, diz.

“Aprendi muito sobre a maneira correta do uso de agrotóxicos e a importância do manejo correto na lavoura ”, completa a colega Paloma de Oliveira (16).

Outras meninas se mostraram bastante interessadas em fazer parte do projeto. Anaelen Gomes (17) pensa em futuramente cursar agronomia. “O programa abriu nossos olhos para profissões que nem pensávamos em seguir ”.

A aluna Sabrina Oliveira enaltece a importância do trabalho em equipe.

Gustavo Souza, da mesma idade, é filho de cooperado da Coocafé e produz café junto com o pai. “Estou conhecendo novas práticas para fazer tudo corretamente na roça. Levo as novas tecnologias para casa e meu pai, que é mente aberta, tem recebido bem as inovações ”, conta.

A aluna Marinalva da Silva (17) é uma das líderes do projeto e também filha de associado à cooperativa. “Também passo conhecimento para meu pai na lavoura, a exemplo da análise do solo, e até agora está dando certo. É um ajudando o outro. Sendo uma das líderes do projeto consigo enxergar melhor a importância do cooperativismo na atividade ”, avalia.

Gustavo é filho de cooperado da Coocafé e ressalta a abertura em família para implantar novas tecnologias na lavoura.

Sustentabilidade

Fundada em 1851, a Louis Dreyfus Company (LDC) atua no setor agrícola, com um portfólio diversificado que abrange toda a cadeia de valor, desde a origem até a distribuição.

Com sede administrativa em São Paulo, a visão da empresa é trabalhar por um futuro seguro e sustentável, contribuindo com o esforço global de prover sustento a uma população crescente. Atualmente, apoia 14 projetos sustentáveis em todo o mundo, sendo apenas dois ligados à cafeicultura.

Para o presidente da Coocafé, Fernando Cerqueira, o trabalho conjunto entre a cooperativa e os estudantes fortalece a cafeicultura. “Gera força extraordinária. É o único projeto onde um mais um dá mais do que dois ”, diz.

Segundo Cerqueira, cada vez mais a família tem participado dos negócios do produtor. “Estamos saindo de uma cultura extremamente machista, onde somente o homem fazia negócios e sabia das coisas, e hoje vemos a mulher participando e os filhos, que saíram para estudar e agora estão retornando, ajudando na administração da propriedade ”.

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