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Economia

Por que as carnes de boi, porco e frango estão tão caras?

por Fernanda Zandonadi

em 19/09/2021 às 14h17

4 min de leitura

Por que as carnes de boi, porco e frango estão tão caras?

Foto: Pixabay

Uma volta pelos supermercados é o suficiente para os consumidores perceberem que a compra do mês está cada vez mais cara. A escalada dos preços dos combustíveis – 27,51% de alta de janeiro a julho deste ano, segundo o IPCA – e da energia elétrica – 7% de reajuste mais 12% de alta, em média, por conta da bandeira vermelha 2 -, respinga fortemente nos carrinhos que passam pelos caixas dos supermercados.

Para dar uma ideia, o custo da cesta básica medido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apontou alta de 21,5% em 12 meses, encerrados em agosto, em Vitória. Apesar de os dados apresentados pelo órgão se limitarem às capitais, ainda é um bom retrato teórico daquilo que todos os consumidores veem, diariamente, na prática em todo Espírito Santo e no país.

E a carne bovina mostra-se como a grande vilã da vez. Depois da inflação do arroz no final do ano passado, quando a sacola de cinco quilos chegou aos R$ 25, hoje o churrasco do final de semana está ameaçado. A carne teve uma alta, no país, de 30,8% em 12 meses, de julho do ano passado a agosto deste ano.

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E a tendência, segundo especialistas, é de que o cenário não melhore nos próximos meses e a inflação das proteínas supere a marca de 10% em 2021, depois de um 2020 de escalada de preços. O aumento previsto para 2021 está bem acima da estimativa para a inflação oficial (IPCA), de 5,9%.

De acordo com informações da consultoria LCA ao Estadão, a maior alta neste ano continuará sendo no preço da carne de boi (17,6%), seguida da de porco (15,1%) e de frango (11,8%). Alternativa às carnes, o valor do ovo de galinha também deve subir (7,6%).

Segundo o superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, alguns produtos realmente ficaram fora da curva. A carne, por ser uma commodity, sofreu mais com a alta do dólar e a sazonalidade. “O Brasil é um grande produtor de carne bovina, mas também um grande exportador. E a diferença cambial é muito grande. O dólar e o euro estão muito valorizados frente ao real. Então, o mercado interno prefere exportar e, quando há escassez de produto, a tendência é de alta nos preços”, explica.

Mas não é apenas o dólar alto que alavanca o preço da carne. “Tivemos a entressafra. E o clima foi atípico, o frio castigou as pastagens. Mesmo os pecuaristas que engordam no confinado sofreram com a alta da soja e do milho, que foram afetados pelos problemas climáticos”, avalia, explicando que os próximos meses até março do ano que vem, é época do boi gordo, o que pode ajudar a frear os preços.

Alternativa no prato

Se a chamada “carne vermelha” encarece, normalmente o consumidor busca alternativas. Mas parece que são poucas nas gôndolas. Carnes suína e de aves tiveram aumentos expressivos nos últimos meses, principalmente pela alta do milho e da soja, itens que compõem os alimentos dos animais.

Os custos de produção, segundo a Embrapa, subiram 52,30%, para o frango, e 47,53%, para os suínos, nos últimos 12 meses finalizados em agosto. O milho teve alta de preços de 68,8% em 2020, enquanto a soja ficou 79,4% mais cara no atacado. E, para 2021, as projeções apontam aumento de 39,8%, para o milho, e de 7,2%, para a soja.

Mas os suínos e aves têm o tempo como vantagem: entre 45 e 70 dias já se produz uma ave para o abate, enquanto o bovino demora mais de dois anos e meio.

E o Natal?

Fica a incógnita sobre se o Natal do capixaba e do brasileiro será com mesa farta ou com escolhas econômicas. “Temos de ser realistas: estamos pagando uma conta muito expressiva por conta da pandemia também. No início, tudo parou. Foi uma experiência mundial e com um impacto econômico assustador. A conta chegou com alta da inflação, que é, simplesmente, a falta de produto no mercado. Se há oferta, o preço cai. Foi uma infeliz experiência e que está muito cara para todo o mundo. Foram muitas vidas perdidas e prejuízos econômicos incalculáveis”, avalia Schneider.

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