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A alta dos preços dos alimentos no Brasil não é um fenômeno isolado, mas o resultado da interação de fatores estruturais e conjunturais. A crise climática, a instabilidade do dólar e as incertezas geopolíticas globais se unem para pressionar os preços dos alimentos. Produtos básicos como ovos, café e carne bovina têm apresentado aumentos significativos, impactando diretamente o bolso dos consumidores.
Os ovos registraram uma alta contínua desde a segunda quinzena de janeiro. Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) atribuem esse aumento à crescente demanda pela proteína, combinada com uma oferta limitada. E não há sinais de arrefecimento nos preços nas próximas semanas.
O café, outra paixão nacional, também atingiu o maior preço médio mensal da série histórica do Cepea em janeiro. A explicação para essa alta está na oferta limitada de cafés disponíveis para negociação, devido ao alto volume já vendido, estoques reduzidos pela menor produção no Brasil e no Vietnã, demanda internacional firme e projeções de safra 2025/26 ainda pequena.
Já a carne bovina, um item indispensável no cardápio dos brasileiros, apresenta um cenário de indefinição. As vendas se mantêm estáveis no atacado, mas as exportações do produto têm apresentado redução, o que pode gerar um alívio para o bolso dos consumidores brasileiros.
Inflação dos alimentos
Mas, o que está causando a inflação dos alimentos e o que esperar para os próximos meses? O economista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ednilson Felipe, destaca que dois movimentos concomitantes estão em curso. O primeiro, de natureza estrutural, está ligado à crise climática, que impõe desafios à produção agrícola.
“Com a mudança na estrutura do clima, a economia terá dificuldade de produzir com a mesma técnica e com o mesmo risco baixo de antes. Eventos climáticos extremos, como enchentes, geadas e secas, geram incerteza e afetam a produção, elevando os preços dos alimentos de forma duradoura”, explica.
Somado a isso, há questões pontuais que afetam produtos diferentes. É o que acontece com a carne, que em alguns momentos têm demanda externa aquecida e, em outros, sofre com a suspensão de importação por outros países. Uma gangorra do comércio mundial que inevitavelmente chega às prateleiras dos supermercados brasileiros.
O dólar e os alimentos
A instabilidade do dólar é outro fator que merece atenção, já que a moeda em alta favorece as exportações. “Historicamente é temeroso interferir no dólar por objetivos pontuais. A flutuação cambial, embora gere problemas, é essencial para expressar a conjuntura econômica”, explica.
Além disso, há a geopolítica global, com destaque para as ações de grandes potências, como os Estados Unidos, que adicionam mais um grau de incerteza. Na prática, as políticas comerciais e as relações internacionais podem ter impactos significativos no câmbio e, consequentemente, nos preços dos alimentos.
Diante desse cenário, Ednilson Felipe adverte que não há soluções simples. “Não é apenas política fiscal que vai combater a inflação”, afirma. “Teremos que nos acostumar com essa imprevisibilidade climática e entender que a produção agrícola é a primeira a sofrer”.





