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Coronavírus

Efeitos da pandemia na produção e demanda do leite no mundo

por Assessoria de Comunicação OCB/ES

em 27/07/2020 às 12h36

3 min de leitura

Efeitos da pandemia na produção e demanda do leite no mundo

Jarra de vidro cheia de leite Foto gratuita
Foto: Freepik

No cenário internacional, os últimos três anos (2017-2019) foram de relativa estabilidade nos preços do leite. A média de US$ 0,35/litro no período, ficou abaixo de 5% do patamar histórico de US$ 0,37/litro (indicador IFCN para o preço internacional do leite ao produtor). Em 2019, a produção mundial deve ter crescido somente 1,4% e ainda se encontra em apuração.

Para 2020, a produção mundial de leite parece não ter efeito direto da pandemia. Mas, estima-se um crescimento baixo, de 0,5%, em razão de fatores diversos. A pandemia afetou a demanda, ainda que em magnitude menor do que se previa. Entretanto, indiretamente a desvalorização das moedas frente ao dólar em vários países tem afetado as importações e tornado alguns países mais competitivos em termos de preços do leite.

No caso do Brasil, em termos históricos (2010 a 2019), os preços do leite têm sido 10% acima do preço médio mundial estimado pelo IFCN. O efeito do câmbio agora mostra uma situação diferente. Em dólar, o preço bruto ao produtor, calculado para junho foi US$ 0,31/litro, uma diferença de 8% a menos em comparação com o indicador do IFCN (US$ 0,34/litro).

Já em reais, a média do Brasil ficou em R$ 1,63/litro e do indicador do IFCN em R$ 1,79/litro. Constata-se ainda que entre 2010 e 2019, houve aumento real do preço bruto do leite da ordem de 2,9% ao ano. A média de dez anos foi R$ 1,39/litro e a média real projetada para 2020, de acordo com a ponderação dos preços mensais, ficou em R$ 1,57/litro. As duas médias contabilizam uma diferença de R$ 0,18/litro, equivalente a 13% acima da média histórica.

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A mistura milho + farelo de soja (70% + 30%) que nos últimos três anos teve um preço médio de R$ 0,88 por kg, ficou 24% mais cara em junho de 2020: R$ 1,09/kg. Esse preço foi puxado pela soja, a R$ 1,61/kg, 25% acima de sua média histórica de R$ 1,29/kg em valores corrigidos. Se, por um lado, houve aumento no custo da mistura, o impacto para o produtor pode ter sido proporcionalmente menor na produção.

Isto porque, na proporção de um quilo para a produção de três litros de leite, a mistura custou R$ 0,36/litro. O valor remanescente do preço bruto recebido pelo leite para pagar os demais custos da atividade ficou em R$ 1,27/litro, acima do valor histórico de R$ 1,10/litro, correspondendo a um ganho para o produtor de 16%.

A indústria está buscando mais matéria-prima local. Apesar do período da entressafra e de um pequeno incentivo por parte do preço em junho, as cotações do mercado spot, sinalizaram que a oferta está aquém do volume de leite demandado pela indústria.

Em junho verificaram-se aumentos que chegaram a 46%. Comparativo das variações de preços reais típicos para o mês de junho:

1. Preço bruto ao produtor de R$ 1,63/litro, 18% acima do preço histórico (R$ 1,39/litro),

2. Custo da mistura milho+soja (70%+30%) de R$ 1,09/kg, 24% acima do valor histórico (R$ 0,88/kg),

3. Margem sobre a mistura milho+soja (70+30%) de R$ 1,27/litro, 16% acima do valor histórico (R$ 1,10/litro),

4. Leite UHT no varejo de R$ 3,59, próximo do valor histórico de R$ 3,61/litro,

5. Oferta internacional estagnada, com preços em leve declínio e câmbio desfavorável às importações.

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