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Cooperativismo

Qualidade e sustentabilidade estão na pauta da CoopGinger

Os trabalhos ainda estão no início, mas a cooperativa mostra capacidade de organização para ter esse diferencial na produção do gengibre

por Leandro Fidelis

em 31/08/2022 às 7h00

5 min de leitura

Qualidade e sustentabilidade estão na pauta da CoopGinger

(*Fotos: Leandro Fidelis- Imagens com direito autoral. Proibida reprodução sem autorização)

A Cooperativa dos Produtores de Gengibre da Região Serrana do Espírito Santo (CoopGinger) caminha para a obtenção de certificações internacionais em reconhecimento à qualidade e adoção de práticas sustentáveis nas propriedades dos 50 cooperados. Os trabalhos ainda estão no início, mas a cooperativa mostra capacidade de organização para ter esse diferencial na produção.

Só para ter ideia, o mercado internacional proíbe alguns defensivos específicos que, embora autorizados no Brasil, não são aceitos pelos clientes. Por essa razão, a CoopGinger procura adequar a forma de os agricultores trabalharem na produção, com foco 100% em qualidade e sustentabilidade.

Segundo a presidente, Leonarda Plaster, são passadas algumas orientações sobre padrão de qualidade, como por exemplo, quais insumos e defensivos utilizar conforme a legislação interna. Dentre as certificações internacionais almejadas uma é a “Global Gap” e outra, de produtos orgânicos. Além da adequação das propriedades rurais, o selo não prevê espaço mínimo ou máximo da área de produção.

“Nos últimos meses, a qualidade do gengibre caiu e o conceito do gengibre brasileiro sofreu uma queda. A cooperativa tem total interesse em trabalhar de forma organizada e recuperar a boa fama, colocando nosso gengibre como melhor do mundo de novo”, ressalta Leonarda.

Dentro da proposta de uma produção mais sustentável, a presidente destaca a necessidade da desburocratização de licenciamentos ambientais de impactos locais que envolvem atividades voltadas para propriedades. O objetivo é trazer melhoria para os agricultores de base familiar, fortalecendo a agricultura local e a colocando na legalidade.

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“Com processos menos burocráticos, mais céleres e menos onerosos. Outro ponto importante seriam ações, por parte do governo, voltadas para o reconhecimento de produção integrada de raízes envolvendo os países compradores de gengibre. Isso evitaria gastos à parte com tantas certificações”, ressalta a presidente.

O cooperado Sebastião Schaeffer, de Santa Maria de Jetibá, disse esperar melhorias futuras participando da CoopGinger.

“Hoje, a gente percebe que todos estamos virando reféns das grandes empresas. E cada um de nós, separadamente, não vai conseguir lá na frente, principalmente nossos filhos, ter dignidade cada um por si. Por isso a importância da cooperativa nos representando lá na frente, olhando por nós”.

Schaeffer reconhece que o mercado está cada vez mais exigente na qualidade e procedência do produto e afirma tentar fazer o máximo possível na lavoura, sempre com foco em resultados.

 

Agregação de valor

A cooperativa também quer gerar negócios para o gengibre dos associados além do comércio da raiz in natura. De acordo com o produtor e secretário da CoopGinger, Rafael Luiz Costa, a diretoria estuda outros tipos de processamento da matéria-prima. “O mercado abrange muitas possibilidades de consumo, como por exemplo, gengibre em pó, desidratado, cristalizado, doces, bebidas, entre outros”, diz.

O gengibre cristalizado virou uma febre na região de Caramuru de Baixo. A produtora e cooperada Luzia Calot comercializa sacolas do doce a R$ 2,00 cada entre os vizinhos. “Quem conhece acha uma delícia e encomenda mais”, conta.

Por ser um alimento termogênico, pois acelera o metabolismo e ajuda a emagrecer, o gengibre acaba sendo muito consumido por praticantes de atividades físicas. “Faço chá de gengibre toda manhã antes dos exercícios. Inclusive na academia também tem em pedacinhos para os alunos. Dá muita energia e disposição. Também faço muito uso da raiz em caldos e sopas porque gosto da sensação do quente com o refrescante do gengibre”, diz Márcia Abreu, moradora de Venda Nova do Imigrante.

Representatividade feminina

Leonarda Plaster é uma das três mulheres atualmente à frente de cooperativas agro no Estado. Na CoopGinger, elas representam um terço das sócias-fundadoras.

“É muito importante a participação das mulheres, porque na região elas começam desde criancinha. O trabalho de homem e mulher não tem muita diferença. Elas são guerreiras, põem a mão na massa, e esse tem sido diferencial também na cooperativa”, destaca a presidente.

Para Leonarda, as mulheres apresentam empenho maior em fazer “acontecer”, porque correm atrás e batalham para dar certo. “Todas as envolvidas na cooperativa têm essa qualidade, de não ter medo do batente, trabalhar de sol a sol. São donas de casa, babás e produtoras ao mesmo tempo. Isso contribuiu muito para a cooperativa. A gente precisa de ação”, diz.

“A mulherada tem mais força de vontade e é mais criativa”, completa a cooperada Natália Plaster.

A produtora Tânia Pagung, mulher do cooperado Sebastião Schaeffer, de Santa Maria de Jetibá, participa ativamente ao lado do marido da condução da roça. Ela afirma não ver diferença em ter uma mulher à frente da CoopGinger, mas a capacidade da presidente para ocupar esse posto.

“O grupo acreditou nela (Leonarda) para liderar a cooperativa. Como mulher, ela sabe da nossa luta. Homens também lutam muito na roça, mas a mulher tem uma jornada muito difícil e ainda encontra tempo para participar da cooperativa”.

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