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Cooperativismo

Cooabriel promove visita de campo e revive história do “pai do café conilon”

por Cooabriel

em 11/11/2021 às 15h48

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Cooabriel promove visita de campo e revive história do “pai do café conilon”

Foto: Cooabriel/divulgação

No último dia 6 de novembro, um grupo de mais de 50 pessoas com representantes de várias áreas visitaram a propriedade da família do “Pai do Café Conilon”, Dário Martinelli (in memoriam), localizada na Fazenda Damar, em Córrego do Poção, Nova Venécia. O objetivo foi conhecer a propriedade e recordar um pouco mais da história desse ícone da cafeicultura capixaba, que mobilizou o movimento da história de cultivo do café conilon do Brasil e mudou a sorte de milhares de famílias.

A excursão à propriedade foi uma promoção da Cooabriel como parte da programação de ações do XVIII Concurso Conilon de Excelência, como referência a Dário Martinelli que participou em vida de doze edições do concurso, em todos esteve entre os finalistas, chegando a ser campeão por três edições, sempre em busca da qualidade do café conilon por meio de processos tecnológicos de processamento via úmida, com o conilon cereja descascado.

A diretoria da Cooabriel esteve presente, bem como outras lideranças do cooperativismo e da cafeicultura.

Também participaram equipes da Cooabriel de várias áreas (mercado, técnica e de sustentabilidade, administrativa, atendimento ao produtor, degustação, armazém), bem como professores e estudantes do Ifes que estão atuando no projeto de qualidade do café conilon.

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A família do saudoso Dário Martinelli, a esposa, Dona Sélia Gomes Martinelli e os filhos, Francisco de Paula Gomes Martinelli e Ana Fabíola Gomes Martinelli, cooperados da Cooabriel, recebeu a comitiva recordando a trajetória do patriarca.

Ao recordar a atuação de Dário Martinelli na história da cafeicultura, o filho, Francisco (Tcheco) destacou que apesar de conduzir outras atividades econômicas ele atua na cafeicultura pela paixão com o café e recordou traços importantes da personalidade do pai quando o assunto era buscar algo novo para a atividade. “O que mais me impressiona nessa trajetória de meu pai, é a inovação, a busca constante, a inquietação e de nunca achar que estava bom. Foi assim, depois de produzir café, falou que poderia agregar mais valor e com isso conheceu e montou o sistema de café despolpado há 20 anos. Tenho orgulho de continuar com essa fazenda, de continuar despolpando normalmente cerca de 60% da produção”, disse.

“E pensar que o café conilon está fazendo 50 anos (de cultivo) começando por São Gabriel. O Dário incentivou. Ele mesmo começou plantando café no sítio em São Gabriel com acompanhamento do técnico em lavoura com curvas de nível. Na vardade, o café conilon foi distribuído pelo governador do Espírito Santo há mais de cem anos atrás aos municípios, inclusive São Gabriel, mas ninguém experimentava porque imaginavam que tratava-se de um veneno. Hoje, vemos o conilon como algo tão doce e tão suave. Espero que daqui a 50 anos, existam novas projeções e visões. Continuem que vale a pena”, disse a viúva de sr. Dário, Sélia Martinelli.

O presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé -Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo, esteve presente com uma comitiva da cooperativa. “Vim aqui para um aprendizado na cafeicultura. Esses dias com a delegação da Cooxupé, aprendemos muito do que é a história do conilon. Que evolução! A velocidade que o conilon vai trazer em qualidade é uma coisa fantástica”, ressaltou.

A diretora executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA, sigla em inglês), Vanusia Nogueira, integrou a equipe e se emocionou com aspectos da trajetória do café conilon com a história de Dário Martinelli. “A gente sente a energia dele no orgulho de tudo que ele fez. Eu espero ainda trazer muitas alegrias de um reconhecimento cada vez melhor desse pioneirismo de vocês, seja aqui no Brasil, seja em Londres. Agradeço muito a vocês e à Cooabriel por estar dando a todos nós a oportunidade de estarmos aqui conhecendo um pedacinho disso que já é história e vai ser cada vez mais reconhecida”, afirmou.

O presidente da Cooabriel, Luiz Carlos Bastianello, ressaltou a importância de Dário Martinelli para o desenvolvimento de São Gabriel da Palha. “Ele foi prefeito em 1971 e nessa época incentivou o plantio do café conilon. Também foi presidente da Cooabriel. A história mantida e restaurada pela família e por dona Sélia é fundamental”, finalizou.

Dário Martinelli – Foi considerado o “pai do conilon” no Espírito Santo, em função de esforços feitos para superar a crise gerada, em São Gabriel da Palha, pelo Programa de Erradicação do Café do Governo Federal na década de 60.  Ele nasceu em Santa Teresa, em 1933, e começou sua trajetória política no final da década de 1960 como vereador em São Gabriel da Palha. Exerceu o cargo de prefeito do município por dois mandatos. Foi também deputado estadual e presidente da Cooabriel por dois mandatos (01-04-93 a 31-03-99). Faleceu em 03 de setembro de 2015.

Dário Martinelli, adotou o café conilon como causa. E tudo aconteceu, quando então prefeito de São Gabriel da Palha, na década de 70, assumiu a prefeitura em meio ao impacto provocado pelo Programa de erradicação geral do café, que resultou em um grande êxodo rural da região de São Gabriel da Palha (que tinha terras cultivadas com café bourbon). Preocupado com a realidade dos agricultores e na busca de socorrer o município quase sem receita, encontrou uma luz no fim do túnel com o café conilon.

Ficou sabendo de uma área de café localizada na região, que havia resistido à erradicação e que o café era resistente à ferrugem. Era o café conilon. Assim, adquiriu sementes da lavoura remanescente e formou na cidade, com a ajuda de técnicos, o primeiro viveiro de mudas desse café onde iniciou o incentivo de plantio doando mudas aos produtores, numa intensa, árdua, mas desafiante campanha de conscientização entre os produtores, que teve continuidade com o prefeito sucessor, Eduardo Glazar e apoio da indústria de café solúvel Realcafé, que estava sendo construída no Estado por iniciativa do empresário, Jônice Tristão.

Para incentivar o plantio tecnificado, Dr. Dário, implantou em seu sítio, a primeira lavoura técnica de conilon da história, com o plantio em curvas de nível.

A história de cultivo do café conilon, trouxe esperança aos produtores da região norte e noroeste capixaba que encontraram na cultura a “tábua de salvação” para a permanência no campo, na década de 70.

Além disto, estimulou a indústria, deslanchou, atravessou fronteiras, despertou a pesquisa a altas evoluções tecnológicas , movimentou a economia das cidades e o desenvolvimento do Estado do Espírito Santo, que tornou-se o maior produtor nacional da variedade.

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