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Certificações ampliam possibilidades de mercado para agroindústrias

Linhares conta com 11 agroindústrias com certificação no Serviço de Inspeção Municipal (SIM), nos mais variados segmentos

por Rosimeri Ronquetti

em 21/12/2023 às 6h16

6 min de leitura

Certificações ampliam possibilidades de mercado para agroindústrias

Foto: Rosimeri Ronquetti

*Matéria publicada originalmente em 20/08/2020*

Importante para o crescimento econômico do país, a agroindústria, além de agregar valor à produção no campo, também é uma importante alternativa de geração de emprego e renda no meio rural. Além disso, os agricultores são protagonistas do processo, atuando ao longo de toda a cadeia produtiva: produção, industrialização e comercialização. Linhares conta com 11 agroindústrias com certificação no Serviço de Inspeção Municipal (SIM), nos mais variados segmentos.

O secretário Municipal de Agricultura, Franco Fiorot, afirma que os avanços nessa área ao longo dos últimos anos foram muito significativos.

“Conseguimos avançar bastante na questão da inspeção municipal para que pudéssemos dar condições às agroindústrias de produtos de origem animal: queijaria, carnes e embutidos, mel, peixe, entre outros, e passamos de um estabelecimento registrado para 11, de 2017 para cá. ”, destaca Fiorot.

A família de Valdelice Pompermazer de Aguiar faz parte dos números apontados pelo secretário. Ela, o marido, Luizmar, e o filho, Antônio Borges de Aguiar, trabalham com pecuária leiteira e há 13 anos decidiram investir na fabricação de queijos. Com a queijaria registrada no SIM há quase um ano, Valdelice consegue vender toda a produção em supermercados da região e do centro de Linhares. Mas nem sempre foi assim. Apesar de ser um processo burocrático, ela diz que ter o registro no SIM vale muito a pena.

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“Antes de ser legalizada era mais difícil. Vendia em casa mesmo, às vezes nem recebia, então a renda não era boa, não podia contar com aquele dinheiro. Agora é diferente, toda semana entrego e recebo na hora. Demorou bastante, deu muito trabalho, mas valeu a pena fazer o registro no SIM ”, esclareceu Valdelice, enfatizando que a renda média mensal com a comercialização dos queijos chega a R$ 5 mil.

Valdelice Pompermazer de Aguiar produz queijos há 13 anos. (*Foto: Divulgação)

Na queijaria, instalada na comunidade São Francisco Dr. Jones, distante 45km do centro de Linhares, são produzidos em média entre 15 e 20kg de queijo todos os dias. Para Valdelice é um bom negócio. “A venda para o laticínio é muito barata, não compensa. Fazendo o queijo, a margem de lucro é maior, aproveitamos o soro para fazer ricota, e o que sobra ainda serve de alimentação dos animais ”, diz a empreendedora.

Alcides Vergna (65) sempre conciliou a cafeicultura com a criação de abelhas e extração de mel. Agora, depois de aposentado, deixou a cafeicultura de lado para se dedicar apenas ao apiário. São 75 caixas de abelhas da espécie Apis Mellifera e uma produção média de 1.700 quilos de mel por ano.

“Quando trabalhava com o café, a produção de mel era uma ajuda e tanto no orçamento da família. Agora que estou com mais idade e me aposentei, não queria parar de vez de trabalhar, então resolvi continuar com as abelhas, que dão menos trabalho e um retorno bom. Gosto muito da apicultura ”, conta Alcides, que também tem registro no serviço de inspeção.

Alcides Vergna tem cerca de 75 caixas de abelhas da espécie Apis Mellifera. (*Fotos: Bruno Giuriato/Safra ES)

 

Além da commodity

Em busca de melhor valor agregado, os cacauicultores de Linhares estão na lista dos empreendedores que resolveram investir na agroindústria. Ao todo, são seis produtores produzindo chocolate puro, geleias, mel, amêndoas caramelizadas e nibs de cacau, artesanalmente, a partir das amêndoas produzidas por eles.

Guilherme Resende, cacauicultor na comunidade Cananeia, região próxima à Povoação, é um deles. Em 2018 começou a produzir mel de cacau, amêndoas caramelizadas e nibs de cacau. Após alguns cursos e visitas a fábricas de chocolate artesanal, resolveu investir também na produção de chocolate artesanal 50% ao leite, 70% cacau e 80% cacau.

“Fazendo os produtos derivados do cacau agrego valor às amêndoas e consigo um preço melhor pelo quilo do que vender somente as sementes secas. Além de aproveitar o mel de cacau que muitas vezes é desperdiçado. Com persistência e qualidade estamos aos poucos conseguindo ampliar nosso mercado ”, conta Resende.

A produção média mensal é de 30 litros/mês de mel de cacau, 40kg de amêndoas caramelizadas e 10kg de chocolate. Toda a produção é vendida em comércios de Linhares e no município vizinho de Rio Bananal. Assim como Guilherme, outros cinco cacauicultores do município já beneficiam as amêndoas que produzem.

Guilherme Resende trabalha com a produção artesanal de chocolate.

Município conquista selo Susaf

Com o objetivo de facilitar e ampliar a comercialização dos produtos das agroindústrias do município para todo o Estado, a Prefeitura de Linhares conquistou, no final de 2019, o reconhecimento de equivalência para adesão ao Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar de Pequeno Porte (Susaf/ES). Linhares é o primeiro município do Norte e o sexto do Espírito Santo a receber o reconhecimento após o cumprimento de exigências do Governo do Estado.

Concedido pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), o sistema permite ao Serviço de Inspeção Municipal (SIM), da Prefeitura, fiscalização e formalização dos estabelecimentos processadores de produtos de origem animal, possibilitando a industrialização dos produtos, diversificação das atividades e comercialização fora do município. Linhares já tem uma agroindústria incluída no sistema e outra em processo de inclusão.

Produtor de peixe desde 2004, há dez anos Vagner Fereguetti sentiu necessidade de agregar valor ao negócio e começou a fazer os files de tilápia. A produção, toda vendida no município, gira em torno de 17 toneladas por mês. Para melhorar as condições de comercialização, Vagner está pleiteando, juntamente aos órgãos competentes, o selo do Susaf por meio do qual terá a autorização para vender em todo o Estado.

“O filé te proporciona um valor agregado melhor. Agora, com a possibilidade de ser incluído no Susaf, esperamos a oportunidade de abrirmos novos mercados e crescer ainda mais nossa produção ”, explica Fereguetti. A agroindústria de Vagner está localizada na estrada da Lagoa Nova, sentido Bagueira.

Vagner Fereguetti está em processo de aquisição do selo do Susaf. (*Foto: Rosimeri Ronquetti/Safra ES)

 

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