Café da Ester: sucessão familiar com leveza e alegria

Na família Vieira, produtora de cafés especiais em Iúna, no Caparaó capixaba, sucessão familiar é assunto sério e se aprende desde muito cedo. A pequena Ester Queiroz Vieira, de apenas oito anos, por exemplo, já tem um lote de café de qualidade em seu nome, o Café da Ester.

Sexta geração de produtores do grão, a menina, que mora no sítio Cordilheiras do Caparaó, Córrego Pouso Alto, com os pais e os avôs, sempre esteve às voltas com o cultivo, secagem e beneficiamento do café especial. A avó, Rosa Dutra, 51, conta que da mesma forma que ela e o esposo Deneval Vieira, 53, sempre estimularam os filhos na produção cafeeira, estão agora estimulando a neta.

“Nós nascemos e fomos criados na roça, eu e meu esposo, e quando vieram os filhos nós sempre incentivamos a permanência deles no campo. Desde muito cedo eles acompanhavam o nosso trabalho. E agora nós, juntamente com os pais da Ester, estamos fazendo o mesmo, incentivamos e ensinamos para que ela dê continuidade ao nosso trabalho no sítio”, conta a produtora.

Há dez anos o clã criou sua marca própria de café, o Café Cordilheiras, mais de uma vez classificado entre os dez melhores cafés no Coffee of the Year (COY). O pai da Ester, Douglas Dutra Vieira, 30, lembra que desde que ela nasceu o café com o seu nome começou a ser sonhado.

“Fomos trabalhando e projetando para quando ela estivesse idade para entender o que estávamos vivendo e trabalhando, e em 2024 fizemos o lançamento oficial. Planejamos o café da Ester pensando na sucessão familiar. É uma maneira de incentivar para que ela leve o legado da nossa família adiante, para que anos de trabalho não se percam”, explica o produtor.

No mesmo ano em que foi lançado o Café da Ester ficou em 3° lugar no COY. Alegre e desinibida, Ester participou da feira e foi ela mesma a garota propaganda do resultado do concurso nas redes sociais. Também é corriqueiro ver a menina nas redes mostrando seu café e o processo de produção.

O lote de café da Ester é da variedade Arara, produzido no processo Honey, e apresenta notas sensoriais de milho verde, floral, baunilha, chocolate ao leite, mel, rapadura e especiarias. Cultivado a 1.150 metros de altitude, o café tem acidez cítrica, corpo cremoso e finalização longa.

“É muito gratificante para mim ver meus filhos aqui comigo conosco, e agora também ver a Ester crescendo já inserida nesse universo. Ela é muito esperta, inteligente, uma menina muito especial, que esperamos seja a nossa sucessora”, conta orgulhosa a avó.

Sobre o autor Rosimeri Ronquetti Rosi Ronquetti é jornalista, formada em 2009 e pós-graduada em gestão em assessoria de comunicação. Repórter do agro, sua atuação se concentra na produção de reportagens do setor (incluindo perfis e histórias). Algumas de suas reportagens conquistaram premiações regionais e nacionais de jornalismo. Ver mais conteúdos