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A reversão das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao café brasileiro trouxe alívio para grande parte da cadeia produtiva, mas não encerrou todas as preocupações do setor. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) emitiu uma nota, nesta sexta-feira (21), comemorando a suspensão dos 40% de sobretaxa sobre o café verde e os cafés especiais. No entanto, a entidade chamou atenção para um ponto crítico: o café solúvel ficou fora da isenção e continua sujeito à taxação norte-americana.
O conselho classificou a decisão da Casa Branca como uma “vitória histórica”. Mas reforçou que ainda há trabalho a ser feito para proteger toda a cadeia produtiva. Nos anexos das ordens executivas revisadas pelo governo Donald Trump, o produto não aparece entre os itens liberados — o que mantém a indústria brasileira de solúvel em desvantagem competitiva no maior mercado consumidor do mundo.
O alerta ocorre após três meses marcados por forte instabilidade. A tarifa base de 10%, somada aos 40% adicionais, havia colocado o Brasil em posição vulnerável frente a concorrentes como Vietnã, além de países que já operam com tarifas menores, como Colômbia, Costa Rica e Etiópia. Segundo o Cecafé, se o tarifaço tivesse sido mantido, a perda de espaço nos blends das principais torrefadoras dos EUA poderia se tornar “irreversível”.
A exclusão do café solúvel, porém, mantém o tema vivo nas negociações bilaterais. O conselho afirma que continuará pressionando Washington e Brasília para ampliar a lista de isenções. “Com os avanços na relação bilateral e a boa relação entre os negociadores, o Cecafé seguirá atuando com informações estratégicas para buscar a isenção completa de todo o setor diante dos impactos positivos a toda cadeia produtiva brasileira”, informou a entidade, em nota.
Preocupação do setor
A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) manifestou preocupação com o fato de o solúvel ter sido mantido na lista de produtos tarifados. A entidade, que representa 100% da produção nacional destinada a mais de 100 países e responsável por US$ 1,1 bilhão anuais em divisas, classificou a decisão como um revés para um setor historicamente estratégico na relação comercial entre Brasil e Estados Unidos.
Segundo a Abics, os efeitos da taxação foram imediatos e severos. Desde agosto, quando o tarifaço entrou em vigor, os embarques de café solúvel brasileiro para o mercado americano caíram mais de 52%. A retração rompeu uma parceria construída ao longo de mais de seis décadas: em 2024, o solúvel brasileiro respondeu por 38% de todas as importações dos Estados Unidos, que sempre figuraram como principal destino do produto nacional. Em 2025, pela primeira vez na série histórica, a Rússia ultrapassou os EUA como maior comprador.
A permanência da tarifa compromete ainda o equilíbrio econômico da indústria brasileira. O mercado americano representa cerca de 20% das vendas externas de solúvel, movimentando anualmente US$ 200 milhões — o equivalente a 800 mil sacas de café. Com a taxação, o produto brasileiro perde competitividade e abre espaço para outras origens, que passam a ser mais atraentes para a indústria americana.
A Abics também alerta para um risco mais profundo: a possibilidade de perda permanente de mercado nos Estados Unidos. Se as torrefadoras e consumidores adotarem o solúvel de outras origens como padrão, a recuperação futura poderá ser lenta e até inviável. A entidade considera esse cenário particularmente grave porque o café solúvel brasileiro ocupa posição consolidada nas gôndolas, nas redes varejistas e nas formulações industriais americanas desde os anos 1960.
A associação afirmou que seguirá mobilizada para reverter o quadro nas próximas rodadas de negociação entre Brasil e Estados Unidos. A Abics destacou o apoio técnico e institucional do Cecafé e o engajamento de parceiros americanos, como a National Coffee Association (NCA), que também defendem condições mais equilibradas para o comércio de café solúvel.
A expectativa do setor é que o avanço diplomático obtido com a retirada das tarifas para o café verde e os cafés especiais abra espaço para uma revisão futura da política tarifária para o solúvel. A indústria aposta na continuidade do diálogo e na apresentação de dados econômicos e estratégicos que reforçam a interdependência comercial entre os dois países.





