Exportações capixabas

Fim do tarifaço reabre competitividade do agro capixaba

ES celebra retirada das tarifas para café, pimenta, cacau, frutas e gengibre, mas indústria de solúvel e pescados ainda enfrenta barreiras

Café gengibre mamão
Imagem gerada por IA/Conexão Safra

A decisão do governo dos Estados Unidos de retirar as tarifas adicionais sobre boa parte dos produtos agrícolas brasileiros repercutiu no Espírito Santo, que tem no solo norte-americano um grande mercado consumidor. A medida encerra um período de quase quatro meses de perda de competitividade e incertezas provocadas pelo tarifaço imposto em agosto pelo governo Donald Trump. Mas, apesar do alívio para cadeias relevantes, setores estratégicos da economia capixaba seguem sob pressão.

O secretário de Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli, avalia que a reversão parcial das tarifas recoloca o estado em condições de disputa no comércio internacional. “O impacto no Espírito Santo é extremamente relevante, pois somos os maiores exportadores do país de conilon, gengibre, pimenta-do-reino e mamão. Agora, voltamos a uma normalidade. Exportamos para 125 países todos os anos e 23% da geração de divisas é relacionada ao mercado norte-americano. Que as questões políticas se resolvam em outros planos, não neste que afeta a economia dos dois países”, afirmou.

A lista de produtos beneficiados pela nova decisão inclui café, pimenta, cacau, frutas e gengibre — cadeias que têm forte presença em terras capixabas. Para dar uma ideia, apenas o café, carro-chefe da agricultura capixaba, está plantado em mais de 60 mil propriedades. O fim da tarifa de 40% devolve fôlego às exportações de café verde e especiais.

A leitura positiva, porém, não se estende a toda a pauta exportadora. Apesar da retirada das tarifas para parte dos produtos agrícolas, setores de enorme peso econômico no Espírito Santo continuam sujeitos à taxação. É o caso do café solúvel. Os Estados Unidos são destino de cerca de 20% da produção nacional de solúvel, mas o produto segue sob o tarifaço, o que praticamente inviabiliza vendas no curto prazo.

A reversão parcial das taxas ameniza o impacto direto sobre o agronegócio capixaba, mas não elimina o cenário de incertezas. Exportadores aguardam novas rodadas de negociação entre Brasília e Washington, especialmente para os segmentos ainda excluídos. Enquanto isso, o estado tenta reconstruir margens e recuperar o espaço que perdeu durante os meses de tarifaço, em um dos mercados mais estratégicos para sua balança comercial.

Sobre o autor Fernanda Zandonadi Desde 2001, Fernanda Zandonadi atua como jornalista, destacando-se pelo alto profissionalismo e pela excelência na escrita de suas reportagens especiais. Tem um conhecimento aprofundado em agronegócio, cooperativismo e economia, com a habilidade de traduzir temas complexos em textos de grande impacto e relevância. Seu rigor e qualidade na apuração e narração de histórias do setor garantiram que seu trabalho fosse constantemente reconhecido pela crítica especializada, o que a levou a conquistar múltiplas distinções e reconhecimentos em premiações regionais e nacionais de jornalismo. Ver mais conteúdos