pube
Brasil

Diretor do Mapa apresenta Plano Nacional de Fertilizantes para representantes do agro capixaba

por Redação Conexão Safra

em 17/03/2022 às 9h28

7 min de leitura

Diretor do Mapa apresenta Plano Nacional de Fertilizantes para representantes do agro capixaba

Foto: divulgação

Um diagnóstico técnico sobre a situação do Brasil e do mercado internacional e a apresentação do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), para diminuir a dependência do país das importações de fertilizantes e insumos agrícolas. Estes foram os principais objetivos da reunião virtual promovida pelo vice-líder do governo na Câmara, deputado Evair de Melo (PP), na manhã desta quarta-feira (16).

Lançado pelo governo federal no último dia 11, o Plano foi apresentado pelo diretor de Programa do Ministério da Agricultura (Mapa), Luis Rangel. Segundo ele, o PNF não pretende tornar o Brasil autossuficiente na produção de fertilizantes, mas transformar a indústria brasileira do setor, que estava estagnada, em uma indústria competitiva, capaz de reduzir as importações.

 

Foco na cadeia produtiva

“O Plano Nacional de Fertilizantes mantém seu foco nos principais elos da cadeia produtiva: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental. O documento também institui o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas, órgão consultivo e deliberativo, que deverá iniciar seus trabalhos dentro de poucos dias, com a meta de coordenar e acompanhar a implementação do PNF no país. Além do enfrentamento dos gargalos logísticos que estão dificultando a importação de fertilizantes, o governo federal quer ampliar o alcance das ações de diplomacia de insumos, a fim de minorar o impacto desta crise no agronegócio brasileiro”, explicou o diretor.

E completou: “O Plano busca readequar o equilíbrio entre a produção nacional e a importação de fertilizantes, para conseguir atender à crescente demanda por produtos e tecnologias. Até 2050, o plano pretende diminuir de 85% para 45% a dependência brasileira de importações de fertilizantes produzidos na Rússia, Bielorússia, Ucrânia, China, Canadá, Marrocos, Estados Unidos, Catar, Israel, Egito e Alemanha, que são os nossos maiores fornecedores”.

 

pube

Principais objetivos do PNF

1 – Modernizar, reativar e ampliar plantas e projetos de fertilizantes existentes no Brasil;

2 – Melhorar o ambiente de negócios para atração de investimentos para a cadeia de fertilizantes e nutrição de plantas;

3 – Promover vantagens competitivas na cadeia de produção nacional de fertilizantes para melhorar o suprimento do mercado brasileiro;

4 – Ampliar os investimentos em pesquisa e no desenvolvimento da cadeia de fertilizantes e nutrição de plantas do Brasil;

5 – E adequar a infraestrutura para integração de polos logísticos e viabilização de empreendimentos.

 

Contribuições da Embrapa

O diretor de Programa do Ministério da Agricultura, Luis Rangel, informou que técnicos da Embrapa também vão ajudar o Brasil neste momento. “A partir de abril, pesquisadores e técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária começam a visitar cerca de 30 polos produtivos de nove macrorregiões agrícolas do país, com o objetivo de promover o aumento da eficiência no uso de fertilizantes e insumos no campo. Esta iniciativa busca baratear os custos de produção e estimular a adoção de novas tecnologias para um manejo mais eficaz do solo, da água e da lavoura. A economia, com isso, pode chegar a R$ 5 bilhões na próxima safra”, adiantou.

Conforme Rangel, a Embrapa quer mostrar a importância do manejo sustentável do solo e dos fertilizantes, para maximizar o uso de insumos e melhorar a produtividade. “A gente aprende na agronomia que é preciso fazer a aplicação de adubo de acordo com a análise de fertilidade do solo e a análise da folha da planta. Estas questões práticas e de impacto imediato, ao serem adotadas, poderão promover uma economia de até 20% no uso dos fertilizantes no Brasil, já na safra 2022/23”, ressaltou ele.

Capacitação técnica e troca de conhecimentos

O deputado Evair de Melo adiantou que o objetivo do Ministério da Agricultura é ajudar o Brasil a superar a crise dos fertilizantes por meio da capacitação técnica e da troca de conhecimentos sistematizados entre os institutos de pesquisa e o setor produtivo. “Estabelecer e estreitar o diálogo da pesquisa com o agronegócio no Brasil é vital para a busca de soluções tecnológicas para cada um desses 30 polos agrícolas que a Embrapa visitará”, defendeu o parlamentar.

Evair também lembrou que, além das orientações aos produtores, a caravana da Embrapa fará um diagnóstico do setor para aprimorar as ações do Plano Nacional de Fertilizantes. “A estimativa é que a Embrapa receba, para atividades presenciais, cerca de 10 mil multiplicadores, entre técnicos de extensão rural e de cooperativas, sindicatos e associações e produtores rurais”.


Mercado internacional é dominado por poucos fornecedores

Durante a videoconferência, o representante do Mapa evidenciou o elevado nível de dependência do Brasil de um mercado internacional dominado por poucos fornecedores. De acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos, mais de 85% dos fertilizantes utilizados no país são importados. “Essa dependência crescente deixa a economia brasileira, fortemente apoiada no agronegócio, vulnerável às oscilações do mercado internacional de fertilizantes”.

Rangel também destacou que, atualmente, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial com pouco mais de 8% do consumo global de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente utilizado pelos produtores nacionais (38%). Na sequência, aparecem o fósforo (com 33% do consumo total de fertilizantes) e o nitrogênio (29%). Juntos, esses nutrientes formam a sigla NPK, tão utilizada no meio rural. Dentre as culturas que mais demandam o uso de fertilizantes estão a soja, o milho e a cana-de-açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional.

Fomento à indústria e à produção nacional

Ainda segundo Luis Rangel, o país possui jazidas em Sergipe, Amazonas, Minas Gerais e que novas já estão sendo identificadas e mapeadas em outros Estados para fins de extração. De acordo com ele, o governo não vai criar a “Adubobras” e nem garantir aporte financeiro para fomentar a ampliação da produção nacional, mas vai atrair investidores da iniciativa privada com benefícios tributários para incentivar a retomada da indústria nacional de fertilizantes.

 

Profert

Ao longo da videoconferência, também ganhou destaque a importância estratégica do projeto de lei nº 3507/21, que institui o Programa de Desenvolvimento da Indústria de Fertilizantes (Profert). A matéria tramita na Câmara e se baseia na concessão de incentivos fiscais para estimular a produção nacional. “Este programa beneficiará bastante os produtores brasileiros ao viabilizar a implantação, ampliação e a modernização de unidades de produção de fertilizantes e insumos no Brasil para abastecer o mercado interno”, explicou Evair.

Evair informou que, para o Profert alcançar bons resultados, é necessário suspender o pagamento da contribuição para PIS/Pasep, PIS/Pasep-Importação, Cofins, Cofins-Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), IPI vinculado à importação e Imposto de Importação (II). Segundo o deputado, a suspensão dos tributos será convertida em alíquotas zero ou isenção, conforme o caso, e este conjunto de metas tributárias será determinante para aumentar a competitividade da indústria brasileira e diminuir a diferença entre produtos importados e nacionais.

Em 2021, o Brasil importou 44 milhões de toneladas de fertilizantes e insumos, o que demandou um fluxo logístico enorme. A Rússia é responsável por fornecer 25% dos fertilizantes para o Brasil e, juntamente com a Bielorrússia, chega a fornecer mais de 50% de todo o potássio consumido pelo agricultor brasileiro anualmente. “Precisamos mudar este quadro, independentemente da atual crise internacional”, disse o vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado Evair de Melo.

Além das cooperativas, associações e entidades do setor, participaram da reunião: produtores de café e mamão, sindicatos rurais de vários municípios, empresas de laticínios, pecuaristas, fabricantes de máquinas e implementos, proprietários de estabelecimentos que comercializam insumos agrícolas, empresários do agronegócio e dirigentes da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes).

Clique aqui e receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro do que acontece no agronegócio!