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Agro Rio de Janeiro

Feijão: presença tímida, mas importante no agronegócio fluminense

O feijão se enquadra na chamada cultura de subsistência, que visa à garantia de sobrevivência do produtor e da comunidade

por Fernanda Zandonadi

em 20/07/2022 às 8h56

4 min de leitura

Feijão: presença tímida, mas importante no agronegócio fluminense

Foto: divulgação

O feijão tem uma presença tímida, mas importante para o agronegócio fluminense. Em 2020, a produção chegou a 2.036 toneladas, abaixo de 2019, quando saíram das lavouras 2.838 toneladas, mas ainda assim acima da média de cinco anos, entre 2016 e 2020. A área colhida teve pouca oscilação, com 1.541 hectares voltados à produção dos grãos em 2020, ano em que o rendimento médio ficou em 1.321 quilos por hectare.

Os principais municípios produtores são Cachoeiras de Macacu, que responde por 19,25% do que sai das lavouras fluminenses, seguido de Magé (16,85%), Varre-Sai (11,20%), Macaé (10,9%) e São Francisco de Itabapoana (5,89%). O feijão se enquadra na chamada cultura de subsistência, que visa à garantia de sobrevivência do produtor e da comunidade. No Rio de Janeiro – apesar de grande consumidor e importador dos grãos, com 300 mil toneladas chegando aos pratos fluminenses todos os anos – o cenário nas lavouras não é diferente.

“E não é algo que se desenha apenas do Rio de Janeiro. Há, claro, Estados com cultivo empresarial. De forma geral, no entanto, o feijão é do pequeno produtor. Por aqui, já tivemos produção dez vezes maior do que hoje em dia. E, na época, sem tecnologia. Mas é uma cultura de muito risco, sujeita a intempéries – uma chuva mais forte acaba com a colheita – e flutuações grandes de mercado, já que não é uma commodity. Por exemplo, quando falamos em milho e soja, há segurança para o produtor, pois o preço normalmente é bom, quando não é crescente. Já o feijão fica sujeito às oscilações do mercado. Um dia, o preço está alto. No outro, já baixou”, explica o engenheiro agrônomo, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio) e do Centro Estadual de Pesquisa em Agroenergia e Aproveitamento de Resíduos (Cepaar), Benedito Fernandes de Souza Filho.

O pesquisador destaca que há muita literatura sobre o grão. E, com os estudos, surgem novas tecnologias. São cultivares mais adaptadas que chegam ao mercado, mecanização, adubação e irrigação. Há a busca por cultivos que dão menos trabalho. E não é para menos, já que o feijão, apesar de cultura arriscada, é um negócio milionário. Além da lavoura em si, envolve transporte, limpeza dos grãos e empacotamento. E há mercado para absorver essa produção. Souza cita, além do consumo nas casas e restaurantes, a alimentação dos estudantes. “A merenda escolar absorve boa parte da produção. E a inclusão desse grão tende a aumentar”, explica, avaliando os fatores nutricionais do grão amado pelos brasileiros. “É cheio de aminoácidos. Dificilmente se encontra uma proteína vegetal tão completa. É um novo mercado que se abre e o Rio de Janeiro é o segundo maior ‘estômago’ do Brasil”, completa.

Ele observa, ainda, que o caminho para a valorização do feijão é longo, mas começa a ser trilhado. “Hoje, nós temos uma atenção especial sobre esse produto. Por exemplo, com a semente, que é a base de tudo. Hoje, no Rio, estamos trabalhando com algumas cultivares produzidas nacionalmente e que estão adaptadas para as condições do Estado. Uma delas é a BRS Esplendor, que chegou ao Rio pela Embrapa em parceria com a Pesagro-Rio. Temos também a BRS Esteio e a BRS FP403, além, claro, de sementes antigas, mas que continuam adaptadas, como a BRS Xodó, que é produzida e liberada pela Pesagro-Rio.

Cultivares

Foto: divulgação

  • A BRS Esplendor destaca-se pela resistência ao crestamento bacteriano comum, além de ser resistente ao mosaico comum, moderadamente resistente à murcha de curtobacterium, murcha de fusarium, antracnose e ferrugem.
  • A BRS Esteio, cultivar de feijão preto, tem maior potencial produtivo e planta adaptada à colheita mecanizada direta.
  • Já o feijão BRS FP403 é uma cultivar diferenciada do grupo preto. Com essa cultivar, os produtores estarão acessando o maior potencial produtivo já encontrado em genética de feijão preto.
  • O BRS Xodó é uma semente tradicional e, por muito tempo, foi mantida por meio de troca de sementes entre agricultores familiares.

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