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A introdução da cultura da seringueira no Estado do Rio de Janeiro começou nos anos 1980. Na época, a cultura se mostrava promissora, com bons preços e sendo uma commodity num período de hiperinflação. No entanto, a queda do preço do látex em meados dos anos 2000 desestimulou a produção. A cultura se espalhou pelos municípios de Silva Jardim, Casimiro de Abreu, São Sebastião do Alto e Itaperuna, sendo Silva Jardim o maior produtor atualmente. Há dois ou três anos a produção foi retomada com a melhora dos preços.
“Não há uma estimativa de produção média no Estado, já que tem pouco tempo que ela recomeçou. Mas já tivemos produções de três a quatro toneladas por hectare no ano. É considerada uma boa produção”, explica Aldo Bezerra de Oliveira, pesquisador da Pesagro-Rio e coordenador do Programa Seringueira e Sistemas Agroflorestais.
É uma cultura bastante interessante também para o meio ambiente, salienta o especialista. “O Estado do Rio de Janeiro tem 50% de áreas degradadas e a seringueira é excelente para a recuperação desses trechos. É ideal para plantar em morros e deixar as partes baixas para a pecuária, por exemplo. Hoje estamos com mais ou menos 400 hectares de área plantada”.
E a seringueira, uma planta originária da floresta Amazônica, é presente, também, nos chamados sistemas agroflorestais. Ele reúne no mesmo espaço culturas de importância econômica em consórcio com espécies nativas. “Usamos 50% de espécies da Mata Atlântica e outros 50% de plantas exóticas, que não pertencem ao bioma. Esse processo é muito eficaz na agricultura familiar”, explica o pesquisador.

Esse tipo de floresta mista já foi aplicada em Magé, explica Bezerra de Oliveira. “Fizemos a introdução num morro degradado, em Magé, no bairro Piabetá. Colocamos 50% de espécies nativas e 50% de exóticas. Plantamos seringueira e outras 15 espécies, para ter uma variação genética. Usamos o cupuaçu, a palmeira juçara (para produção do juçaí) e plantamos graviola nas beiradas, onde há sol. Com isso formou-se uma floresta formidável, mudou a estrutura do solo, que era totalmente mineral e agora com matéria orgânica. Levantou o lençol freático e a disponibilidade de água na propriedade e no entorno. Há várias vantagens quando temos uma área degradada, principalmente vinda dos ciclos, como cana e pecuária. Muda completamente a característica”, avalia.

Além da recuperação da área, esse consórcio gera retorno econômico para o produtor. ”Há quem colha cupuaçu, alguns citros, a juçara vai começar a produzir, a seringueira, que dá a borracha. Dentro dessa filosofia de recuperação de área e retorno econômico, tentamos intensificar esse programa e levar para várias regiões. Estamos montando um projeto em Vassouras, temos um em andamento em Silva Jardim e tentamos diversificar e mostrar a vantagem do sistema agroflorestal. O agricultor pode ter colheita durante o ano todo, seja de uma espécie ou de outra”, explica o pesquisador, destacando que o sistema também é agroecológico, ou seja, não usa produtos ou adubos químicos.
Na prática, o sistema agroflorestal engloba recuperação ambiental com ganhos para o produtor. “Há até mesmo a mudança de clima, a frequência de chuvas aumenta. Além disso, a área degradada não sequestra carbono e dá ao produtor a chance de ter produtos o ano inteiro. É vantagem ter uma fazenda com solo saudável, recuperado e produtivo, além do bem para o meio ambiente”, finaliza.





