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É na terra dos vinhos, Santa Teresa, que se encontra o primeiro e único espumante capixaba: o Sperandio, da Casa dos Espumantes. A produção, que era de 10 a 12 mil garrafas em 2016, saltou para 14 a 15 mil neste ano, em torno de 12 mil litros. Apesar da evolução na qualidade e nos negócios, os produtores ainda enfrentam a concorrência do produto importado, que sai mais em conta no mercado.
Antes de iniciar no ramo da bebida, a propriedade da família Sperandio, de origem italiana, era destinada ao cultivo de pêssego, ameixa e uva para venda in natura. Até que um dia, a safra foi muito grande e Sergio Sperandio decidiu fazer um pouco de vinho.
“Estávamos fazendo um teste com uma uva negra sem semente, e deu uma supersafra. Como sobrou, decidi fazer um pouco de vinho, preparei as garrafas e, ao abri-las, percebi que todas as cortiças tinham sido empurradas. Ele fermentou, novamente, na garrafa. O espumante surgiu daí, eu pensei que tivesse estragado o vinho ”, conta Sergio.
Um colega de Sergio provou e aprovou a novidade, o que era o início de um espumante. A partir daí foi feita uma série de experiências. “Umas garrafas davam certo, outras não, foi difícil chegar até a forma que é hoje. Ninguém te ensina o passo a passo. O que mais funcionou foi o dia a dia e a prática. Chegamos a pensar até em parar a produção, pois de 1.000 garrafas, 80 estouravam ”.
Hoje, o processo utilizado na produção do Espumante Sperandio é o “Método Champenoise ” (*Saiba mais abaixo), desenvolvido na França. É um método clássico utilizado na produção do Champagne, na região francesa de mesmo nome. O método é próprio para a produção artesanal.
A produção do espumante é feita praticamente toda com as seis variedades de uvas cultivadas na propriedade da família. A safra ocorre entre janeiro e fevereiro. Sergio conta com a parceria da mulher, Cássia Salviato Sperandio e do filho Pablo Salviato Sperandio.

Manter o preço do litro, em torno de R$ 30 e R$ 35, é ainda um desafio para os Sperandio, que vendem no próprio quintal. “A concorrência fica bem complicada para o produto artesanal. As grandes redes de supermercados compram o produto importado em quantidade, e o preço cai para o consumidor ”, avalia Sergio.
Para o agricultor, se não fosse o uso de 80% de mão de obra familiar, o produto encareceria devido ao custo de produção. “Quando a produção aperta, a gente contrata terceirizados para ajudar na poda e na colheita, mas fora isso eu e minha família damos conta ”.
Segundo Sperandio, a escassez de chuva dos últimos três anos contribuiu para a melhoria dos cultivos e na qualidade das uvas. A partir de 2020, a família vai testar a produção do espumante pro-seco. Há planos também para os próximos dois anos de testar novas variedades da fruta.
O produtor diz ser cedo falar na expansão de novos mercados para o primeiro espumante capixaba, mas não descarta a possibilidade de ampliar a produção. “Não é possível falar em novos mercados cultivando apenas seis variedades e produzindo média de 15 mil garrafas ”, diz.
Método Champenoise
O método Champenoise, também conhecido como tradicional ou clássico, consiste na segunda fermentação de um vinho base, dentro da própria garrafa. Durante dois meses, as leveduras transformam açúcar em álcool, e consequentemente liberam gás carbônico, dando origem a “perlage ” do espumante. Após, o espumante passa por um processo de autólise e envelhecimento que pode durar meses ou até anos, sendo finalizado com a remoção das impurezas. Reconhecido pela sua qualidade, esse método é mais delicado e artesanal, resultando espumantes com “perlage ” fina, evolução nos aromas e complexidade gustativa.

*Esta matéria faz parte do Anuário do Agronegócio Capixaba, disponível aqui na íntegra!





