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O painel “Energia e Sustentabilidade: Desafios e Inovações” reuniu especialistas de diferentes áreas da engenharia para refletir sobre caminhos para a universalização do acesso à energia limpa e sobre as tendências da mobilidade elétrica no Brasil. O encontro foi mediado pelo conselheiro federal do Confea, Marcos Drago, e dividido em dois momentos: o primeiro dedicado às comunidades isoladas da Amazônia e o segundo às perspectivas para os veículos elétricos.
Abrindo a discussão, o engenheiro eletricista e eletrotécnico Ary D’Ajuz, representando o grupo formado pela USP, UNIR e Instituto de Desenvolvimento Tecnológico da Amazônia (INDT), ressaltou que não há uma solução única para o suprimento de energia em regiões remotas. “É preciso considerar a localização, a carga a ser atendida, o crescimento previsto, o meio ambiente e até mesmo a capacidade de manutenção das comunidades”, destacou. Segundo ele, o Amazonas concentra a maior demanda, com 297.166 unidades consumidoras.
Raios e amônia
Entre as alternativas estudadas, estão a micro e minigeração distribuída solar, que se torna atraente quando associada a sistemas de armazenamento, e as turbinas hidrocinéticas, capazes de gerar energia sem reservatórios, a partir do fluxo dos rios. A tecnologia já é testada pela Universidade Federal de Brasília (UNB) e pode ser uma ótima solução para comunidades ribeirinhas.
Outras soluções apresentadas foram os sistemas trifásicos com uma fase pela terra, implementados em Rondônia, e os sistemas trifásicos sob linhas de transmissão, adaptados às condições amazônicas. De acordo com o pesquisador, a Amazônia é a região do Brasil que concentra a maior incidência de raios do país. Outra solução é a geração térmica não convencional, com etanol, biomassa, biodiesel, biometano e destacou o hidrogênio verde, que pode gerar energia e impulsionar a agricultura, já que a amônia derivada do processo pode ser usada como fertilizante. “A engenharia brasileira precisa vencer o medo de arriscar e apostar em soluções próprias, desenvolvidas para nossa realidade”, concluiu.
Desafios
Na sequência, o engenheiro eletricista Thiago Brito Pereira de Souza, da Eletrobrás, citou a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) que estabelece metas para universalizar o acesso a serviços de energia modernos, confiáveis e acessíveis até 2030, além de ampliar a participação de renováveis na matriz energética.
Segundo o engenheiro, os desafios na Amazônia vão desde a logística de transporte e os custos elevados até a carência de infraestrutura básica e a necessidade de respeitar as características culturais das comunidades.
Como soluções, ele defendeu os sistemas híbridos que combinam fontes como solar e biomassa com armazenamento em baterias, capazes de reduzir em até 90% o uso de diesel e as emissões de gases de efeito estufa. Além disso, as microrredes inteligentes oferecem flexibilidade, podendo operar de forma autônoma e integrada às fontes locais. “O caminho futuro envolve ampliar investimentos em pesquisa, fortalecer programas de capacitação técnica e desenvolver tecnologias adaptadas à realidade amazônica”, disse.
Carros elétricos: mitos, desafios e perspectivas
O segundo momento do painel abordou as inovações em carros elétricos, com o presidente do Crea-RN, engenheiro eletricista Roberto Wagner, o professor e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ruben Barros Godoy e o conselheiro da Câmara de Engenharia Elétrica do Crea-MG, Gustavo Antônio da Silva.
O presidente do Crea-RN destacou que o risco de incêndio em veículos elétricos é 60 vezes menor do que nos carros a combustão. Ele citou a experiência da China, que já avança com normas de prevenção de incêndio em veículos elétricos, e disse que, apesar do crescimento de carros elétricos no Brasil, a quantidade de eletropostos ainda é muito pequena. “Estamos apenas no início do ecossistema, mas já temos soluções de engenharia que mostram que os mitos em torno dos carros elétricos estão ficando para trás”, afirmou.
O professor Ruben Godoy trouxe números do mercado. De acordo com o pesquisador, em 2024, foram emplacados 177 mil veículos elétricos, e até agosto de 2025 esse número já havia alcançado 302 mil. Ele destacou a experiência da UFMS, que instalou eletropostos em seu campus, chegando a registrar 300 recargas por mês, e também foi procurada pela Polícia Ambiental do Mato Grosso do Sul para adquirir a tecnologia.
O pesquisador disse que o debate atual mudou do tamanho da frota para a interação desses veículos com o sistema elétrico. “Os carros passam a ser vistos como parte da infraestrutura elétrica, capazes de fornecer suporte de potência e participar da estabilidade da rede”, explicou. Ele ainda citou tendências como o uso de energia solar e baterias para alimentar eletropostos, recarga sem fio dinâmica, já testada na UFMS, e os sistemas de recarga em condomínios, que permitem a contabilização individual do consumo por morador.
Para finalizar o painel, o engenheiro eletricista Gustavo Antônio da Silva focou nos incêndios de carros elétricos. De acordo com o conselheiro, é preciso adaptar as edificações. “De cada 100 mil veículos elétricos, apenas 25 registraram incêndio em 2021 e com os carros a combustão, esse número é de 1.529 casos. O risco não está no carro, mas na infraestrutura elétrica inadequada”, afirmou.
Ele defendeu que novas construções já sejam projetadas prevendo o suporte para carregadores e reforçou que a gestão de risco é essencial para o aumento seguro da mobilidade elétrica.




