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Matéria publicada originalmente 15/06/2021
O próximo verão promete muito mais que praia, sol e calor em Guarapari. A estação mais quente do ano vai marcar a primeira colheita de uva no balneário mais conhecido do Espírito Santo. Com a participação de 30 produtores rurais, um programa inédito de diversificação iniciado há quatro anos tornou a “Cidade Saúde” a primeira de clima quente a investir em viticultura no Estado.
Os parreirais das cultivares Niágara Rosada, Isabel, BRS Carmem, BRS Isis e BRS Vitória estão com três anos de idade e ocupam cerca de 13 hectares, abrangendo mais de dez comunidades da zona rural de Guarapari. A primeira poda está prevista para meados de agosto. A prática é recomendada para equilibrar a brotação, renovar as plantas e melhorar a produção.
E nessa última se concentra toda expectativa dos viticultores pioneiros. De acordo com o Incaper, espera-se colher de 20 a 25 toneladas de uva na primeira safra, marcada para dezembro deste ano.
“Os cultivos têm apresentado um desenvolvimento inicial satisfatório e despertado o interesse de outros produtores na atividade”, destaca o engenheiro agrônomo extensionista do Incaper de Guarapari, Cássio Vinícius de Souza.

Em 2017, a prefeitura estabeleceu parceria com o Instituto com o objetivo de promover o desenvolvimento rural sustentável através da diversificação agrícola. Segundo o agrônomo, o município pediu auxílio do Incaper para criação de um projeto inovador. Após resultados promissores de cultivo de videira em regiões brasileiras de clima quente, a exemplo de Petrolina (PE), chegou-se ao Programa de Desenvolvimento da Viticultura em Guarapari.
Uma série de ações como palestras técnicas e motivacionais, excursões a regiões produtoras como Santa Teresa (ES), visitas técnicas e outras com a finalidade de capacitar os produtores fizeram parte da primeira etapa do programa.
Coube ao município subsidiar as mudas para um público previamente selecionado e capacitado conforme os critérios do projeto. De acordo com Cássio, em 2018 a prefeitura distribuiu 12.500 mudas certificadas e fiscalizadas. Nos dois anos seguintes, foram adquiridas mais 10 mil mudas, sendo 5.000 em 2019 e a mesma quantidade no ano passado.
Os projetos executivos foram elaborados pelo Incaper e são acompanhados pelas equipes técnicas do instituto. A maior parte das propriedades possui outras atividades agrícolas, enquanto outras apostaram unicamente na viticultura.
“Escolhemos a viticultura pelo sucesso em outras regiões quentes, pela nobreza do cultivo e associação ao agroturismo, além do valor agregado da atividade. Algumas propriedades adotarão o sistema colhe e pague e já temos agroindústrias preparadas para produzir sucos, doces, geleias e outros produtos tendo a uva como matéria-prima”.
Mulheres
As mulheres estão se destacando no grupo de 30 produtores do projeto pioneiro de viticultura em Guarapari. “É surpreendente a força de vontade e a dedicação delas. Elas dão um show de competência”, afirma o agrônomo do Incaper, Cássio Vinícius de Souza.
A viticultura é uma atividade que requer tratos culturais específicos. Eles devem ser realizados com muito critério técnico, dedicação, delicadeza e compromisso. Tratos como poda, irrigação, adubação e controle fitossanitário devem ser orquestrados conforme orientação técnica e no exato momento que a planta necessita.
Para Cássio, é exatamente nesse aspecto que as mulheres se diferenciam. “Elas são mais cuidadosas e detalhistas, além de terem elevada capacidade de aprendizado, compromisso com a gestão da atividade e maior envolvimento com o processo de ponta a ponta”, analisa.
As viticultoras Patrícia Helena Sciarretta (58) e Sandra Regina Butke (63) estão otimistas com a primeira colheita. O caso de Patrícia é bem curioso. A área de produção de uva fica localizada no bairro Muquiçaba, ao lado do Ifes e atrás do aeroporto Guarapari. “Da varanda da casa da minha mãe conseguimos ver o mar”, gaba-se.
De acordo com Patrícia, quem resolveu investir na viticultura foi o cunhado, Luiz Cláudio Gonçalves Simões (82). Além dela, a atividade envolve os irmãos Denise Cristine (57) e Giovanni Nicola (55). “Nós fazemos a poda e a condução dos ramos da parreira. Trabalhamos em conjunto”.
A área plantada é de aproximadamente 4.000 m², com 200 pés de uva Niágara Rosada, 450 de Carmen e 20 de Vitória. Além do parreiral, a família tem uma granja com produção de ovos caipira, um pouco de café conilon, aipim, banana e está preparando uma área para plantio de abacaxi e frutas cítricas.
No final deste ano, uma pequena parte do parreiral entrará em produção. “Como é nosso primeiro ano de colheita, preferimos ter uma expectativa mais conservadora. Esperamos em torno de mil e quinhentos a dois mil e quinhentos quilos”, diz Patrícia.
O projeto da família Sciarretta é viabilizar a produção de suco de uva integral na safra 2022/23. Será neste período que os pés de uva Carmem entrarão em produção. “O suco desta variedade é maravilhoso”, afirma a produtora.
Já a ex-funcionária da Samarco e empresária no segmento de papelaria Sandra Butke transformou um sítio antes destinado ao lazer da família, na comunidade de Aldeia Velha, em propriedade produtora de uva. Do total de 2 alqueires, ela dedica 0,6 hectares ao cultivo da fruta. Ao todo são 1.168 plantas, sendo 360 com aptidão para vinho, caso da Cabernet Sauvignon e Merlot, 638 para mesa e 170 para suco.
Sandra busca conhecimento junto ao Incaper. Segundo a produtora, a primeira colheita ocorrerá no setor das uvas Isabel Precoce, que tem desenvolvimento mais rápido. “O Cássio (extensionista) tem nos proporcionado toda assistência tecnológica e acompanhamento no dia a dia com orientações sobre cultivo, plantio, irrigação, controle de pragas, adubação e tudo que envolve o manejo da cultura”, destaca.
Turismo
Para Sandra Butke, a produção de uvas é a oportunidade de mostrar aos turistas que Guarapari não é só praia e montanha. “Estou muito otimista com o cultivo de uvas, com grande expectativa pela nobreza da cultura e devido à atividade estar atrelada à agroindústria e ao turismo rural”.
A viticultora acredita que o município se tornará destaque estadual e, a longo prazo, nacional, com produção de uva e vinho de qualidade. Para ela, muitas pessoas têm visão de que a vinicultura só é possível em locais com temperaturas mais baixas.
“Isso é uma ideia errônea. As pesquisas confirmam que a vantagem de se produzir em clima mais quente é conseguir mais de uma safra por ano. A planta vai apresentar mais vigor, vegetar mais e ter maior velocidade de maturação do fruto”, afirma Sandra. A produtora pretende criar um ponto de visitação onde os turistas vão poder colher, degustar, pesar e levar para casa a uva fresca.
1º arábica especial da Grande Vitória
Lavouras de café arábica a 490m de altitude e a 10 km do mar. Em Pau d’Óleo, zona rural de Guarapari, Sérgio Leite é pioneiro na produção de grãos especiais da espécie na Grande Vitória. Com 10 mil pés, as plantações têm pouco mais de dois anos e a expectativa da segunda safra, neste ano, é de 60 sacas, o dobro da registrada em 2020.
Ao todo são 3 ha de café com fertirrigação controlada conforme a necessidade das plantas. A água vem de represas construídas na propriedade para redução dos efeitos dos estresses hídricos da região. Nos primeiros testes com bebida, os grãos atingiram notas entre 84 e 85 pontos.






