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Um setor forte, representativo e que reivindica mudanças para continuar sendo o alicerce econômico do pais. Assim, uma multidão de produtores rurais capixabas tomou o Centro de Convenções de Vitória, na tarde desta quinta-feira (24), para debater, sugerir e pleitear melhorias para o agro.
O “1º Encontro de Lideranças do Agro com a Política Capixaba ” reuniu mais de 1.500 pessoas, foi realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes)e Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e teve como ponto chave a representatividade e aproximação do setor com políticos do estado. O governador Renato Casagrande e o ministro interino da Agricultura, Marcos Montes, marcaram presença no evento, que contou também com deputados federais, estaduais, prefeitos, secretários de Agricultura e Desenvolvimento, além de diversos representantes de entidades.
O pano de fundo de todas as manifestações foi o clamor da multidão de produtores rurais presentes, unânimes em reivindicar melhores condições da política oficial de crédito para permitir que o setor equacione os problemas advindos da combinação de fatores climáticos adversos com a retração do mercado internacional. Particularmente a situação da cafeicultura foi destacada em função de representar o principal item da agricultura capixaba.

A grande massa de público presente impressionou os oradores que se manifestaram para a atenta plateia. O presidente da FAES, Júlio Rocha, abriu a sequência de pronunciamentos falando da importância da união do setor para, de forma harmônica e organizada, fazer reivindicações. Ele entregou ao ministro da Agricultura em exercício um documento contendo os principais pleitos da categoria e informou que este material é de acesso público no site da federação.
Com a tônica das pressões das dívidas da agricultura pautando todas as conversas, o deputado federal, Evair de Mello, lembrou em sua fala que o distanciamento do setor com a política deve ser rompido, porque a política é a via única de consecução dos objetivos dos produtores.
Ele destacou a natureza árdua de uma atividade que experimenta permanente risco. “Vaca e pé de mamão não tiram férias ”, disse completando que a proximidade dos dois setores, o político com o rural, pode favorecer a relação com os legisladores entendendo melhor as circunstâncias que influenciam a atividade do campo.
O vice-presidente do Banco do Brasil, Ivandré Montiel da Silva, destacou a contribuição que a instituição ofereceu ao problema dos produtores endividados adotando medida emergencial para a cafeicultura com o reescalonamento das dívidas por prazo de cinco anos, incluído um ano de carência, com pagamento da primeira parcela em 2020 e a última em 2024.
Para os produtores que não se enquadrarem nos critérios da prorrogação o banco instituiu outra possibilidade com programa de renegociação que contempla prazos de até 12 anos, incluído três anos de carência, com encargos de 08,% a.m. mais IRP e garantias de 5% de entrada ou, no caso de não dar entrada, agregação da hipoteca.
O pronunciamento do dirigente do Banco criou manifestações isoladas de descontentamento de pessoas da plateia verbalizando que essas medidas não são suficientes porque os produtores estão descapitalizados e precisam de condições mais condizentes com a descapitalização em que se encontram.
Veemência foi a tônica da fala do presidente da Comissão de Café da CNA, Breno Mesquita. Falando também em sua condição de produtor que é familiarizado com a atividade e suas restrições, Mesquita propôs que o Governo retire 10 milhões de sacas de café do mercado, enxugando a oferta e permitindo uma recuperação das cotações.
Segundo ele, o Governo dispunha de R$ 700 milhões para financiar todas as culturas, sendo que apenas o café demandava investimentos de R$ 4 bilhões. Mesquita ressaltou que quando o Governo interfere no mercado ele consegue recuperar as cotações, fazendo uma política de regulação de estoques. Propôs que quando o mercado alcançasse o preço de referência, o Governo liberasse R$ 50,00 por saca como adiantamento ao produtor. E reiterou a função do FUNCAFÉ, ao afirmar que ele constituído exatamente para apoiar a cultura, solicitando a liberação de parte dos R$ 6 bilhões que detém para financiar o custeio da lavoura.
O superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, referiu-se às iniciativas relacionadas por Breno Mesquita como medidas voltadas ao estancamento da sangria do setor, mas simultaneamente há que se cogitar medidas de médio e longo prazo para destravar a agricultura, como maior facilidade de acesso ao crédito e menor burocracia.
Lucchi observou que o crédito rural alcançou em 2013 o montante de R$ 139 bilhões, chegando a R$ 174,69 bi em 2018, mas é necessário reduzir a burocracia, diminuir também as taxas adicionais que falseiam a taxa real para além da taxa nominal, que onera os contratos. Sobre isso alertou para um trabalho que a CNA empreende junto à Febabran no sentido de coibir a prática das operações casadas pelos bancos. Trata-se de uma ação em que os gestores dos bancos impõem outros serviços e produtos como exigências adicionais para a contratação do crédito.
Já o discurso do presidente da Confederação Nacional da Agricultura, João Martins, arrancou aplausos do público quando fez reconhecimento às medidas paliativas que o Banco do Brasil adotou para o setor rural devido aos problemas climáticos e a depressão dos preços, mas considerou-as insuficientes.
Martins exaltou também a magnitude do encontro por conseguir reunir expressiva parcela do universo da agricultura do Espírito Santo e disse que tais manifestações devem ser replicadas pelo Brasil. Ele afirmou que se elogia muito o papel do Agro na sustentação da economia brasileira, mas o setor não desfruta de um reconhecimento na prática. E estimulou o público a acreditar em um novo sindicalismo que realmente veicule as inquietações e angústias da base.

O governador Renato Casagrandeexaltou o espírito de união e mobilização que levou a multidão às dependências do Centro de Convenções e fez questão de oferecer um reconhecimento às medidas adotadas pelo Banco do Brasil no sentido de mitigar as dificuldades de adimplência dos agricultores. Reconheceu que não são suficientes, mas cabia o reconhecimento, por justiça, de que “algo foi feito. Antes não havia nada ”, prometendo, inclusive, estudar melhores condições para os bancos estaduais, Banestes e Bandes.
As manifestações do Encontro encerraram-se com a fala do ministro interino da Agricultura, Marcos Montes. O ministro identificou-se como agricultor e médico da cidade de Uberaba e afirmou que desde a indicação da ministra, Teresa Cristina, o atual Governo Federal demonstrou a importância que o setor rural encontraria nesta administração.

A ministra foi escolhida por interlocutores e autoridades reconhecidas do meio agrícola, sendo legitimada como uma pessoa realmente identificada com o setor. Ele também exaltou a expressão que o encontro das lideranças do agro com a política adquiriu ao mobilizar multidão tão numerosa.
Na sequência das falas o público foi convidado a endereçar questionamentos às autoridades com a unanimidade das perguntas relacionando-se ao problema do endividamento dos produtores. A organização do evento, devido à limitação de tempo para formulação de respostas, registrou as indagações comprometendo-se a encaminhá-las aos respectivos destinatários.




