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Botânico premiado avalia os desafios do programa de biofortificação brasileiro da Embrapa

por Redação Conexão Safra

em 15/06/2016 às 0h00

4 min de leitura

Botânico premiado avalia os desafios do programa de biofortificação brasileiro da Embrapa

Daniel Debouck

Daniel Debouck, um dos maiores especialistas em fisiologia vegetal, comentou a respeito do cenário de biofortificação de feijões no Brasil. “Eu creio que o Brasil não terá problemas com relação a adoção de feijões biofortificados. O grande desafio estará na avaliação e nos aspectos de transferência da tecnologia, pois altos níveis de micronutrientes em, por exemplo, feijões pretos e cariocas estão presentes como características internas e não externas, tornando a avaliação por parte dos consumidores mais difícil. ”
Afirma o renomado botânico belga, que em 2010 foi premiado com a medalha Frank N. Meyer, pelo seu trabalho na área de recursos genéticos ao coletar e conservar uma relevante diversidade de variedades vegetais.


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O programa de biofortificação brasileiro (Rede BioFORT) é coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), tendo como principal objetivo o fortalecimento da segurança nutricional em regiões e comunidades mais necessitadas do país. Por meio de melhoramento convencional, cultivares de arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo são selecionadas e cruzadas, sem a adesão de técnicas transgênicas, para a geração de variedades contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, combatendo assim a deficiência de micronutrientes no organismo humano, a popular fome oculta, que dentre as doenças provocadas, estão a anemia e a cegueira noturna.


O analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Meio-Norte, Marcos Jacob, também coordenador da Rede BioFORT no Nordeste, compartilha do mesmo raciocínio exposto pelo Dr. Debouck dentro da questão envolvendo identificadores internos e externos, chamando a atenção para novas experiências que vêm se destacando nos estados do Piauí e Maranhão, onde variedades biofortificadas estão correlacionando aspectos visíveis com características invisíveis. “Para o sucesso da transferência dessas tecnologias, os valores agronômicos de produtividade e precocidade parecem não ser o suficiente. Neste caso, os marcadores externos são fundamentais, como ocorre atualmente com a cor laranja da batata-doce Beauregard, o amarelo da macaxeira Jari, o verde oliva do feijão Aracê, formas de identificação visual do material, que também servem como atrativo aos consumidores. Os identificadores internos são merecedores de atenção no tocante ao sabor, tempo de cozimento e rendimento no preparo, pois a composição não há como ser identificada facilmente por quem planta ou consome essas cultivares biofortificadas ”.


Ao final de 2012, com o início das atividades de transferência de tecnologia de biofortificados no Brasil, foi possível começar a desenvolver uma aproximação com os potenciais consumidores desses alimentos. Foram alcançados resultados nas regiões nordeste, sudeste e sul do Brasil, onde a coordenadora da Rede BioFORT na América Latina e Caribe, e também pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti, destaca a implantação de 120 Unidades Demonstrativas, cujo material coletado é destinado às famílias de produtores rurais dos municípios conveniados e à merenda escolar.


A Rede BioFORT é responsável por englobar todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil. Dentre suas parcerias, está a principal, feita com a instituição de pesquisa HarvestPlus, uma aliança de instituições de pesquisa que atuam na América Latina, África e Ásia com recursos financeiros da Fundação Bill e Melinda Gates, Banco Mundial e agências internacionais de desenvolvimento. A Rede BioFORT conta ainda com projetos financiados pela Embrapa, CNPq, e diversas fundações estaduais de suporte a pesquisa.


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