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Mil e uma utilidades no campo

Seja para o transporte de insumos, equipamentos agrícolas ou lazer, as picapes leves são uma importante ferramenta para o agronegócio

por Rosimeri Ronquetti

em 31/08/2023 às 6h05

6 min de leitura

Mil e uma utilidades no campo

*Fotos: Rosimeri Ronquetti

*Matéria originalmente publicada em 19 de janeiro de 2021

Elas são ágeis, práticas e versáteis. Se saem bem sobre o asfalto e a estrada de terra. Rompem atoleiros, sobem morro e passam por espaços que carros maiores não conseguem. Por todos esses motivos, as picapes leves estão cada vez mais inseridas no agronegócio.

Prova disso são as vendas no primeiro semestre de 2020. A participação das picapes na comercialização total de automóveis e picapes leves no país chegou a 14%, a maior da década, com 107,5 mil unidades vendidas, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Enquanto as compras de carros Hatch e Sedan reduziram cerca de 43% em relação a 2019, as de picapes tiveram retração de 32% (11% a menos) e isso se deve, principalmente, à demanda do setor de agronegócio.

No mercado de veículos há 42 anos, o consultor de vendas da Fiat em Linhares, Sooretama, Rio Bananal e Jaguaré, Marinaldo Gava atende clientes do agro e reforça os dados apontados pela Fenabrave. Segundo ele, os números da Federação se repetem ano após ano há mais de duas décadas.

Exemplo disso são os dois modelos da marca que se enquadram na categoria de picapes leves, a Fiat Strada, com 90% das vendas para produtores rurais, e a Toro, com o mesmo percentual, na versão 4×4 a diesel.

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“Desde o lançamento da Strada, há 21 anos, o modelo é campeão de vendas tanto para produtores rurais quanto para empresas agrícolas. Em 2020 dobraram as vendas em relação a 2019, em nível de Brasil, mesmo com a pandemia. Isso se deve à agilidade, robustez e mecânica do carro preparada para peso e estrada de chão ”, diz o consultor.

Gava lembra que na década de 1990 era sucesso entre os produtores a Ford Pampa. O modelo deixou de ser produzido em 1995 e, na época, quem tinha a Pampa migrou para a Fiat Strada. O consultor afirma ainda que, entre os agricultores, os que mais compram picapes são produtores de café, seguidos dos de pimenta, pecuaristas, feirantes, além de produtores de mamão e coco.

A representante da Volkswagen na categoria picapes leves é a Saveiro. De acordo com o gerente de vendas da marca em Linhares, Ronaldo Adriani, das 62 unidades comercializadas em 2020, 58 foram compradas por produtores rurais, uma média de cinco unidades por mês. “É um carro que atende bem as necessidades desse público. O veículo carrega até 715 quilos, é econômico e apresenta boa estabilidade na estrada, tanto vazia quanto carregada ”, explica.

Teste drive

Há oito anos, os irmãos e sócios Reniki (33) e Ronaldo Ronquetti (39), produtores rurais de Rio Bananal, compraram uma picape Corsa modelo 1995, da Chevrolet, para ajudar na propriedade. Na época, a intenção era ficar com o veículo apenas enquanto não tinham um caminhão. Mas não foi bem assim que aconteceu. Há um ano, eles têm o caminhão e a picape também.

“Nossa intenção sempre foi vender o carro menor quando comprasse o caminhão, mas percebemos que não seria interessante. Compensa ficar com os dois. A picape é um carro com manutenção mais barata que a do caminhão e gasta menos combustível. Sem contar que ela é mais ágil, passa em qualquer estrada. Onde manobra ela, não manobro o caminhão, por exemplo, e com isso ganhamos tempo. O caminhão trabalha mais na colheita. Fora do período de safra é 85% com a picape e apenas 15% com o caminhão ”, explica Reniki.

Com capacidade para carregar 575 kg, a picape Corsa é usada para quase todas as atividades no dia a dia do campo. Carregar sacaria e ferramentas, pequenas quantidades de adubo, água e bombas costais para aplicação de defensivos, retirar pimenta colhida da roça e, às vezes, até pequenas quantidades de café, são alguns exemplos.

“As estradas na roça são apertadas, difíceis de circular, nosso terreno tem muito morro. Quando chove então fica pior ainda. O caminhão não sobe em alguns lugares, mas o carro pequeno sim. Carros desse porte são importantes e úteis demais aqui porque com ele é bem mais fácil se locomover. Muitas vezes preferimos fazer duas viagens na picape do que subir com o caminhão ”, pontua Roni.

Os irmãos trabalham com café e pimenta-do-reino em um terreno de 21 hectares, localizado no distrito de São Francisco, a 8 km da cidade. Apenas cerca de 20% propriedade é plana.

 

Cafeicultor e produtor de pimenta-do-reino e hortaliças das mais variadas, no Sítio São José, comunidade São Brás, em Rio Bananal, há dez anos o casal Natalino José Pinto (40) e a mulher, Aline Dalla Bernardina (44), decidiram comprar uma picape Strada já com destino certo: transportar mercadorias para vender na feira.

Natalino conta que já pensava em comprar um carro. Quando surgiu a possibilidade de trabalhar na feira, optou por uma caminhonete leve, e não se arrepende. Se pudesse comprar outro carro hoje seria o mesmo, porém, mais novo.

“Ela serve tanto para o lazer, fazer a feira e muitos outros serviços na roça. Usamos para tudo. Se eu pudesse hoje trocar, compraria outra, de um modelo mais novo ”, diz o produtor, que está sem fazer feira desde o início da pandemia.

Alguns itens que levam para feira são leves, outros, porém, mais pesados como aipim, milho verde, coco seco, banana e laranja. Portanto, para conseguir levar tudo o que produzem foi preciso adaptar uma carroça no carro. Mesmo assim, Natalino conta que nunca ficaram parados, nem mesmo em períodos de chuva.

“Já saímos daqui carregados, sob muita chuva, e nunca ficamos na estrada, nunca paramos por causa de lama. O carro ia lotado, a carrocinha também, e dentro só tinha espaço para mim e Aline ”, acrescenta o agricultor. Outro ponto positivo, segundo ele, é o baixo consumo de combustível, mesmo quando anda com o carro carregado.

Outro defensor das picapes leves é o produtor Elailson José Armani (52). Há 32 anos, ele usa caminhonete desse porte para os serviços da roça e para lazer, dependendo de onde vai.

“O segmento veio para ficar. Sou produtor, tenho a Fiat Strada e uso todos os dias na roça, e às vezes para passeio. Por ser menor é mais fácil para entrar no meio da roça com ela. Onde uma picape média, por exemplo, não entra, ela vai. É um carro mais ágil, bom para peso, e fácil de estacionar quando preciso ir na cidade ”, relata Armani, que mora em Linhares e tem fazenda de café e pecuária em Jaguaré.

 

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