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Tecnologia

“Cada quilo plantado, me rendeu 60 quilos de feijão biofortificado”, afirma produtor mineiro.

Seu Wagner Campelo é mais um agricultor a adotar os cultivos biofortificados na região Sudeste.

por Redação Conexão Safra

em 24/07/2017 às 0h00

4 min de leitura

“Cada quilo plantado, me rendeu 60 quilos de feijão biofortificado”, afirma produtor mineiro.

A produção de alimentos biofortificados no estado de Minas Gerais começa a crescer no pequeno município de Santana de Pirapama, onde até 2006, o número de habitantes era pouco mais do que oito mil. Um desses moradores, o produtor Wagner Campelo (48 anos) recebeu, recentemente, sementes de feijão biofortificado para plantio em sua propriedade.


“Ao todo, minha área tem dois hectares, portanto, separei um pedaço da minha propriedade para produzir essa variedade de feijão. A produtividade foi boa, pois para cada quilo que plantei, tive um retorno de 60 quilos de feijão biofortificado. ”


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A região costuma ser conhecida pela forte produção de quiabo e pela presença atuante do extensionismo, por meio de instituições como a Emater. Cultivos mais básicos para a alimentação também vêm sendo difundidos entre os produtores locais, pois muitos deles estão sendo inseridos em programas públicos de venda à merenda escolar.


O coordenador regional da Emater-MG em Sete Lagoas, Walfrido Albernaz, conta que procura sempre estimular os agricultores a se organizarem para que tanto o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) quanto a agricultura familiar saiam fortalecidos em Minas Gerais.

“A Emater-MG sempre possui parceria com prefeituras. Temos também parceria com a Prefeitura de Jequitibá, no que diz respeito a venda para merenda escolar, assim, procuramos dar o suporte necessário às cooperativas. ”

Boa parte do mérito pela crescente transferência de tecnologia em Minas Gerais é graças a Embrapa Milho e Sorgo, centro de pesquisa da empresa agropecuária nacional localizado em Sete Lagoas. José Heitor Vasconcellos, que é jornalista da Embrapa Milho e Sorgo e também um dos responsáveis pelas ações de transferência de tecnologia do projeto de biofortificação no Sudeste, acredita que o trabalho de difusão é constante e para isso vem ampliando o número de parceiros pelo estado.

“Estamos continuando a multiplicar, principalmente, feijão e milho. A região de Santana de Pirapama é muito forte em extensionismo e, agora, conseguimos ter cerca de mil agricultores familiares com acesso aos cultivos biofortificados na região do Vale do Jequitinhonha. ”

Sudeste ganha novo parceiro no Rio de Janeiro

O estado do Rio de Janeiro também tem ajudado a aumentar a força de trabalho na região Sudeste. A Embrapa Agroindústria de Alimentos, situada na cidade do Rio de Janeiro, assinou um convênio com a Cooperativa de Pescadores e Agricultores Organizados (COOPAFO), do município de Araruama, para a transferência de variedades biofortificadas. O engenheiro de produção, Leandro Leão, é quem articulou a parceria e mantém a expectativa de que a Região dos Lagos passe a ter seu potencial produtivo mais explorado pela Embrapa e pela comunidade agrícola local

Mais sobre a biofortificação

A biofortificação consiste em um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivos. O processo também é conhecido como melhoramento genético convencional. No melhoramento genético convencional uma planta é cruzada com outra da mesma espécie, não ocorrendo incorporação de genes de outro organismo ao genoma da planta, sendo necessário a realização de repetidos cruzamentos até atingir o cultivar melhorado desejado. Somente na transgenia ou engenharia genética é que se incorporam genes de outro organismo no genoma da planta.


Mais sobre a Rede BioFORT

A Rede BioFORT é responsável por englobar todos os projetos de biofortificação de alimentos no Brasil, sendo atualmente coordenada pela Embrapa. Dentre suas parcerias, está a principal, feita com a instituição de pesquisa HarvestPlus, uma aliança de instituições de pesquisa que atuam na América Latina, África e Ásia com recursos financeiros da Fundação Bill e Melinda Gates, Banco Mundial e agências internacionais de desenvolvimento. A Rede BioFORT conta ainda com projetos financiados pela Embrapa, CNPq, e diversas fundações estaduais de suporte a pesquisa. A partir da utilização da técnica de melhoramento genético convencional, é selecionado e aumentado o conteúdo de micronutrientes dos seguintes cultivares: arroz, feijão, batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, abóbora e trigo. Novas culturas são geradas contendo maiores teores de pró-vitamina A, ferro e zinco, fortalecendo assim o combate à deficiência de micronutrientes no organismo humano, a popular fome oculta, que dentre as doenças provocadas, estão a anemia e a cegueira noturna. A Rede BioFORT não trabalha com alimentos transgênicos.

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