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Terreiro suspenso móvel é novidade no pós-colheita de café no ES

Produtores das Montanhas Capixabas testam eficiência da seca dos grãos na busca por agregação de valor a nanolotes de especiais

por Leandro Fidelis

em 21/03/2024 às 0h03

4 min de leitura

Terreiro suspenso móvel é novidade no pós-colheita de café no ES

Luciano Dazilio Delpupo construiu três terreiros suspensos móveis em tamanhos diferentes. (*Fotos: Divulgação)

Matéria publicada originalmente em 05/06/2020

Quem produz cafés de qualidade sabe da dificuldade de controlar a temperatura no pós-colheita conforme as variações do tempo. Foi pensando nisso que cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo desenvolveram terreiros suspensos móveis para a secagem dos grãos na safra de 2020. A ideia é testar a eficiência do sistema para obtenção de qualidade em nanolotes de café arábica.

Em Vila Pontões, distrito de Afonso Cláudio, Luciano Delpupo e Theodoro Stein investiram na novidade já implantada em Vieiras (MG). O modelo, que lembra um “beliche ”, com terreiros de até cinco andares, é semelhante ao sistema de gavetas usado por cafeicultores da América Central e também aos secadores de cacau nas regiões produtoras da Bahia. A facilidade está no deslocamento do terreiro para áreas sombreadas quando a temperatura a céu aberto estiver acima da desejada para a seca dos grãos.

Delpupo conheceu o sistema por meio de grupos de troca de mensagens. O produtor construiu três terreiros móveis, sendo o maior com 3m de comprimento, 1,30m de largura e 80cm de altura, utilizando madeira, tela e cobertura de sombrite.

Segundo o cafeicultor, a estrutura maior custou em torno de R$ 150,00, mas o preço cai para quem tem madeira em casa.

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“Quando fiz o terreiro móvel, o povo falou que eu era doido (risos). Com o sistema de rodinhas, a manipulação é mais fácil e precisa de apenas uma pessoa para deslocá-lo entre o terreiro e o galpão, geralmente minha esposa, Josane Braga ”, diz Delpupo.

 

Marketing

A novidade vai refletir na agregação de valor ao café produzido no sítio, aposta o cafeicultor.

“Um comprador internacional ofereceu mais pelo café, que é todo produzido em processo natural. O terreiro móvel foi um marketing para os negócios ”.

Conhecido na região como “Professor Pardal ”, o cafeicultor Theodoro Stein construiu um terreiro suspenso móvel de cinco andares com pneu de carriola. Um verdadeiro arranha-céu dentre as estruturas para pós-colheita na propriedade com altitudes entre 800m e 930m.

O sistema de Stein foi feito em 2019 sobre roda de carriola e conta com cinco gavetas, sendo só a mais alta fixa, que serve para travar o terreiro.

O cafeicultor conta que ingressou na produção de café de qualidade há cinco anos. De acordo com ele, o terreiro móvel vem garantindo um café mais limpo e equilibrado.

A mulher do produtor, Mara Fábia Delpupo, é quem faz o controle da temperatura para obtenção de cafés de excelência.

“O terreiro suspenso não dá fungo ou sujeira, e o café fica mais equilibrado. Respeito muito a higiene dos grãos e há três anos não jogo químicos na lavoura. Tento fazer um café na roça que chegue mais limpo na xícara de quem vai tomá-lo ”, diz Theodoro Stein.

 

 

Desafio é secagem em escala maior, diz especialista

O Q-Grader Rafael Marques vê com bons olhos a iniciativa dos cafeicultores de Vila Pontões (Afonso Cláudio) e afirma que a ideia é testar a secagem dos grãos em cada andar do terreiro suspenso, avaliando qual tem melhor desempenho.

“O sistema é novo em pós-colheita de café no Espírito Santo. O terreiro móvel contribui para colocar o café numa área com temperatura mais baixa e controlar o tempo. Em terreiros cobertos, os produtores não têm condições de baixar a temperatura em tempo hábil e podem perder o ‘time’ da secagem ”, avalia Marques.

Para o Q-Grader, o desafio é replicar o sistema móvel em escala de secagem maior, uma vez que a capacidade de seca dos terreiros citados não é para grandes volumes, apenas para nanolotes de café.

“Dar este primeiro passo para sair do convencional é o caminho para entender como serão os resultados daqui em diante. Nestes cinco andares [sistema de Theodoro Stein], sem variação de matéria-prima, é preciso acompanhar o desempenho da seca em cada altura do terreiro sob exposição solar ”.

(*Foto: Leandro Fidelis/Arquivo Safra ES)

 

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