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*Matéria publicada originalmente em 25/03/2020*
A produção de hortaliças em larga escala no Espírito Santo é diretamente associada aos municípios localizados nas regiões sul e serrana, com temperaturas mais amenas. Contrariando essa perspectiva, Admar Francisco Costa de Azevedo, de Pinheiros, no extremo Norte capixaba, trabalha há mais de 20 anos com horticultura para fins comerciais.
Natural de uma região onde a pecuária e a cafeicultura predominam, Admar aprendeu trabalhar com horticultura e perceber ser atividade rentável ainda muito jovem em uma propriedade do município. Há 23 anos, desde que comprou cinco hectares de terra no Córrego do Suzinho, destinou 2,5 hectares ao cultivo das hortaliças e nunca mais parou.
O agricultor, que também é formado em Administração Rural, cultiva alface Americana, Crespa e Lisa, salsa, cebolinha, coentro, couve, rúcula, taioba e brócolis. Noventa e cinco por cento da produção de alface e cerca de 80% das demais culturas são livres do uso de herbicidas. O combate das pragas é feito por meio de produtos biológicos.

O serviço, desde a limpeza do terreno, passando pelas sementeiras, plantação, colheita e venda, é todo feito em regime de agricultura familiar por Admar, a mulher e dois filhos, com a ajuda de um funcionário.
Ouça Admar contando sua experiência!
Cultivo e comercialização
Toda semana são colhidos cerca de 2.500 pés de alface, 3.500 unidades de tempero verde, entre cebolinha, coentro e salsa, e em média mil amarrados de couve. Além de brócolis, couve-flor, rúcula e taioba, quando estão em época de colheita. Coentro, salsa, cebolinha, alface, taioba e brócolis são produzidos durante todo ano. Já a couve e a rúcula, só nos períodos mais frescos.
Parte da produção é entregue em supermercados e quilões de Pinheiros e São Mateus. A outra parte é comercializada diretamente pela família Azevedo em feiras livres de Pinheiros e Montanha. E o restante da produção é vendido para feirantes e supermercadistas de Aimorés, no leste de Minas, que vão até o Sítio Azevedo em busca dos produtos para revender.
Admar acredita que o fato de produzir hortaliças em uma região quente e seca só é possível porque conhece as técnicas de plantio e não desanima frente aos desafios.
“Nossa região é quente e, tecnicamente falando, as pessoas têm dificuldades em produzir. Só consigo porque conheço as técnicas de plantio e o mais importante, tenho perseverança ”, salienta.

Rentabilidade supera os ganhos com o conilon
Além da horta, Admar também tem no sítio 9.000 pés de café conilon produzindo no sistema de parceiro/meeiro. Mas o que garante o sustento da família é a horticultura. O lucro mensal, segundo o produtor, gira em torno de R$ 8 mil.
“O ciclo de produção da hortaliça rápido é o que mantém a casa. Todo mês tem dinheiro. É também graças ao retorno financeiro da horta que posso esperar um preço melhor para vender o café ”, diz o agricultor.
Prova do que Admar diz está na casa onde mora, no carro usado nas entregas, no galpão com lavador usado para separação e higienização das folhagens- bem diferente de anos atrás-, e no trator que conseguiu comprar.
“Oitenta por cento das melhorias nas condições de trabalho e qualidade de vida para minha família, consegui fazer com a renda da horta, só 20% são retorno do café ”, enfatiza.

Trabalho árduo e muita dedicação
Mas tudo isso tem um preço. O trabalho na horta acontece cerca de 12 horas por dia, durante toda semana, sem descanso. Folga, só duas vezes no mês, quando pai e filho revezam nos finais de semana. “É muito trabalhoso, cansativo e exige muita dedicação, não tem tempo nem para o lazer. Mas por outro lado é muito prazeroso, uma satisfação muito grande ver as plantas crescerem ”, declara.
O produtor diz que outra dificuldade encontrada diariamente é a falta de matéria orgânica de qualidade na região e de mão de obra. Sempre precisa de um reforço na produção e o clima está cada vez mais quente. Entretanto, mesmo diante de tantos entraves, o produtor gosta muito do que faz. “Entre o café e a horta certamente ficaria com a segunda ”.





