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Movimento da qualidade do café integra o Rio de Janeiro

Felipe Medeiros toca a produção de cafés especiais na Fazenda Pinheiro. (*Fotos: Divulgação)

Matéria publicada originalmente 24/01/2020

Produtores da faixa limítrofe entre Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais estão protagonizando, no primeiro Estado, um movimento integrado com o Caparaó na ascensão da qualidade dos cafés. É crescente o número de cafeicultores neste mercado nos últimos dois anos no Estado fluminense.

Um exemplo é o de Felipe Medeiros (31), de Varre-Sai (RJ), no noroeste fluminense, município que faz divisa com Guaçuí, no sul capixaba. O cafeicultor é proprietário da Fazenda Pinheiro, uma construção de 1870, na localidade de Prata, onde produz o Café Pinheiro, vendido na propriedade e através das redes sociais.

Medeiros começou no mercado de especiais há cerca de dois anos com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RJ) e do Emater/RJ.A ideia sempre foi produzir cafés com o mesmo padrão de qualidade da região vizinha do Caparaó, onde os produtores vêm se destacando ano a ano com prêmios nacionais e aguardam a chancela da Indicação Geográfica para alavancar ainda mais os negócios.

“Para nós é um sonho chegar ao padrão de qualidade do Caparaó. Aqui é mais complexo, não temos muita altitude e o clima é mais quente ”, diz Felipe.

A produção é restrita a microlotes de arábica. Em 2018, foram apenas duas sacas e apenas uma no ano passado.

“A expectativa está melhor para este ano. Já deu muito problema no início, mas o café está mais igual na lavoura e o clima está ajudando ”, avalia o cafeicultor.

Felipe Medeiros aposta na troca de informações e na ampliação da rede de contatos para alavancar os negócios. Além disso, aproveita a vocação da propriedade centenária para o turismo rural.

“Dinheiro ainda não vi, mas estou tendo oportunidades de viajar, conhecer gente do ramo e realizando investimentos em estrutura na fazenda. O turismo rural é um chamariz na propriedade ”.

O Rio de Janeiro tem na cafeicultura uma capacidade de geração de emprego e renda, com mais de 300 mil sacas por ano. Ao todo são cerca de 2.400 cafeicultores naquele Estado, segundo a Secretaria de Agricultura.

A sede antiga da fazenda foi construída em 1870.

 

Varre-Sai é destaque em concurso estadual

Em novembro passado, o município Varre-Sai se destacou no 3º Concurso de Cafés Especiais do Estado do Rio. Dos nove finalistas, sete são da região noroeste fluminense, sendo o maior produtor estadual por trás dos três melhores cafés.

Um dos vencedores do concurso foi o produtor Fabiano Antônio de Oliveira Rodolphi do Sítio Vai e Volta- na categoria Via Úmida (despolpado)- que obteve 84,81 pontos, ficando com o 2º lugar. Esta também foi a segunda maior nota do concurso, com a saca do café comercializada no valor de R$ 4.500,00.

O café da produtora Alyne Chryslla Silva de Almeida Rodolphi, da mesma propriedade, também obteve sucesso na categoria Via Úmida. A produtora ficou com a 5ª colocação com 82,56 pontos, com a saca vendida a R$ 2.700,00 para o Grupo Três Corações.

“Mais uma vez nós do Sítio Vai e Volta ficamos entre os finalistas nos concursos de café do Estado do Rio. Isto é algo que nos traz muita alegria, pois é o reconhecimento de um trabalho feito com muita dedicação e amor ao longo dos anos. É a comprovação que estamos trilhando o caminho certo ”, disse Fabiano Rodolphi.

No Sítio Vai e Volta, os irmãos Fabiano e Fidélis, juntamente com as esposas Maria Auxiliadora e Chryslla trabalham o café da semente à xícara, com a produção de mudas de café, lavoura e microtorrefação de café.

“Agradecemos primeiro a Deus pela graça alcançada e à nossa família, que trabalha firme e unida diariamente. O prêmio foi possível porque cada um contribui um pouco. Agradeço ainda a Emater-Rio, ao Sebrae e Caparaó Júnior, que prestam assistência técnica ao Sítio ”, afirmou o produtor Fidélis Rodolphi.

Outro produtor de Varre-Sai que teve destaque no concurso foi Geraldo Vargas de Moraes, do Café Vargas (Fazenda Ribeira e Soledade). Ele obteve 83,38 pontos na categoria Via Seca (Natural), ficando em 3º lugar. A saca foi comercializada por R$ 2.200,00.

“A participação no concurso é mais um motivo para se buscar a qualidade do café. Particularmente, 2019 foi complicado para se produzir café de qualidade, devido a vários fatores, principalmente os climáticos ”, destaca Sérgio Vargas, que representou o pai Geraldo.

 

Ainda segundo o cafeicultor, a colocação do seu café como um dos melhores do Estado do Rio mostra o resultado de um trabalho iniciado em 2011 na fazenda. “É um trabalho levado a sério, que é a produção de café de qualidade, envolvendo toda a família e mais uma equipe de vinte meeiros que, com muito esforço, têm ajudado nesse sucesso ”, completou.

A Fazenda Ribeira e Soledade nos últimos 20 anos participou de vários concursos todos com posição de destaque, sendo que em 2009 foi criado o Café Vargas que é uma marca consolidada em todo o estado no fornecimento de cafés especiais.

“É muito importante a participação do município no 3º Concurso de Cafés Especiais, mostrando que nossos cafeicultores estão interessados em melhorar a qualidade de nosso maior produto ”, concluiu o prefeito de Varre-Sai, Silvestre Gorini.

O evento foi uma realização do Sebrae, Emater-Rio, Cooperativa de Café do Norte Fluminense Ltda (Coopercanol), Associação de Cafeicultores o Estado do Rio Janeiro (Ascarj), com apoio das Secretarias de Estado de Agricultura e Desenvolvimento Econômico. (*Com informações da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Varre-Sai)

Sobre o autor Leandro Fidelis Formado em Comunicação Social desde 2004, Leandro Fidelis é um jornalista com forte especialização no agronegócio, no cooperativismo e na cobertura aprofundada do interior capixaba. Sua trajetória é marcada pela excelência e reconhecimento, acumulando mais de 25 prêmios de jornalismo, incluindo a conquista inédita do IFAJ Star Prize 2025 para um jornalista agro brasileiro. Com experiência versátil, ele construiu sua carreira atuando em diferentes plataformas, como redações tradicionais, rádio, além de desempenhar funções estratégicas em assessoria de imprensa e projetos de comunicação pública e institucional. Ver mais conteúdos