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De olho nas mudanças climáticas, produtor investe em cultivos semi-hidropônicos

Produtor de morango de Venda Nova do Imigrante foi o primeiro da região a utilizar o sistema

*Fotos: Divulgação

Matéria publicada originalmente 09/01/2020

O desafio de produzir morangos em qualquer época do ano, enfrentando principalmente o calor intenso de épocas mais quentes, levou um produtor de Alto Caxixe, distrito de Venda Nova do Imigrante, na região serrana capixaba, a investir em plantios semi-hidropônicos. Gilberto Carlos Gagno, o “Gil ”, conseguiu diminuir a incidência de doenças e valorizar o produto no mercado após optar pelo sistema. No entanto, ele destaca a necessidade de pesquisas sobre novas variedades mais adaptadas à nova realidade climática.#

Gagno resolveu apostar no morango semi-hidropônico há três anos. Ele conta que foi o segundo produtor da região a utilizar o sistema. Os primeiros plantios ocorreram em 2017. Em julho do ano passado, os cultivos foram renovados com a introdução de 5.000 mudas suspensas.

Segundo o produtor, a troca deve ser feita a cada dois anos. A produção de morangos de semi-hidroponia só tem dois anos e atingiu de 1,5 kg a 1,8 kg por pé na última safra.

Os cultivos semi-hidropônicos utilizam bancadas entre 60 e 80cm de altura, dependendo do terreno. A cada novo plantio, renova-se o substrato, que segura a umidade dos pés de morango por mais tempo. “Só na água, no sistema hidropônico completo, as frutas perdem o sabor ”, avalia Gil Gagno.

O produtor ainda produz morango no chão e faz questão de ressaltar que há dez anos não usa agrotóxico em larga escala, só no caso de doença, com carência de um dia entre as aplicações.

“No sistema semi-hidropônico utilizo menos ainda. Posso garantir que 80% do meu produto é natural ”.

A variedade Álbio predomina nos plantios com produção o ano todo. Segundo Gagno, esse morango suporta mais o calor no verão, quando colhem-se frutas mais doces e suculentas.

“Enquanto no campo, o morango pega sol direto e não da fruta, na estufa o efeito da luz diminui, e os cultivos ficam protegidos da chuva e de doenças. O custo é mais alto, porém consigo vender acima do valor de mercado ”, diz.

Com duas décadas na atividade, Gil Gagno quer testar novas variedades para melhorar a produtividade. Para o produtor, as variedades atualmente disponíveis no mercado não acompanharam as mudanças climáticas do período. “Tem que ter mais pesquisa encima do morango. O que temos é qualidade de vinte anos atrás. A temperatura está aumentando ano a ano, e as atuais variedades, ficando fracas ”.

*Esta matéria faz parte do Anuário do Agronegócio Capixaba, disponível aqui na íntegra!

Sobre o autor Leandro Fidelis Formado em Comunicação Social desde 2004, Leandro Fidelis é um jornalista com forte especialização no agronegócio, no cooperativismo e na cobertura aprofundada do interior capixaba. Sua trajetória é marcada pela excelência e reconhecimento, acumulando mais de 25 prêmios de jornalismo, incluindo a conquista inédita do IFAJ Star Prize 2025 para um jornalista agro brasileiro. Com experiência versátil, ele construiu sua carreira atuando em diferentes plataformas, como redações tradicionais, rádio, além de desempenhar funções estratégicas em assessoria de imprensa e projetos de comunicação pública e institucional. Ver mais conteúdos