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Como obter lucratividade com citros?

A colheita de diferentes variedades de tangerina começou em agosto na propriedade de José Rubens Zandonadi (foto) e irmãos, na divisa entre Venda Nova e Domingos Martins.(*Fotos: Leandro Fidelis)

*Matéria publicada originalmente em 02/10/2019*

 

A citricultura é sinônimo de renda certa para agricultores capixabas no período da entressafra do café. Em algumas regiões do Espírito Santo, a colheita prolongada mantém os pomares de tangerina Ponkan e limão Tahiti carregados fora de época. E devido à qualidade das frutas, é possível comercializar citros com valor acima do habitual.

Segundo o pesquisador do Incaper, Maurício Fornazier, enquanto regiões mais baixas como Melgaço e Biriricas, em Domingos Martins, apresentam potencial de irrigação para produzir Ponkan entre março e abril, em localidades acima de 900m de altitude como Venda Nova do Imigrante, o uso de porta-enxerto irrigado e técnicas eficientes de manejo prolongam a safra até novembro. Em geral, a safra da tangerina ocorre entre maio e julho.

Neste último município, a colheita das tangerinas maduras e com melhor aparência para conquistar o consumidor evitao estresse nas frutas ainda não colhidas e garantecolheita tardia.

É o caso do produtor e agrônomo José Rubens Zandonadi e irmãos, na Fazenda São Lourenço 2, em Peçanha, a 9 km do centro. A colheita de diferentes variedades de tangerina começou em agosto.

As plantações estão localizadas a 1.100m de altitude e, neste inverno, a temperatura ficou entre 18 e 20 graus, clima bom para manter os 8.000 pés saudáveis. Os agricultores procuram usar menos defensivo possível, aproveitando a palha do café e adubo formulado, além de combater a mosca das frutas com armadilhas de garrafa Pet.

O resultado são frutas de alaranjado intenso, formato grande e bastante suculentas para serem consumidas in natura. “A gente observa que tanto o café amarelo quanto a tangerina alaranjada são sinal de que está na hora de colher. ”, afirma Zandonadi, que cita a parceria com o Incaper e o Ifes.

A produção da propriedade fica em torno de 5.000 caixas de tangerina por ano, com média de produtividade de 3,5 caixas por pé. Os cultivos dividem espaço ainda com abacateiros e arábica.

 

Os produtores utilizam a mão de obra ociosa após o fim da safra do café e estabelece padrões de frutas de acordo com a necessidades dos compradores, dentre ambulantes, atravessadores, feirantes e Ceasa. O valor médio da caixa chegou a R$ 20.

A sorte também contou para o sucesso dos negócios. Segundo José Rubens, após pesquisar variedades de boa produtividade e de colheita tardia, encontrou no próprio quintal pés de tangerina Ponkan, com porta-enxerto da variedade Cleópatra, com cerca de 40 anos. São frutas mais doces, que são colhidas até depois de setembro.

Qualidade

A previsão dos especialistas é de safra de Ponkan menor este ano, mas com ótima qualidade. Na localidade de Boa Esperança, zona rural de Marechal Floriano, Lucilia Littig e o marido Alípio Klippel, por exemplo, cultivam 8.000 pés de tangerina, colhendo-se 600 caixas por dia em 5 hectares.

Apesar da previsão de safra de 7.000 a 8.000 caixas de 20 kg este ano (cerca de 7.500 a menos que em 2018), o casal colheu frutas mais bonitas e padronizadas para o mercado, alcançando melhor preço nas vendas: a caixa foi comercializada entre R$ 25 e R$ 30.

Para o técnico Sebastião Gomes, a qualidade da Ponkan produzida nas montanhas capixabas se deve à coloração superior.

“É uma coloração que faz qualquer pessoa comer com os olhos e pagar um preço maior ”, avalia.

 

Alta produtividade com limão Tahiti em Itarana

O município de Itarana apresenta a melhor média de produtividade do Estado com o limão Tahiti. De acordo com o agrônomo Jean Daré, do Incaper Centro-Serrano, são 22 toneladas por hectare. Só a título de comparação, a média do Estado de São Paulo é de 25 toneladas/ha.
O clima favorável da região e a introdução de tecnologias contribuem no resultado final. E um único produtor colheu 46 toneladas por hectare em 2018. É Rodnei Covre, na atividade desde 1996.

Para o produtor, o clima quente da região permite aproveitar melhor a janela de mercado, principalmente entre setembro e novembro, quando a caixa é vendida por até R$ 82,00. No entanto, entre janeiro e abril o preço diminui.

“O limão Tahiti é rentável, pois 98% do mercado de citrus o consome, pois tem casca verde, muito caldo e não tem semente na polpa. Temos altos e baixos como em qualquer atividade agrícola, principalmente depois da seca de 2014, mas produzir limão é satisfatório ”, atesta Covre.

Para Jean Daré, em qualquer cultura agrícola, o produtor tem que buscar produtividade com menor custo possível para buscar competitividade. “Assim, ele vai aumentar o valor embutido e encaixá-lo em época de menor oferta do produto de outros Estados. Citros é fruta que tem que ter bom visual, ser bem vista ”, destaca.

Entre as inovações nos cultivos em Itarana está um método desenvolvido pelo agrônomo que permite marcar a florada do limão Tahiti para aumentar a produção. Ele diz que aglutinou conhecimento básico após observar a falta de nutrição, poda e irrigação específicas para a cultura.

*Divulgação

Norte se destaca com citros-Os municípios de Pinheiros, Sooretama, Linhares e São Mateus também vêm se destacando com a produção de citros. Neste último, por exemplo, a produção de limão siciliano atende o nicho de mercado gourmet, devido a seu potencial na gastronomia. O empreendimento Belofruit é um exemplo.

Sobre o autor Leandro Fidelis Formado em Comunicação Social desde 2004, Leandro Fidelis é um jornalista com forte especialização no agronegócio, no cooperativismo e na cobertura aprofundada do interior capixaba. Sua trajetória é marcada pela excelência e reconhecimento, acumulando mais de 25 prêmios de jornalismo, incluindo a conquista inédita do IFAJ Star Prize 2025 para um jornalista agro brasileiro. Com experiência versátil, ele construiu sua carreira atuando em diferentes plataformas, como redações tradicionais, rádio, além de desempenhar funções estratégicas em assessoria de imprensa e projetos de comunicação pública e institucional. Ver mais conteúdos