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Associação quer tornar Marataízes polo produtor de peixes ornamentais no ES

Grupo de 22 produtores se uniu para transformar a cidade, maior produtora de abacaxi do Estado, em polo referência no mercado de peixes ornamentais

por Alissandra Mendes

em 14/12/2023 às 6h27

5 min de leitura

Associação quer tornar Marataízes polo produtor de peixes ornamentais no ES

*Fotos: Alissandra Mendes/Conexão Safra

*Matéria publicada originalmente em 20/06/2022*

Município maior produtor de abacaxi do Espírito Santo, Marataízes pode se tornar também um grande polo produtor de peixes ornamentais. É o que deseja um grupo de 22 produtores que, juntos, criaram a Associação dos Produtores Familiares de Peixes Ornamentais do Litoral Sul Capixaba (Aprofapol-Sul).

A atividade é recente na cidade, e os produtores seguem em busca de conhecimento para garantir uma melhor produção dos peixes ornamentais. Para o presidente da Aprofapol-Sul, Fábio Serafim, a piscicultura é uma forma de diversificar as atividades nas propriedades. A maior parte delas está localizada em Capinzal, no interior de Marataízes.

“Fazemos as ações juntos e procuramos o aperfeiçoamento da produção. O grupo de apoio está sempre fornecendo suporte e isso foi o suficiente para nos engajarmos na atividade. Montamos a associação e estamos na fase final para conseguir o CNPJ, que é um passo importante. Nosso modelo de negócios é somativo”, comenta.

Dos 22 produtores que compõem o grupo, nove estão produzindo. A estimativa da associação é de que, em um futuro próximo, a produção gire em torno de 100 mil peixes por semana. Eles serão comercializados em Vitória, Cachoeiro de Itapemirim e Piúma. “Temos um Centro de Distribuição em Itapemirim, que distribui toda essa produção. O responsável pelo espaço também é um associado, só não produz”, pontua o presidente.

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A Aprofapol-Sul abrange produtores de Marataízes, Itapemirim, Presidente Kennedy e Piúma e busca envolver as famílias na atividade. Os produtores associados contam com a orientação do Ifes de Piúma, por meio do coordenador do Laboratório de Aquicultura Ornamental (Laor), Rodrigo Pereira, e consultoria do engenheiro agrônomo e produtor de peixes ornamentais, Sérgio João Paiva.

“Temos mais de 400 variedades de peixes ornamentais para produzir. Na associação, produzimos: betta, paulistinha, plati, molinésia, espada, tricogaster, colisa, telescópio, japonês, carpa, acará bandeira e ramirezi. Cada produtor produz cinco variedades ou espécies. O objetivo é atingir 40 produtores e termos 200 espécies diferentes”, afirma Sérgio.

Quanto ao clima, o consultor explica que em Marataízes ele é ideal. “O modelo desenvolvido aqui é o mesmo da Polônia. Apenas nos adaptamos e procuramos algumas melhorias. São pequenas áreas, com baixíssimo consumo de água e alta produção. A produção de peixe ornamental tem um baixo investimento e um retorno muito rápido”, garante o engenheiro agrônomo.

Preocupação com o meio ambiente

As caixas de reprodução dos peixes são feitas com bambu, papelão e lona. A ideia de utilizar material reciclado na atividade foi justamente para não provocar impacto ambiental nas propriedades. “Conseguimos fazer um controle orgânico mantendo uma área longe uma da outra, sem risco de levar doenças para os peixes. Quanto às matrizes, temos o cuidado de buscar sempre as de melhor qualidade”.

Além dos materiais reciclados, os produtores montaram as estruturas próximas às áreas de produção de outras atividades. A medida adotada serve para reutilizar a água utilizada com os peixes ornamentais.

“A água residuária, que tem nas propriedades, é pouca, pois o sistema é estático. Por isso, essa água é destinada para fazer fertirrigação. Com isso, não precisa adubar a horta ou qualquer outro tipo de produção com produto químico. É importante essa integração, ou então a água seria jogada no meio ambiente e causaria impacto”, explica o professor do Ifes, Rodrigo Pereira.

Integração com o Ifes de Piúma

Para Rodrigo, a produção em Marataízes vai garantir aos alunos do Ifes um processo de ensino prático, que contribuirá para sua formação. “O aluno precisa ter um mercado para atuar. As áreas de piscicultura são distantes, e esse aluno não quer ir para longe. Então, tentamos estreitar essa relação da escola de ajudar ao fomento da piscicultura na região, pois é um local para onde podemos levar nossos alunos para visita técnica. O aluno pode estagiar e, futuramente, trabalhar ou empreender na área”, conta.

O trabalho junto à associação, diz o professor, é de extensão. ”A escola tenta fornecer alguma informação que falta. Buscamos algum detalhe na literatura recente, que possa auxiliá-los com relação à qualidade de água, novas espécies e também pesquisa. Se o produtor nos demandar, precisamos que o peixe tenha a cor rosa, pois o mercado quer essa cor. Então, vamos fazer um trabalho na escola para buscar esse melhoramento genético para atender a esse produtor”, continua o professor.

Os alunos do Ifes trabalham buscando soluções para os problemas apresentados pelos produtores. “Chegamos na melhor forma de descarte da água dessas propriedades, que é a fertirrigação. Quando nos apresentam um problema de doença nos peixes, buscamos formas de como tratar. Tentando sempre dar esse apoio e buscando sempre fomentar nossas pesquisas para atendê-los”, completa Rodrigo.

*A reportagem completa estará em destaque na edição nº 51 da Revista Conexão Safra!

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